Diário de Bordo - Circus of 1,000 Faces(Portuguese)
Em homenagem aos 15 anos da participação
da Picolino na turnê do Circus of 1,000 Faces, resolvi digitalizar o Diário de
Bordo completo da viagem. Vejo o quanto crescemos nos últimos anos. O texto
original foi 100% mantido, o que pode nos deixar zangados de vez em quando.
Caso algum dos envolvidos deseje ter algum trecho do diário removido, basta
entrar em contato comigo. Também adoraria poder incluir fotos. Deixei todos os
meus álbuns no Brasil – naquele tempo, ainda não usávamos câmeras digitais ou
smartphones. Caso algum dos envolvidos tenha alguma foto desse período, me
mande por email que eu incluo aqui. Caso se saiba o dia exato ou a cidade onde
a foto foi tirada, posso editar a imagem na página do texto correspondente ao
dia certo.
Espero que todos possam se divertir com esta pequena viagem no tempo.
Dedico
esta página à minha amiga Alethea, que me deu o caderno que se transformou no diário
de bordo que se segue, transcrito do original:
DIÁRIO DE
BORDO
Escola Picolino – Circo das 1.000
Faces ( Turnê )
Alemanha:
Cologne
– Circus Der Welt 2000
München – Toll Wood Festival
Karlsruhe – Toll Haus
Troisdorf – Theaterfestival Auf Der Strasse
Hilchenbach
-
Dülmen
Iserlohn
Siegen
Austria:
Brergenz
Bélgica:
Antwerp
– Zomer Van Antwerpen
Dinamarca:
Àrhus
– Images Festival
Copenhagen
– Images Festival
Odense
– Images Festival
Àlborg
– Images Festival
Inglaterra:
Stockton
– Stockton International Riverside Festival
Países Baixos:
Groningen
– Wereld Kinder festival
Amsterdam
– Wereld Kinder festival
Rotterdam
– Wereld Kinder festival
Utrecht
– Wereld Kinder festival
Den
HÀg – Wereld Kinder festival
Leeuwvarden
– Wereld Kinder festival
Venlo
– Wereld Kinder festival
Delft
– Wereld Kinder festival
AlkmÀr
– Wereld Kinder festival
Elst
– Wereld Kinder festival
Suíça:
Lucerne
– Internationale Misik Festwochen Luzern
8 de Maio de
2000
Pronto,
Lelê, este vai ser o meu diário de bordo.
Finalmente
embarcamos no vôo para Paris depois de + de uma hora de atraso (um passageiro
sofreu um acidente e o avião teve que esperar, pois o cara precisava embarcar
p/ ser atendido na França) só saímos às 11:00h da noite, o
tempo estimado p/ o vôo é de 10 horas e 45 minutos. O próximo vôo (p/ a
Holanda) é às 16:10h (horário de Paris) isso significa que vamos chegar, se
tudo der certo, 25min. antes da saída do avião da Air France (só quero ver no
que vai dar).
A maioria
da galera já está cansadíssima e capotou logo nos primeiros minutos de vôo mas
eu sei que o serviço de bordo irá acordar a todos.
Eu, Nina,
Lua, Fábio e Baba estamos
sentados na mesma fila, na asa do avião(peguei a janela), nessa mesma ordem, as
menores de idade estão em outra fila, no
compartimento após a Classe A. Apesar da demora, estamos todos bem e
tranqüilos. Raquel cuida da galera
da fila dela (Júlia, Márcia e Neném).
9 de Maio de 2000
Já são
1:50h, acabamos de jantar (todos acordaram)
Opções: massa de plástico, peito de peru de borracha ou
filé sabe deus do que. Todos vão dormir de novo. O melhor da refeição sempre é
sobremesa e, é claro, as vasilhinhas plásticas. Antes de comer, li o livro de
poesias do decompositor de palavras que Virginia me deu. Eu sabia que ele era
louco mas não sabia que era tanto. Vou tomar uma coca-cola e vou tentar
dormir...até mais.
Bom dia!
Começamos a acordar. Faltam 1 hora e 30 minutos de vôo. Vão servir o café da
manhã. Baba com fone do ouvido
reclama alto e o vizinho acorda. Risadas...
Estamos
no aeroporto de Paris. O avião da
Varig chegou atrasadíssimo e perdemos o vôo da Air France. Transferimos o vôo,
só que a empresa dividiu o grupo em dois outros vôos com diferença de uma hora
entre eles. Depois de algum custo, consegui unir o grupo de novo no mesmo vôo,
às 16:55h. Saímos correndo p/ alcançar o avião, encontramos Paolo e depois de uma briguinha no
raio-x por conta dos remédios de homeopatia, perdemos o vôo por 5 minutos. Fomos transferimos para a KLM, vôo das
19:00h(uma comedia total). Agora, mais relaxados, estamos aguardando o tal
avião. São 18:00h.
Raquel e Luana
cantam 1000x “flor de lis”. Raquel
agora toca violão para a galera. Pobre Reinhard,
vai ter que esperar muuito! Os números de telefones que temos da Holanda não
funcionam. É mais fácil se comunicar com o Brasil. Daqui a pouco a gente
embarca – Té mais...
10 de Maio de 2000
E-mail:
E ai,
Serrat! Nosso 1o dia aqui. Depois de todos os atrasos aéreos, foi o
seguinte: Acordamos às 9:30h e tomamos um café legal. O lugar aqui é bem
bonito, com quadras de esporte e uma lona de circo, além de uma sala legal para
estudar. Durante o resto da manhã, o diretor fez uns trabalhos de grupo e jogos
tipo chicotinho queimado. Foi engraçado - Nós, os Burkina, Chineses e os Indianos (os Gana estão com problemas de
passaporte e ainda não vieram). até que foi divertido e já rolou algum
entrosamento, tipo: chinês tentando tocar berimbau e africano dançando samba.
O almoço
foi terrível: Sopa e repeteco do café da manhã. Depois do almoço, tive uma
reunião com a produção e os outros instrutores. Recebemos 25% das diárias de 5
dias, um cartão com telefones úteis, um relógio para cada para ninguém perder a
hora e uma bolsa para dinheiro. À tarde, os grupos se apresentaram p/ o diretor
analisar o que vai ser montado a partir de sexta-feira 12. Tivemos que fazer
sem dandis e sem escada, mas o diretor já conhece os números pelo vídeo.
Disseram que logo a mesa do dandis estará pronta. Isso levou toda a tarde.
Às 18:00,
jantar tipo almoço e depois rolou um jogo de futebol tipo 1000 faces x Holanda.
Tivemos também que limpar e aplanar o picadeiro. Nessa brincadeira e com o sol
se pondo às 10 da noite, perdemos o horário de estudo. Nova regra: Meia hora
apos o jantar, 3 horas de estudo.
Sorte na
Concha e até breve.
11 de Maio de 2000
Dia de
montagem. Neil escolheu alguns pedaços dos shows individuais para tentar montar
um espetáculo de 45 min. que temos que apresentar nas próximas semanas. Os
pedaços escolhidos provavelmente se revezam nas semanas que se seguem . A nossa
parte escolhida foi: o encerramento, só que como se fosse abertura (berimbau),
a acrobacia e o malabares com o swing na seqüência . No final do trabalho de um
dia, o show ficou assim:
Abertura – Berimbaus (quando Baba reinicia a orquestra, a gente recua com o Yê! E sai metade pra um lado e metade pro
outro – no meio, estão Hassan e Yasmin.
Mágica - Os indianos fazem números de mágica com a
gente tocando berimbau por trás.
Dança - Na nossa saída, entram os africanos.
Primeiro o do talking-drums e depois os outros com Djembê e cabaça, além dos
dançarinos.
Shao Lin – Uma seqüência de artes marciais com som
mecânico, por imposição dos chineses. Entre um número e outro, eu faço uma
intervenção com o boréu enquanto o cd troca de musica.
Malabares/Swing – O nosso maculelê
Acrobacia – A nossa
Shao Lin – Mesmo esquema anterior
Dança – Os Burkina com outro número
Encerramento – No final da dança, entramos eu, Lua e Raquel tocando com os burkinas
e os outros todos entram dando saltos variados.
12 de Maio de 2000
“Wereld Kinderfestival 2000”
Dia das 1as
apresentações. Local: Cidade de Groningen
– Oosterpoort (teatro) – Tipo um
ICBA grande e de luxo. Acordo às 5 da manhã, viajo +ou- 2:00h e meia até chegar
no teatro com todo o equipamento, aparelhos, instrumentos, Reinhard e Sisay, o
técnico de som da Etiópia. Montamos o palco e fizemos o reconhecimento do
espaço e, uma hora depois, chega o resto da galera – montar as beribas, aquecer
os couros, separar maculelês, swing, combustível, maquiagem, figurino,
aquecimento e pronto!
Era uma
platéia de crianças de escolas. Tivemos que adaptar um monte de coisas por
causa do local – um teatro. Primeiro show das 10:00h às 11:00h da manhã. Vinte minutos depois, já estávamos
começando o segundo show – pau puro. Intervalo para almoço – TERRÍVEL!
A tarde
era livre e nós demos um passeio pelo centro que ficava a 5 minutos a pé. Um
parque de diversões incrível montado numa praça. Muita gente. Muita gente
mesmo. O almoço foi tão bizarro que fiquei enjoado e resolvi voltar e tocar um
pouco para saber quão ruim era o caso. Logo já era hora de jantar (cogumelo com
gosto de cogumelo) e em seguida, hora da 3a apresentação. Depois, é
desmontar tudo, botar na van e voltar pro ônibus.
Chegamos
no albergue às 12:10h. Deu pra cansar. Ainda bem que amanhã é folga.
13 de Maio de 2000
Dia de
acordar tarde. Fizemos entrevistas individuais com a galera e fotos individuais
para o programa do festival. Fui com alguns voluntários À Utrecht comprar palhetas. A cidade é demais!
À noite,
algumas cervejas...
14 de Maio de 2000
Dia de
workshop com Eveline Torres e um
catalão chamado Andret. Foi bem
legal- manhã e tarde. Aproveitei para testar os discos de Reinhard. No final, tentamos ensinar capoeira para os africanos e
chineses. Eveline falou que vai tentar marcar workshops só com a gente. amanhã é dia de madrugar para se
apresentar em Rotterdam.
A noite,
fizemos aula de inglês e Márcia leu
o 2o capitulo do “Vampiro”.
Obs: a
comida já foi bem melhor. Acho que eles estão sentindo o quanto estamos estranhando.
15 de Maio de 2000
Acordar
às 6:30h– Cidade – Rotterdam (O
maior Porto do mundo). Na estrada, engarrafamento e cata-ventos. O local, um
teatro grande no estilo italiano.
1a
apresentação às 11:30h. Um grupo brasileiro de musica abre o espetáculo. Almoço
no próprio teatro e outra apresentação às 14:00h. Às 16:00h, retorno pro
albergue. Reunião com Neil – temos
que reduzir 15 minutos do espetáculo. 18:00h, jantar (bem melhor). 18:30h,
finalmente temos e-mail mas mal da tempo de usar porque tem outra reunião com
os monitores e lideres de grupo (comida, roupas, banheiro, lavanderia, saúde,
etc.).
14:00h,
reunião com nosso grupo. Passar as informações, lembrar as obrigações e adaptar
o espetáculo. até hoje não consegui recarregar a filmadora porque a tomada é
diferente. Também não consegui comprar filme pra foto.
21:00h -
“O Vampiro”, com Baba, Márcia e Neném até as 23:00h. Depois, banho e boa noite que amanhã tem +.
16 de Maio de 2000
Café da
manhã às 7:15h e saída às 8:00h p/ Amsterdam.
Teatro minúsculo e horrível dentro de um museu maravilhoso sobre os Países dos
trópicos. Tivemos que adaptar novamente o espetáculo porque o teatro só tinha
uma entrada e não tinha backstage. Foi um tipo de ensaio-espetáculo aberto com
todos em cena, tanto quem se apresentava, quanto quem aguardava a vez. Lua, com o pé machucado, não fez os
saltos de parada. No seu lugar, Neném
fez a ponte e a parada escalada. O espetáculo faltou alegria. Foi um saco. No almoço,
a pior das comidas de todo o mundo – não sei nem explicar.
Pra o 2o
espetáculo, a regra era alegria! Resolveu grande parte dos problemas e o
diretor ficou satisfeito. Voltamos pro albergue, jantamos e a galera foi tomar
banho de piscina. Eu fique arrumando o quarto pois talvez tenhamos que mudar
para outro. Tentamos mudar todo mundo do Brasil pro mesmo quarto mas as meninas
preferiram dividir com as chinesas. Não rolou estudo por causa da piscina. A
galera voltou às 10:30h e a gente tem que dormir cedo porque amanhã tem mais no mesmo bat-local.
17 de Maio de 2000
Mais um
dia de espetáculo. Café às 7:15h e saída às 8:00h. Ficou decidido que cada
grupo tem que ter ao menos 15 minutos para aquecimento. Os berimbaus estão
começando a afrouxar e sempre temos que botar os couros em um aquecedor.
Hoje o
tempo mudo completamente e o frio chegou pra valer. Hoje tivemos um só espetáculo
às 11:45h. Foi esquema africanos tocando com baianos. Foi bem mais animado. até
Márcia cara de batata fez o
espetáculo sorrindo. O almoço foi horrível como sempre. Não sei como um lugar
tão lindo pode ter um rango tão ruim.
Às 13:30h
tem ensaio com o diretor. Ele quer ver a galera jogando claves. Enquanto isso,
fiquei organizando o material para despachar na van. Depois dos malabares a
galera ensinou um pouco de acrobacia para os africanos.
Voltamos
no final da tarde e assistimos uma apresentação dos nossos novos vizinhos de
quarto – os Afrolata, de Vigário
Geral (RJ). Tem um grupo de síndrome de down usando nossa sala de estudos, e
logo hoje que arranjei um mapa grandão da Holanda e colei na sala.
O diretor
está no quarto jogando com Baba, Bimbinho , Raquel e o tradutor dos chineses (ele gosta bastante dos nossos). A
noite, a galera acabou transferindo de quarto. Agora é Neném, Lua, Nina, Fábio, Baba e eu em um, e Julia, Raquel e Márcia em
outro com 2 burkinas e 2 chinesas. Depois da mudança, alguns ficaram assistindo
vídeos (dança burkina, cinderela, etc.) e outros numa massagem grupal. Também
tivemos que assinar os documentos para o visto da Inglaterra.
18 de Maio de 2000
Acordamos
tarde, às 8:45h, e fomos direto pro café da manhã. O mesmo de sempre: pão
integral, pão branco, queijo, presunto, pasta de amendoim, de chocolate, de
avelã, geléia, mel, leite, café...
Muito
frio! Depois de um tempo, o pessoal foi treinar malabares com Gerjan enquanto eu terminava uns
formulários e questionários para tentar modificar a alimentação. Na seqüência,
finalmente consegui falar com Albertina,
a chefa dos albergues, e usar o computador com um pouquinho de calma. só um
pouquinho. Mandei um email para o circo.
Almoço
razoável: arroz, abobora com carne e salada de pepino. Depois, botei a galera
pra terminar o exercício do “para gostar de ler”.
Eu e Raquel tínhamos separado nossas roupas
brancas para lavar e o tapado do Gerjan
esqueceu uma roupa indiana no meio. Resutado- todas ficaram da cor de burro
quando foge. Raquel chorou muito por
isso e Gisaw vai sair com ela pra
comprar umas novas.
16:00h-
Hora de partir. Cidade – Apeldom, a
1h de distancia do albergue. Dizem que é um teatro grandão. Vamos ver...
...tudo
mentira. O teatro era grande e bonito sim, mas o backstage era uma bosta!
Tivemos 1000 faces de problemas com montagem de equipamento, tempo para
maquiagem e espaço. A raiva foi tanta que o 1o espetáculo saiu numa
energia incrível! Iansã que o diga. Antes, lanchamos um almoço bom pela
primeira vez – self-service. Entre um show e outro, quase não houve tempo pra
nada. O 1o serviu de experiência para o 2o que foi
tranqüilo, pois já sabíamos o que havia por lá. Depois do show, tirar figurino
e maquiagem e se reunir com os outros, a equipe técnica, o diretor e Lucian. Horas e horas de discussão
sobre os problemas. Ha alguns erros gravíssimos nesta estória:
-A gente
chega e se apresenta mil vezes para depois ensaiar.
-Nunca
sabemos como é o local de apresentação
-A equipe
de apoio não é nada profissional. Nem sequer água na beira do palco.
-A comida
é um desespero
-Tem que
ter lazer, treino e integração dos grupos
-Tem que
ter facilidade de comunicação entre as línguas chinês, burkina, Frances, português,
indiano, holandês, alemão, Etiópia e inglês
-A gente
perde muito tempo viajando do albergue até as cidades. Mínimo de 1h e meia.
-O frio
está começando a mostrar sua cara. Problemas respiratórios e de articulação,
pele ressecada.
Foi +ou-
1 hora de blábláblá em mil línguas. Espero que as coisas melhorem...
Volta pro
albergue e um lanche pra aliviar. Temos que dar um jeito de relaxar e dormir
cedo pois amanhã tem +.
19 de Maio de 2000
Acordar
às 6:3 0h, café às 7:15h e saída às 8:00h. Destino: Rotterdam de novo. Foi um dos melhores teatros que já apresentamos
até agora. Depois de 2h de viagem (vacas e cataventos) é hora de montar o
equipamento, botar o figurino e fazer maquiagem. O show começa às 11:00h. Marcinha com o joelho lenhado foi pro
hospital pra fisioterapia e voltou com o joelho imobilizado e c/ a recomendação
de uma semana de repouso e pé para cima. Nina
substitui Márcia na acrobacia e
Pirâmide.
No geral,
foi legal. Entre um espetáculo e outro, o almoço foi de comida quente, resultado
da reunião de ontem. Depois do almoço, todos nos reunimos no palco. Lucian deu roupas de frio com a
logomarca do festival para toda companhia – também resultado da reunião.
O 2o
espetáculo, das 14:00h às 15:00h, foi melhor que o 1o. Conversando
com o diretor sobre tecidos e a companhia, ele elogiou Anselmo e o nosso grupo. Ele também está impressionado com a
facilidade que Raquel tem c/ as
línguas. Ela já fala muita coisa em chinês. Alias, estou preocupado, pois tanto
os chineses quanto os indianos já beijam e abraçam e brincam como nós. Acho que
quando acabar o festival, eles vão levar uma surra quando voltarem aos seus
países de origem.
A chuva
caiu forte durante a viagem de volta. O frio domina o cenário. Todos começam a
sentir o baque – dores de cabeça e nas articulações, febre, etc...O chinesão
nos mostrou o aquecedor do quarto. Que alívio! É bom dormir.
20 de Maio de 2000
Hoje é
dia de ensaio. Temos que aumentar
o espetáculo p/ 2 partes de 40min. Iamos incluir a contorção mas Neném está com
febre. Pelo menos conseguimos montar o dandis c/ uma das mesas da sala de
estudos. Ensaiamos pela manhã ,depois do almoço e a tarde. Consegui mandar um
e-mail pro circo e também recebi um de Ana
B. Entrei no UOL e La havia 427 mensagens – consegui apagar 200 do
mercadão.
Depois do
jantar, consegui ligar para Villas e
para minha casa mas só falei com Lana
porque Nancy não estava.
Tentei os
pedais e eles estão ok, felizmente. Depois do ensaio, de noite, os meninos
treinaram malabares e eu finalmente testei o sax alto. Foi um parto botar a
mesa do dandis na van.
amanhã os espetáculos são na Bélgica.
Espero que Ana B consiga avisar a Tuur.
Saiu um
novo programa atualizado e com menos shows e mais tempo livre. Ufa!
Até amanhã.
Obs:
Roteiro do show duplo:
1a
parte
-Berimbau
-Magica
(Rassan)
-Burkina
dance
-Banana
-Chineses
1,2 e 3
-Maculelê+Malabares
-Acrobacias
-Burkia
dance
|
2a
parte
-Chines
(quebra pau)
-Dandis
mesa
-Magica
(Ilsad)
-Chineses
1
-Chineses
2
-Chineses
3
-Burkina
dance
-Encerramento
|
21 de Maio de 2000
Lanchamos,
re-aquecemos e La vai mais um show, ou melhor, a 2a parte do
mesmo.Antes dos shows, rola uma apresentação dos Afrolata. A 2a parte também foi legal e inauguramos o
dandis que obviamente foi um sucesso. Depois, jantamos finalmente uma comida
que podemos chamar de deliciosa – Tailandesa, é claro. Combinei com Reinhard e Neill de manhã enquanto o pessoal vai ao parque, nós iremos a uma
loja de instrumentos e um ferro-velho além de uma loja de materiais de construção,
o que não deixa de ser um parque de diversão.
O tempo
esta chuvoso e horrível mas tudo bem. Acho que estamos nos habituando. Durante
a volta, cantamos versões de musicas adaptando os nomes de Shan Hao e Sum Bo. Foi uma comedia. Chegando ao albergue
às 10:30h, algumas brincadeiras e...boa noite.
22 de Maio de 2000
Hoje a
galera acordou e foi ao parque de diversões. Eu fui com Reinhard e Neill atrás
de materiais sonoros. Fomos a uma loja de material de construção e nos
entupimos de canos, mangueiras, funis, etc. Depois, nos perdemos na estrada e
finalmente chegamos na cidade que tinha um ferro-velho. Pena que não tirei
fotos. Catamos algumas coisas e fomos atrás da loja de musica. Não sei porque,
todas estavam fechadas.
Paramos
para jantar (o almoço foi na parada da loja de material de construção) num
restaurante grego delicioso e tomamos uma garrafa de vinho branco. Depois Reinhard saiu fora e eu fiquei
conversando com Neill sobre as
idéias dele em relação ao espetáculo. Fo bem legal. Na volta, nos perdemos mais
um pouco pelo caminho e na chegada, às 9:20h, tentei organizar todos os
instrumentos alternativos disponíveis. Hoje chegou a sobrinha de Reinhard, Anuk, que vai me auxiliar na montagem dos instrumentos. Já são
12:40h. Vou dormir.
23 de Maio de 2000
Hoje foi
um dia duro...
Café às 9:00h
e ensaio para montagem. Enquanto o pessoal ensaiava, eu fiquei tentando
trabalhar algo de musica com os burkinas
mas os loucos não contam tempo. Ainda assim foi interessante. Usamos caxixis,
talking drums, marimbas, cabuletê e agogôs. Pausa p/ almoço e na seqüência, uma
reunião p/ discutir as discórdias do grupo, principalmente em relação a Márcia. Na seqüência, mais ensaio p/
montagem do espetáculo c/ duração de 1h para amanhã num hospital.
Baba ficou de fora, acordou com febre e assim
permaneceu. Tivemos que remontar vários números para suprir sua falta. Já Neném voltou a treinar e vai fazer o
espetáculo. Márcia ainda esta em
faze de recuperação.
Parada
para jantar e mais ensaio. Passamos o que ia ser apresentado amanhã. Está razoável. Um dos chineses
vai tocar berimbau com a gente.
Depois do
ensaio tivemos que lavar o salão porque era dia de limpeza e ocupamos o espaço
durante todo o dia. O diretor lavou o banheiro.
Acabamos à 1:00h. Fui ver como estava Baba e, apesar dos remédios, a febre chegou a 39.7ºc. Fiquei
assustado, troquei de medicamento e fiz compressas de água fria por uns 40 min.
Finalmente a febre começou a abaixar. Ufa!
amanhã o show é num Hospital. Oba! Todos
vamos aproveitar para fazer exames. Um dos
Burkinas, acho que está de papeira. Estou um pouco assustado pois ainda não
tive. Preciso me cuidar.
24 de Maio de 2000
Hoje o
show é no centro de um Hospital. Quatro prédios gigantescos que parecem mais um
shopping Center. A platéia era composta basicamente de crianças doentes
(físicas e mentais). O lugar era aberto, com backstage improvisado e sem
monitor. Foi uma bomba! O pior de todos. Já no camarim, a coisa era um pouco
melhor, com um monte de rango e uns bolos com gosto de Brasil. Depois do show,
foto do grupo com pirâmides e instrumentos. Dou uma bronca daquelas em Marcinha por causa do seu mau humor e
mania de exclusão. Depois do desmonte do equipamento, hora de jantar.
Nunca
comemos tanto até hoje. Todos de barriga dura. Acho que compensou o mau show.
Na volta pra casa, rola a braba sobre
Tyche (tica) e Baba. Falando em
braba, ele fez exames e foi receitado alguns antibióticos bizarros. Vai ter que
tomá-los por uma semana.
No
albergue, reunião comigo, Tica, Gerjan e Gizaw. Tica saiu chorando e depois, botou Titanic para a galera assistir.
Acabei tirando o cabaço de Titanic.
25 de Maio de 2000
Hoje saí
mais cedo que o resto do grupo. Fomos eu, Reinhard
Sisay e o equipamento. 2 horas depois, chegamos em Delft (Teatro do Leste). Um frio insuportável.
O teatro
é bem legal, c/ um puta camarim pra cada grupo. A galera já chegou bem
emburrada e logo depois do ensaio, entrou em crise de choro coletivo. O diretor
foi falar com a gente no camarim e quase entrou no choro também, mas a galera
se sentiu mais confortável.
Almoçamos
comida chinesa. Ficou decidido durante o almoço que não faríamos a parte da
acrobacia, pois ninguém está satisfeito e talvez seja uma forma de tentar mudar
o programa e incluir novos ensaios. Ficamos de nos reunir à noite com Reinhard, Neill, Gizaw e o grupo.
O
espetáculo rolou como tinha que ser e Neném
fez a contorção (quase ficou nua). Os indianos esqueceram o figurino e não
fizeram o show.
Chegamos
de volta ao albergue e fomos nos movimentar um pouco na quadra. Depois,
jantamos a ração diária e fui estudar Historia com Neném e Márcia (liberei Baba por causa da doença, pois a aula
teve que rolar no frio do ar livre (invasão Holandesa).
Na seqüência,
Neill chegou c/ o cenógrafo que
trouxe da Austrália um didgiridu pra mim êeeeeeeba!
Rolou a
reunião e a galera se sente mais segura agora. Acabou por volta das 23:00h. amanhã é dia de madrugar. Serão 3 shows
no mesmo teatro de ontem.
Obs: O diretor comprou o disco “Amazônia”,
do Uakti. Reinhard comprou vários
apitos de êmbulo e uma sanfoninha cretina.
26 de Maio de 2000
Hoje, o
café foi às 7:15 e saímos às 8:30h. Dormimos até a porta do teatro. Aquecimento
e montagem e La vai + um show! Fizemos berimbau, contorção e malabares. Foi um
dos dias mais descontraídos. Entre o 1o e o 2o shows,
comemos comida chinesa. Depois do 2o show, demos um role no centro
da cidade, tiramos algumas fotos e compramos alguns postais. Na volta para o
camarim, brincadeiras, piadas e jantar. Na seqüência, mais um show, às 2 0h, com os Afrolatas
abrindo pra’gente. Antes, uma velhinha que toca aqueles órgãos de manivela me
mostrou como o instrumento funciona e me deu o seu cartão (uma foto comedia).
Ela toca todo sábado no centro da cidade de Delf.
Saímos do
teatro para o albergue à
1:00h, o que
significa chegar às 12:00h. A minha
assistente e sobrinha de Reinhard, Anuk,
é muito linda, pena que tem só 15. Aa noite, no albergue, uns pasteis
esquisitos e uma cerveja pra relaxar. Agora só amanhã de manhã.
Obs:
Virginia mandou um e-mail super legal. Tenho que ler depois para o grupo.
27 de Maio de 2000
Hoje é
dia de treino. Café às 9:00h e ensaios com Neill.
Enquanto a galera ensaiava, eu montei 5 instrumentos da família dos cretinos e
um ganzá de metal. Ficaram bem legais. Parada para almoço e ã tarde, Eveline
apareceu para fazer uns trabalhos de corpo com a galera. Ilsad mostrou um novo numero de levitação incrível e passamos um
novo final com pirâmide. Depois, treinei um pouco de talking drums com os
africanos.
Esqueci
que antes das pirâmides, fui ao e-mail e abri umas mensagens do circo. Ana
dizia que estava mandando o programa de estudos mas não encontrei nada La. Abri
também o UOL e já tinha quase 300 mensagens de novo (mercadão, mercadão,
mercadão...). Consegui apagar tudo. Mandei também mensagem pra Bel e pra Julio
e respondi a do circo.
No final
da tarde, Luana aprendeu a
coreografia dos burkinas e eu tentei
um pouco do meu didgiridu. No jantar, um macarrão até razoável e depois, peguei
Baba, Márcia e Neném pra
estudar Historia (mais invasão holandesa). A galera dá um trabalho
inacreditável para estudar. até Raquel anda pisando na bola, esquecendo
de manter o estudo do outro grupo.
Na seqüência,
rolou um filme que eu não vi. Dei um pulo no bar e aproveitei para ligar para Villas e para casa + de novo só
encontrei Lana – seu Luiz já está quase bom.
amanhã rola show num festival de musica
em Rotterdam com +ou- 200.000
pessoas e 15 palcos simultâneos. Boa oportunidade para distribuir material da Crac!
Gizaw me deu um cd da sobrinha dele patrocinado
pelo Phil Collins e disse que vai
montar um material de divulgação em inglês baseado no que eu trouxe. Ele falou
que tem mil contatos de agentes de festivais na Europa. Oba!
No final
da noite, Reinhard aparece c/ + 1
instrumentinho bizarro de cordas e ainda me dá um banho de cerveja. Tudo o que
eu realmente queria era poder dar “um viva para os grazzers: grazzers,
grazzers, grazzers!”
28 de Maio de 2000
Café ãs
8:30he corre-corre para adaptações no roteiro do show, pois o que pensávamos que
seria 2 shows de 45min se transformou num show de 90min com 2 partes. Quando
conseguimos resolver, chega a noticia de que a tempestade forçou com que
cancelassem o evento – logo este que eu queria tanto participar...
Mudando
de rotina, passamos a tentar trabalhar algo pro novo espetáculo : costureiros -burkina
nos figurinos, eu e Sisay nos metais
para sinos, o diretor e o cenógrafo com as malas e paletós, botando a galera
para testar a viabilidade dos adereços.
Almoço
esquema pão e, mais tarde, Fábio treina
os burkinas na acrobacia, eu e Sisay terminamos os últimos sinos.
Depois, decidimos o que jantar - comida chinesa, pizza e comida indiana, e eu
resolvi dormir um pouco.
7:00h,
hora do jantar. Eu fui com Reinhard
encontrar com Neill e Chon para jantarmos num restaurante
português e conversarmos sobre o espetáculo.
Na volta,
ãs 11:3 0h, Raquel me jurou que a
galera havia estudado (ou pelo menos tentado). Todos estavam assistindo filmes
desde o final da tarde (só besteira tipo neverending story, matilda, cinderela,
etc.)
Acho que
bebi muito vinho... só amanhã de
manhã.. amanhã a gente vai a um
teatro em Utrecht para montar e testar a luz, figurinos, ensaiar, etc.
Espero
que esse teatro fique ã nossa disposição mais vezes.
29 de Maio de 2000
Café às
8:3 0h. Lembrar de botar os últimos aparelhos na van e partir c/ o ônibus para Utrecht. Não agüento + estas
estradas...é muito monótono, tudo completamente plano e onde só se vê vaca,
ovelha, pasto...nada altera o cenário, só um cataventinho de vez em quando.
Chegando
ao teatro, decepção – o lugar não tinha nada de teatro. Esses organizadores são
totalmente insanos. Era uma boate
estilo infernão. Todos putos e total confusão. Tentamos organizar um
passeio pelo centro da cidade + era uma segunda-feira e tudo estava fechado e,
ainda por cima, chovendo.
Voltamos
e comemos o pior dos sanduíches como almoço. Raquel não suportou e botou os bofes para fora. Meia hora depois –
ensaio. Primeiro, os brasileiros – repassar acrobacia com Baba de volta, o dandis de 2 e coreografias. Naná é o meu novo salva-vidas da percussão, c/ um astral 1000x
melhor que o de Aziz. Depois,
ensaiamos as pirâmides do encerramento varias vezes – ninguém se entende muito
bem. Estressante.
Depois do
jantar, começo da montagem do novo espetáculo, o que foi a única coisa
prestável do dia. Trabalhei um pouco com Sum
Bo e depois, todos se fizeram de transeuntes com malas e pastas, apressados
com horários para cumprir ( no fundo, Uakti
e Phillip Glass) e, de repente,
uma pausa – todos congelam e a burkina dança com a mala...
O ensaio
acabou ãs 10:3 0h. Banho e cama.
Indiano:
1= êc
2=do
3=tiin
4=jiar
5=pÀt
|
6=Che
7=sÀt
8=Àt
9=noo
10=dez
|
Meu=mere
Seu=têre
Dele=usquê
Deles=sabquê
Acordar=diagna
|
Dormir=nind
Nosso=hamdenuque
Todos=sareduniaque
Good night=mesora rá rum
|
Chinês
1=i
2=ar
3=san
4=si
5=u
|
6=Liu
7=ti
8=PA
9=Dio
10=chi
|
Indian
song:
Sabeque baradeÀri dolítúngui, lÀaenÀa
Dulerran baenaque ledjana
À coome dÀrenÀdje gunguetium
UthÀana
Dulerran baenaquee rame goco radjadi
ledjÀanÀ
30 de Maio de 2000
Já
estamos no fim do mês, às vezes parece rápido, às vezes parece que já foram 3
meses. Café às 8:30h e depois, a galera foi treinar malabares pro espetáculo.
11:00h, hora do terrível e temível almoço a base de pão, oh não!
Às
11:45h, o ônibus parte para Amsterdam.
2 horas de planícies, pastos, vacas, ovelhas, ex-casas de fumo e plantações de
milho – pobre Van Gogh.
Chegamos
no mesmo palácio onde se encontra o museu, só que desta vez, a apresentação é
no teatro principal, c/ direito a ministro e mil estatuas nos olhando, só que o
palco era um merda e não tinha backstage.
Um saco, pra variar.
Quando
acabou, ainda tivemos que esperar uma hora até o ministro acabar o seu blá blá bla. Enquanto isso, finalmente consegui fazer alguma
atividade grazzer by N.Y.. Na seqüência, ensaios de montagem no teatro pequeno
(bem legal). Depois, volta ao presídio-albergue, jantar, passeio no bosque e
estudo com Márcia e Neném (Baba fugiu). Na tela, mais Titanic para os outros. Até amanhã.
Dulerrán que Barát (indian song):
1a -Diadgelê Diadgelê Nenotailê (Duma dgelê) 2x
2x (Umariquilê) hÀÀÀa
2a-Meiretum me sama djaum Tum mEudjim me samá Àdjao
Diternánqui yeparú vaterrée
Ditenáye paáninrre
Diternánqui ye puúralverrê
Ditenáye uúteererrê
Ditenáye petimerêe
Ditenáye daác chinerrê
ÀÀAá
Red song (cuxí):
Lálêgarara emera
Lálêgarara emera
31 de Maio de 2000
Hoje é
dia de ensaios de montagem – fiquei tentando montar alguma coisa c/ os
xilofones burkinas. A galera também
ensaiou malabares e acrobacias.
Parada
para o almoço – pão – ao ar livre, pois hoje temos um pouco de sol. À tarde,
mais ensaios de montagem: do meio dos transeuntes, uma mala(Chan Ha), um macaco
((Chan), alguém que se indigna com o empurra-empurra do transito (a chinesa
guery).
Parada
pra jantar. Incrível – feijão! Na seqüência, Neill treina os chineses e os burkinas. Enquanto isso, estudo c/ Baba e Neném (Márcia foge).
Leitura do Vampiro.
O resto é
silêncio...
1o de Junho de 2000
Rêra Fere
(indian song)
Djabii
eeeee Rassinan decu
Mere
dilqui dar badjê báro báro badjê
Oiêeeeeee
Tchan
tchan tchanÀranan
Tchana
Tchan Tchana aradan
Dia de
show em Leewvarden (3h de viagem).
Café às 8:30he saída às 9:15h. Hoje o espetáculo é de 2 partes de 45min.
Chegamos numa chuva da porra. O palco era a céu aberto e só uma parte numa
espécie de coreto tinha cobertura. Pouca coisa da pra ser feita.
Almoço
self-service c/ cara de feijoada. Comi muito e voltamos para o local do show.
Decidimos fazer um show de meia-hora 2x com o que dava pra ser feito.
Nós fizemos
só o berimbau com mágica. O lugar inviabilizava praticamente tudo o que podíamos fazer. Os Afrolatas também tocaram por duas vezes
e tinha também uma dupla de pernas-de-pau, acho que eram cariocas, fazendo um
besteirol com uns ritmos brasileiros, chamando forró de salsa e coisas desse
Gênero. Ainda tinha um cara da Paraíba fazendo um teatro de bonecos e tocando
gaita (disse que conhecia Anselmo).
Haja brasileiro!
Depois do
2o show, fomos jantar. Eu só consegui comer um iogurte passei num
café africano da esquina pra complementar. Na seqüência, ônibus e viagem de
volta a Elst.
2o de Junho de 2000
Hoje é
dia de montagem. Durante o café, ãs 9:00h, o de sempre. Na seqüência,
aquecimentos, alongamentos e acrobacias. Parada para almoço (repetição do café)
e volta ao salão de treino – eu Fábio, Baba,
Sum Bo e Hatu tentamos montar o
“mundo de Sum Bo”. Deu um trabalhão.
Mais tarde, ficamos eu e Neill
tentando limpar o local para passarmos de novo c/ a galera.
Ficou até
legal – o dandis dos meninos na seqüência de uma performance burkina. Hora de
jantar...
À noite,
estudo ao ar livre. Geografia, mapa mundi e o vampiro.
3 de Junho de 2000
Ensaio de
montagem depois do café da manhã. Fiquei com Neill tentando aprender o programa de musica do computador. No
final da manhã, enquanto a galera treinava acrobacias, conseguimos fazer um
loop de pés na água – já podemos usar o programa.
Parada
para o almoço – Tcharann!! – pão. Comi só banana. Às 14:00h, recomeçamos o
ensaio c/ as andadas, a coreografia de malas burkina, o macaco, a chinesa da
espada, Shan Hao, etc...
O pessoal
passou a tarde na coreografia das andadas. Andaram de mil jeitos. Enquanto
afinei o surdo da bateria, treinei um pouco de didgiridu e tive que auxiliar no
ensaio.
Jantar –
macarrão baixo-astral com pimenta. Depois, mais ensaio. Fiquei com Baba na sala estudando Geografia
(consegui um atlas na sala da administração e também abri e imprimi o e-mail
com o programa de estudos para 5a e 6a series.
Neill testou o Tai chi com cool jazz – quebrou tudo!
No final do ensaio pensei em tomar uma cerveja mas o bar estava fechado.
Até amanhã (dia de folga).
4 de Junho de 2000
Hoje é
Day off. Acordamos por volta das 1:00h e ficamos assistindo os burkinas ensaiarem a musica deles numa
versão sem djimbê. Bem interessante.
O pessoal
hoje depois do almoço vai a um cinema 3D e eu vou com Neill às 11:00h a um dos principais museus da Europa – Kroller-Muller Museum. Era uma reserva
florestal gigantesca num parque nacional que era anteriormente uma fazenda para
caça de veados. Durante o percurso de carro, varias esculturas, milhões de
bicicletas e uma espécie de castelo de campo para os caçadores, um Museu Jovem
subterrâneo e o grande museu, cercado de praças de esculturas. La dentro, tudo.
Monets, Renois, Picassos,
Pinturas do sec II, mexicanos, chineses, japoneses, gregos e...Van Gogh, muito Van Gogh...quantas cores! Muitas cores! Todas as
cores...infinitas...
...depois,
fomos ao chalé de show ver a maquete do palco e discutir sobre a escada. Na seqüência,
o retorno ao restaurante português, mais vinho e...alho. Que saudades do alho.
Cheguei
no albergue ãs 1 0h. “Callect call to Brazil” e cama.
5 de Junho de 2000
Dia de
espetáculo em Utrecht. A gente se
apresenta 3 dias seguidos neste teatro. Interessante, mas sem backstage. A
gente sai das laterais por baixo da platéia. Fizemos berimbau, contorção,
malabares e acrobacias. O almoço também foi legal – o melhor chinês que já
comemos até agora. O camarim era grande e a platéia era escrota( de escolas).
À tarde,
depois do show (14:15 às 15h),
alguns ensaios para o de amanhã. Na volta, piscina cancelada e jantar gororoba
razoável.
Pensando
no Brasil... hoje vence meu aluguel, tenho que resolver isso até amanhã. Um
pouco de tentativa de e-mail mas as meninas estão como vermes no PC e eu acabei
sobrando.
Estudos das 7:45 às
10:40h e até amanhã.
6 de Junho de 2000
Utrecht
again. Breakfast at 7:15h and departure at 8:00h. Today we have two show at the
same venue as yesterday.
O primeiro foi bem
legal e fizemos berimbau pro bowl de Li.
Almoço chinês de novo
e o 2o show. Algumas emburracoes e vamos pra frente que atrás vem
gente. No final, uma reunião para acertar os buracos e uma duvida: o show
de amanhã c/ Eveline...
Uma volta por Utrecht
de meia-hora e na volta, conseguimos falar com Eveline – fazer uns 15 min e
quem topar, ajudar ela na coreografia. Em casa, reunião, e-mail de Virginia e
lavar a prata da casa, pois já estava suja. Tudo feio, com tempestade, raios e
relâmpagos. Até amanhã.
7 de Junho de 2000
Hoje é dia de
espetáculo pela manhã e “Picolino e Eveline” à tarde. O da manhã correu
normalmente, com berimbau, contorção, dandis, malabares e acrobacia. Foi legal.
Deixamos tudo semi-pronto para a tarde e fomos almoçar. Obs- fizemos roda antes
do show. O almoço foi no chinês legal que já vamos por 3 dias.
Às 13:00h, fomos
re-aquecer e dar uma passada no que seria o show da tarde. Fiquei com neném
dando uma entrevista a um cara da Dinamarca que disse que incluiria o
depoimento em materiais didáticos no seu país.
No meio da
entrevista, fui chamado pelo pessoal, pois Bimbinho
estava no chão se contorcendo de dor de cabeça – a mesma que ele teve ontem só que
bem mais forte. Tivemos que ir ao medico eu , Fábio e uma funcionaria do
teatro.
Depois de 1 hora e
meia de espera, observação e pequenos exames, chegaram a conclusão de que era
um problema muscular, uma distensão no pescoço. Alguns analgésicos, relaxante
muscular, uma receita, uma melhora relativa e o retorno ao teatro.
Quando retornamos, o
show já havia terminado e soube que a galera não participou direito. Apenas
algumas das meninas haviam ajudado Eveline com algumas coreografias. A grande
parte arrumou o material e saiu na van amarela de role pela cidade.
Pouco tempo depois,
apareciam os primeiros a retornar. Fui a uma loja de tênis baratinha e comprei
um super reforçado por 30.00. Voltei pela rua de cafés e, ao chegar de volta ao
teatro, fomos todos a uma pizzaria na beira do rio. Ótima e muito bonita.
Depois, na volta para
o albergue, uma parada no hospital para Hassan
ficar com Yasmin e voltamos ao
caminho. São 9:00h e o ônibus segue para o leste. Chegamos às 10:15h. A galera
ainda deu uma passada nos números para ver como fica sem Fábio. Depois, banho e
cama.
8 de Junho de 2000
Hoje é dia de madrugar.
Acordar às 6 e saída às 6:3 0h. Vamos para Den
HÀg Na costa, na praia, esta é a cidade onde moram os Zaitgeists e também é onde fica o parlamento holandês. Parece uma
Beverly Hills, cheia de casarões e hotéis gigantes. O teatro é uma construção
bem antiga, pra variar, mas os equipamentos de luz e som são novos. Ficamos com
um camarim só pra’gente enquanto que os outros estão amontoados num outro
camarim bem grande. O palco não tem backstage e, por isso, tiramos o numero da
contorção por causa da mesa. Ficamos só com os malabares e o berimbau para a
mágica.
O 1o show
foi legal. Na seqüência, fomos almoçar num restaurante inglês bem perto. Alguns
odiaram, eu gostei muito - tinha muito gengibre e eu estou quase sem voz, com
uma tosse feroz.
O 2o show foi
às 14:15h e correu bem como o primeiro. A platéia também era bem legal. Na
verdade, até mesmo o pessoal do “Música do Brasil” fez um trabalho descente. Ao
final, fomos todos dar uma volta e ver o mar da Holanda.
A praia era bonita
mas o mar era bem sujo e a água geladíssima. Bimbinho sai pra dar uma volta e não volta. Perdemos um role pela
cidade para esperarmos pelo lindão.
De volta ao teatro, é
hora de jantar (repeteco do almoço). Mais gengibre e mais frescura, pois alguns
não quiseram nem arriscar a 2a opção para vegetarianos. Hoje começo
a me sentir bem cansado (talvez o resfriado ajude) de tanta dependência e de
tanta reclamação. A galera está entrando na fase do reclamar de tudo e de
todos. Acho que vou fazer uns 2 dias de greve geral.
O show da noite é às 8:15h.
Uma platéia de adultos e crianças. Foi a melhor das platéias. Acho que a
acrobacia teria arrasado aqui.
amanhã o show será no extremo oposto do pais, na fronteira com a Alemanha.
Às 9:45h o ônibus sai
de volta ã Elst. Hoje e amanhã os
estudos estão castrados por falta de tempo. Na saída do teatro, Neill me presenteia com uma flauta Pã
de bambu. Acho que ele quis aliviar minha depressão e resfriado.
No albergue, umas
frutas, biscoitos e aquele churros preto salgado que parece que tem aipim. Pra
dormir, inalações de vick vapor rub.
9 de Junho de 2000
Café
às 7:30he saída às 8:00h. No ônibus, a
orquestra da tosse – eu, Lua, Aisha, Li, Chan Hao… são 9 horas de
viagem até a cidade de Venlo, no
extremo sul do país, na fronteira com a Alemanha. Um calor inacreditável, tipo
Brasil, e a poeira do ônibus me matando durante todo o caminho. Chegando lá,
pelo menos um lugar sem ácaro. Paolo ligou e disse que iria aparecer nos
próximos dias.
O 1o show foi legal, com Bimbinho de volta 80% na acrobacia e no
malabares, além do berimbau para Hassan como
ontem. Intervalo p/ um bom almoço no próprio teatro e + um show, +ou- igual ao
primeiro, só que com alguns revezamentos nos números chineses. Depois, uma
pausa pra um rolé por volta da região do teatro. Alguns foram para o parque de
diversões e eu fui a uma feira e ã beira do rio dar uma olhada e tirei uma foto
dos patos. Na volta, jantar não tão bom quanto o almoço. Encontramos um mestre
de capoeira que mora em Den HÀag e
tem um grupo de regional formado por holandeses. Ele já mora aqui há 4 anos.
O espetáculo da noite não estava tão cheio mas foi bem
aplaudido (também, com um grupo de chineses e um português na platéia). Na
volta, o por do sol nos acompanha lindo (chinês- Fei Than Piau Lia! muito bonito!).
Uma parada no posto e o povo cai no sorvete. Fábio e Baba entram sem
camisa...espero não ter problemas por isso.
10 de Junho de 2000
Todos morgados. Café as 9:30h e à 1:00h
a galera começa a treinar. Aproveito para ir ao computador ler e mandar alguns
e-mails. Acordamos hoje com uma surpresa – Paolo,
Meire e o neném, além da barrigona.
Eles ficam com a gente até amanhã pra ver o nosso espetáculo e depois seguem
para Challon.
Parada para o almoço. Incrível – carne! Só que Paolo
disse que é carne enlatada podreira, e olhe que ele deu sorte. às 14:00:00h
começa o ensaio e temos que adaptar o espetáculo aos palcos de amanhã e segunda-feira, pois são 2
halls de musica a La teatro de ópera, sem backstage. Temos que ensaiar como
estar em cena o tempo todo, sem fazer cara feia ou desviar a atenção de quem
está se apresentando. O show terá 2 partes – a 1a encerra com a
acrobacia do Brasil e a 2a com a pirâmide final.
Ensaiamos durante toda a tarde até às 19:00h e paramos para jantar. Na seqüência, collect
call to Brazil e montagem do set de instrumentos nos tablados de 2m x 2m. Não
deu pra estudar com a galera porque só parei à 1:00h
e Baba estava regulando os
monociclos. Na terça-feira tenho que montar o set com os instrumentos de
verdade.
Nesta noite, Lua
conversa com Naná sobre alguns
maus hábitos burkinas. Amanhã o café
é as 7:15h. Boa noite.
11 de Junho de 2000
Café as 7:15h e saida às 8:00h
para Utrecht. O teatro é um music
hall versão moderna. O lugar mais lindo que já vi. Um orgulho tocar num lugar como
este. Resultado, os shows foram muito bons. Os camarins também eram incríveis.
Dei um cd para a operadora de som e outro pro roadie de palco, 2 figuras muito
legais.
Paolo viu os shows e depois se despediu. Hoje é
aniversario de Dudu e resolvemos ligar para ele à
cobrar. Valeu!
Aqui no teatro tem um painel com fotos de shows feitos
aqui (Pat Matheny, BB King, Nina Hagen, Astor Piazzolla e muito
mais).
Almoço do bom. Apesar do cansaço, acho que foi o
melhor dia de todos.
Dia 24 de junho, vão exibir o documentário do Circus
of a 1000 Faces. 30 min.
12 de Junho de 2000
O grande dia do fim da tortura. Café às 7:15h como
ontem e também como ontem, saída às 8:00h. Chegamos às 9:3 0h. Um music hall
fantástico com um órgão de tubo gigantesco além de outras varias salas lindas -
The Concertgebouw. Um Palácio esplendido em frente a
uma enorme praça gramada com 3 dos principais museus de Amsterdam, inclusive o
museu Van Gogh.
Ensaio e checagem de som hoje com microfones para
todos os instrumentos. O lugar é gigantesco. Almoço, aquecimento e algumas
filmagens e lá vamos nós para a primeira parte. O teatro lotado, Raquel faz uma
participação com o apresentador e vamos lá. Foi muito legal e finalmente um
medico para mim, Lua, Nina e Baba – felizmente, nada muito serio. Na seqüência, a 2a
parte, super aplaudida também. No final, vejo a galera do Mestre Ambrosio. Eles viram o show. Converso com Mauricio, O Rocha e Elder.
Depois da desmontagem, passo o dinheiro da Picolino para Reinhard e consigo c/ Lucian
passagem livre para os shows da noite para mim, Lua, Nina e Sisay. Reinhard também vai ficar e Hatu vem pegar a gente na volta do
aeroporto.
Com 3 horas livres, saímos para dar um role com Eveline no Central Park daqui. Voltamos
já quase atrasados e o lugar estava totalmente lotado. Assistimos um pouco do
show da Cesaria Évora no Hall
principal (o mesmo do nosso), depois, um show fantástico do Vocal Sampler, um pouco do Afro-Reggae e, antes dos Ambrosios, resolvemos ir ao backstage
pra comer algo. Resultado – Hatu estava
lá querendo ir embora e acabamos a noite sem os Ambrosios mas pelo menos o Vocal
Sampler foi D+, assim como o passeio pela área ao redor do palácio.
Chegamos de volta ã meia-noite.
13 de Junho de 2000
Dia livre. Acordei às 9:30hp/ o café e a maioria da
galera continuou dormindo. Na sequência, fui montar o setup meu e dos burkinas no salão. Passei toda a manhã
trancado, fazendo a montagem numa tranqüilidade incrível pois os que tomaram
café voltaram pra dormir e todos só acordaram para o almoço. A cozinha não
preparou nada, então Gizaw teve que
comprar umas saladas, pão, pastas, etc. Pelo menos, mais tarde vai rolar o tão
esperado churrasco.
Depois do almoço, voltei ao setup e umas 3:00h, depois
do famoso “passeio no bosque”, acabei dormindo, enquanto Chon não chegava com Neill.
Só consegui acordar às 5:3 0h, em pleno churrasco. Foi bem legal, só que sem
sal e com bolo no final. Depois, todos empanturrados e passando mal, resolvi
decretar o feriado final, pois passaria o resto da noite discutindo o palco com
Neill e Chon.
Luana hoje,
desde a manhã esta com a cara toda inchada, mal pode abrir a boca. Gizaw levou-a para tomar sorvete
(recomendação medica) e ela até melhorou. Se sentir dor – Paracetamol.
Eveline, Irma,
Lucian, o motorista, todos estavam no churrasco.
14 de Junho de 2000
Primeiro
dia do novo esquema. Café às 9:00h e ensaio começando às 1 0h. Hoje não só Luana está de cara inchada, mas Nina também está com o vírus. Vão ter
que ter muita paciência e aguardar o tempo passar. Pela manhã, Chon explicou o cenário e a galera
repassou o que tinha montado.
Pausa para o almoço ã base de salada, pasta, pão e...
ufa...iogurte.
Volta ao ensaio, agora passando os passarinhos e
depois, os burkinas. Na seqüência,
treinei um som com os burkinas e
paramos para o jantar – macaroni, e voltamos pro som até Neill retornar.
Incrível! Os Gana chegaram! 2 caras, um de 16 e outro
de 17. Bizarro – um deles come vidro! Nem preciso falar mais nada...
Às 8 da noite, comecei o estudo com a galera e no
meio, briguei com Márcia e tirei ela
da sala (ela simplesmente se acha no direito de se recusar a fazer os
exercícios ou discutir sobre o assunto, o que faz parte das nossas regras
fundamentais). Eu já não tenho mais paciência e também já não me sinto obrigado
em relação ã ela. Se ela não quer, o problema agora é dela, pois não sou mágico
– Guilí Guilí!
Voltamos pro estudo depois de um intervalo de 5
minutos para eu me acalmar e para eles catarem os pedaços de giz e prosseguimos
no estudo até às 11:00h – nunca estiveram tão interessados. Depois, tive que ir ao quarto dos burkinas – eles estão pedindo ajuda por
causa das atitudes de Aisha em
relação às diárias deles nos casos deles errarem ou irem tocar comigo. Eu e Hatu passamos o pepino para Reinhard.
Já são 12:4 0h. Boa noite.
15 de Junho de 2000
...
16 de Junho de 2000
Os dias passam voando e já perdi a noção de tudo.
Hoje acordei às 8:00h e comecei a trabalhar com o
computador e vídeo. Passei a manhã com Neill
tentando montar as cenas com as musicas. No final da manhã, fomos ã lona onde
Eveline estava trabalhando o Adágio com Baba,
Julia, Bimbinho e Luana. A montagem é legal. Paramos para
o almoço que até que não era ruim. Levei um pouco para Nina, junto com algumas bananas. Ela continua uma bola.
À tarde, Neill
tentou montar a 2a parte do espetáculo e eu fiquei ouvindo outros
CDs para jogar no computador. As meninas entraram em crise com a acrobacia e
resolveram remontar com Eveline até o final da tarde, quando fui com Neill copiar as musicas no computador.
Ah! Tuur ligou e disse que vem
domingo e fica até terça.
Paramos para o jantar – Cocô. Levei um pouco do que se
salvava para Nina, que chegou a
reagir durante uma parte da tarde. No começo da noite, Nina estava com febre de mais de 38 graus e, ao mesmo tempo, chegou
o equipamento de som que eu precisava conferir o material. O medico que atendeu
Nina só vai estar no hospital
amanhã. Com o paracetamol, a febre baixou. Testei o equipamento e já eram 10 da
noite. Ajudei Sisay a desmontar e
guardar o material do picadeiro que hoje foi esquecido por todos, alias até Neill esqueceu todo o material
dele... ...foi um dia duro e
confuso. Ah! O gongo finalmente chegou!
Nina ainda
não havia comido e finalmente comeu
o iogurte da sobremesa e uma banana com granola. Está sem febre.
Hoje teve outro jogo da Holanda. É impossível não
saber – objetos de cor laranja para todos os lados, gritos, zueiras, parece no
Brasil.
amanhã
começo a trabalhar com Neill às 8:00h.
17 de Junho de 2000
Sábado. às 8:00h saí com Neill p/ trabalhar no computador La na casa onde ele está. Montamos
grande parte da trilha no computador. Meu relógio completamente louco- não uso
mais ele. 12:30h compramos alguma coisa pra comer e voltamos para Elst. Lá, o pessoal estava no intervalo
de almoço e começamos os ensaios da tarde tentando montar alguma coisa nova
para o espetáculo.
Às 16:3 0h, fui c/ Reinhard e Nina num novo
medico e foi bem melhor. Ele falou que Nina
agora está com uma bactéria que se aproveitou da situação e receitou um antibiótico
e + paracetamol.
No jantar até que tinha rango bom. Depois, passar os
números e mais testes de som, montagem de cenário, etc.
Já é bem tarde agora – 2:00h da manhã da página que
vem que começa igual a de hoje.
Obs – Tuur
chegou hoje à noite.
18 de Junho de 2000
Mais uma manhã de montagem da trilha no computador de Neill e mais um dia intenso de ensaio.
Todo o dia e noite foi para a montagem.
Sem palavras... ...estou exausto e só saí da lona às 11
da noite.
19 de Junho de 2000
Hoje é dia de maratona – saí com a equipe técnica (Baba, Bimbinho, Sumon e Neill) às 7:00h para o teatro para
começar a montar o palco e afinar as luzes. No meio do caminho, para evitar o
engarrafamento, Neill tentou um
caminho alternativo e acabamos perdidos. Até que foi legal, pois finalmente
encontramos estradas bonitas na Holanda, beirando alguns rios.
Chegamos, montamos o que podíamos e eu e Neill fizemos copia da trilha em um
mini-disk e na seqüência, paramos para um almoço holandês = Pão. Eu, Fábio e Baba, enquanto Neill tentava
montar o plano de luz, dormimos no chão do teatro – acho que o melhor chão que
já dormi. Estamos inaugurando este teatro novíssimo. Todos chegaram c/ as
bagagens e terminamos de montar o cenário e a luz, o que levou o resto do dia.
Jantamos num Mc Donalds ao pôr-do-sol e
fomos finalmente conhecer o nosso novo albergue (pelos próximos 3 dias). O
lugar é bom, + sofisticado que o anterior, mas os quartos são minúsculos, tipo
de navio. Já chegamos quase a meia-noite e fiquei conversando com Tuur até as 2:00h. amanhã ele continua com a gente.
20 de Junho de 2000
Mais um dia daqueles – café às 8 e saída pro teatro às
9:00h, o que significa chegar às 11:00h. Montamos o cenário, instrumentos e
provamos figurinos. Almoçamos pão e começamos a ensaiar a 2a parte tentando
montar a luz. Levou toda a tarde e não chegamos ao final do ensaio.
Lua nem
ensaiou por causa da garganta que amanheceu inflamada e com febre. Paramos pro
jantar numa pizzaria e fomos desmontar tudo, pois amanhã já não mais teremos o teatro.
Tuur,
pra variar, está dando a maior forca a todos, e ele fala inglês, português,
holandês e Frances fluentemente – pena que não fala chinês.
Depois de 1000 anos de desmontagem, seguimos o rumo do
novo albergue acompanhados de um pôr-do-sol inacreditável às 10:30 da noite.
21 de Junho de 2000
Hoje o café foi às 8h. Tentamos montar os colchões e o
cenário no parque do novo albergue por causa do vendaval mas não adiantou nada
– o vento era muito forte e o chão irregular.Montamos só os tatames e só deu
para fazer o aquecimento. Paramos para o almoço e, na seqüência, montamos os
tatames numa das salas e a galera ensaiou os números. Neill chegou às 3:00h – fizemos os beck ups das musicas com o mini-disk de Tuur e o computador de Neill pois o de ontem ficou no teatro e
só vai ser recuperado amanhã.
Paramos para o jantar e depois, Neill se despediu do grupo e seguimos para o aeroporto eu, Tuur ( que também estava indo embora), Aisha, Sisay, Gizaw e Subi(a australiana). Aproveitei para
botar o meu pedal para concertar. Na volta, só para variar, ficamos perdidos na
estrada. Chegamos +ou- às 10:3 0h. Tomei umas com Gissaw e o motorista e eles me apresentaram o Bagabum! Uma espécie
de cachaça.
Depois do banho, não satisfeito com a birita, vi
tandrinho e tive que levar um tempo tentando botar Raul pra fora. A cama girou
até eu dormir.
22 de Junho de 2000
Café às 9:00h. A galera acordou mais cedo para
treinar. Depois do café, a noticia de que, cedo da manhã, Gissaw havia levado Hamadoo
para o aeroporto e deportado ele por causa de duas grandes mancadas: num dia,
ele tentou entrar no quarto duma holandesa ã noite e, noutro dia, descobriram
que ele havia roubado uma chuteira no albergue de Elst e o cara de pau ainda negou.
Tivemos que desmontar os tatames, arrumar as malas,
carregar os carros e, depois do almoço, zarpar para o novo albergue que fica a
10 min de carro num lugar chamado Egmonden
(Egmond Àn Zee). O de agora eu nem sei o nome.
Chegamos, descarregamos e dividimos os quartos. Desta
vez, todas as mulheres no mesmo quarto e eu c/ Gissaw e Reinhard. Baba e Bimbinho ficaram com Hasan, Ilsad, Henry e Eric (os Ganas). Cantamos parabéns para
Sum Bo e fomos à pé até a cidade (15min) para jantar num restaurante
chinês. Foi divertido.
Na volta, havia mais uma orquestra nos seus encontros
de albergue. Gisaw reuniu o pessoal
para contar sobre Hamadoo – Abbi passou todo o tempo chorando.
Depois, tomei um banho e fui reconhecer o território. Na volta, um pouco de
papo com Gisaw e Ema e finalmente
deitar antes das 12:00h.
23 de Junho de 2000
24 de Junho de 2000
Dia do programa sobre o show do 1000 faces, Canal 1,
17:00h. Da pra ver na TV do bar.
O novo albergue fica num lugar muito bonito, coberto
de roseiras, mas a lei aqui é quanto mais flor, menos hospitalidade. São os
“peores” por aqui. Montamos os tatames na entrada principal e fizemos um ensaio
esquema lembrar seqüência e passar a trilha do mini-disk. O almoço foi
sanduíche do café e depois, tentamos remontar os números que eram c/ Hamadoo com Naná, Henry e Eric. Depois, repassamos tudo e fui ver na van o que
não seria usado no show. Antes disso, rolou o programa na TV. Foi bem legal –
30 min sem muitas câmeras diferentes + com boas imagens e bom áudio c/ alguns
cortes.
Depois, saímos para Bacum (Bedum), a vila mais
próxima, para jantar no chinês e, na volta, um pouco de papo e cama.
amanhã,
madrugo às 6:00h para adiantar o equipamento com Sisay e Reinhard para a Alemanha
– Troisdorf.
25 de Junho de 2000
Madrugamos e saímos com destino a Alemanha, parando em
Elst para deixar a famosa chuteira e
2 bolas que também apareceram. Chegamos ã cidade de Troisdorf nem sei que horas e começamos a tentar montar a
bagulhada. Era local aberto, numa praça, e o clima era chove-não-chove. Atrasou
muito por isso e acabou rolando nas cochas, sem o pano do cenário, sem muito
dos instrumentos e sem alguns números também. Em pleno dandis, começou a chover
pesado e foi foda. Molhou todos os instrumentos e deu um puta trabalho para
secar com aquecedor. Acabou que esses benditos na van e tiveram que ir no novo
ônibus com a gente para a Áustria.
O jantar já foi com cara de quem não está mais na
Holanda. Demos um role de uma hora pelo centro e fomos dormir às 10:30h no
ônibus, que é um modelo especial – só há 5 desses em toda a Alemanha. São camas
de verdade.
Tivemos que esperar até às 2 da manhã para seguir para
a Áustria pois era o horário permitido para o nosso motorista. Muito chulé,
ronco e perturbação até que todos dormiram. Algumas paradas para xixi e, na
Áustria, a visão já é outra – montanhas, lagos, florestas, tudo de verdade.
26 de Junho de 2000
Brergenz –
Áustria
Hoje é aniversario de Raquel. Chegamos no albergue às 9:30h e depois de descarregar as
bagagens e levar para os quartos (os melhores até agora), tomamos um café dos
bons: suco de laranja, granola, sucrilhos, leite, café, pão bom, queijo,
presunto, geléia e outras coisas mais.
Hoje, o dia é livre. Tomei um banho, reconheci a área
– temos internet por 40 chilins a hora. Não se pode ligar a cobrar daqui para o
Brasil e nem da Alemanha. Temos vista para as montanhas. Reorganizei as
papeladas da minha mala.
O almoço era um rango parecido com rango brasileiro.
Depois, um bom cochilo até as 4:30h– hora de cantar parabéns para Raquel! Comer bolo, beber refri, etc.
Na seqüência, catei Awassa pra
trançar meu cabelo, o que levou o resto da tarde até às 6:30h– hora do jantar –
frango a milanesa, salada e batata frita. Depois, levei os instrumentos para a
van. amanhã vamos de trem ao local
do ensaio (uma lona) que será às 10:3 0h. Às 14:00h tem foto e depois, a gente
volta pro albergue.
Estamos no quarto eu, Baba, Fábio, Henry e Eric.
27 de Junho de 2000
Hoje o café foi às 8:30h e depois, nos preparamos para
ir para a estação de trem. A vista da janela, no caminho, é linda – montanhas e
florestas. Chegamos na estação final e tivemos que esperar por Reinhard com a
van para seguirmos até o local do show de amanhã. Chegando lá, havia um cartaz
do Apocalíptica do lado do nosso.
Vou tentar assistir o show de depois de
amanhã.
Montamos os tatames e botamos os instrumentos no sol –
alguns ainda estavam molhados do show da Alemanha. Fiz um som com os burkina
enquanto a galera se aquecia. Paramos para almoçar lá mesmo e depois vestimos
os figurinos para uma sessão de fotos para a divulgação do show. Na seqüência,
rolou um ensaio “livre”, por falta de tempo- cada um passando seus números
simultaneamente.
Às 3:50h seguimos de volta a estação – nosso trem sai
às 4. A estação ficava do lado de uma pista de skate gigante onde rolava um
rock”n roll nas alturas. Ao fundo, montanhas invocadas. Voltamos para casa, a
troupe mais sujeita a ataque nazista de toda a Áustria, um bando de negão,
chinês e mestiços.
De volta ao albergue, tirei um cochilo e acordei pro
jantar – passei a ultima noite em claro por causa do cabelo que aperta até a
alma, nem podia encostar no travesseiro maravilhoso da cama. Às 8:00h comecei o
estudo com Baba e Neném. Estudamos até as 10:2 0h.
Depois, tentei tomar uma cerveja mas o bar já estava fechado. Falei com Virginia e Alethea por telefone. Por hoje é só, pessoal..
28 de Junho de 2000
Hoje é dia do 1o show. Saí cedo para a lona
e estava um frio dos diabos, nevando lá em cima das montanhas. Tivemos que
esperar a galera desmontar a estrutura do palco para montarmos a nossa, que
também deu um trabalho dos diabos.
Paramos para o almoço – batata e páprica recheada com
carne e arroz. Voltamos para a montagem do cenário. O resto da galera chegou e
ajudou, mas nem tanto, como sempre. Na seqüência, fizemos um ensaio corrido
para afinar a luz – só pudemos montar 1/3 da luz necessária.
O show começou sem muito publico e Fábio e Baba fizeram a performance da recepção. O show até que foi legal –
um pouco longo, talvez.
No final, a pior parte – desmontar o equipamento e
colocar na van. Jantamos no próprio local uma macarronada e copo de cerveja de
½ litro. Depois, sair voando para a estação para pegar o Último trem de volta.
É muito engraçado este grupo louco na rua e nos trens da vida.
Chegamos e fomos nos recolher. Agora, só amanhã de manhã, com sol, eu espero.
29 de Junho de 2000
Hoje depois do café fomos eu, Baba e Fábio ver o
teatro do lago – é incrível! Com um esqueleto gigante, o palco é um livro
aberto e a platéia fica em terra firme. Deve caber umas 2.000 pessoas. O lugar
é muito lindo. Depois, fomos ao comercio mais próximo e eu comprei filmes para
a maquina fotográfica. Na volta, almoçamos um frango delicioso e tirei uma
soneca até a hora de ir para a lona do show.
Perdemos 2 trens e, no 3o, conheci um
garoto que toca violoncelo. Chegando lá, montei o equipamento, rolou um
aquecimento (Fábio parou no meio – ele está com os primeiros sintomas do vírus
burkina e eu dei uns remédios pra ele).
O show deu pouca gente de novo e amanhã vamos tentar encurtar a 1a
parte que está com mais de 1 hora e é meio monótona. Quando acabou, desmontei
correndo o equipamento e Sube conseguiu
carona e convites para o show do Apocalíptica.
Chegamos no meio do show – fantástico, inacreditável,
pesado, amazing! Quando acabou, faltavam 20min para o Último trem e
conseguimos, nem sei como, uma carona de uns suíços até a estação. Pegamos o
Último trem e chegamos às 12:50h no albergue.
Tudo aconteceu da forma mais perfeita, pois não
conhecíamos nada por aqui. A noite estava quente (em pensar que ontem tinha
neve nas montanhas que a gente avista daqui).
Êéêêêeeeeeeee! Vi o show do Apocalíptica numa caverna!
Obs- telecard ( o cartão mais barato)
30 de Junho de 2000
Hoje acordei às 8:00h, tomei café e dormi de novo até
o almoço para descontar as noites sem dormir por causa do cabelo. Almocei e me
reuni com Hatu, Aisha, Gerjan e Suby para tentar fazer mudanças no
espetáculo. Tentamos reduzir 20min da 1a parte. Reduzimos andadas,
cortamos a dança de Naná e Abbi, a mala de Chan Hão, o bowl de Li e
reduzimos a dança dos Gana. Na seqüência, fomos conhecer o teatro do lago.
O Seebühne é difudê. O teatro a céu aberto é
para 7.000 pessoas e dentro, tem um outro para 1.500 e um galpão monstruoso de
1.800 metros quadrados para qualquer tipo de evento. Existem 2 tipos de
ingressos para o externo: um se chover, a galera passa para dentro, o outro, se chover, pega a grana de volta. Fomos
até o palco do teatro aberto onde está montado o cenário de uma opera sobre a
rainha da suíça que foi assassinada pela sua melhor amiga (Un ballo in
maschera - Um baile
de máscaras). O cenario é incrivel. O palvo é um livro aberto e um
esqueleto de 26m de altura. A orquestra toca no subsolo e o regente se guia por
cameras de TV. É inacreditável.
De volta ao nosso mundo, Lua treinou o dandis com Baba
e também fez o número da entrada da platéia. O show foi ótimo, todos gostaram e
a platéia também foi bem maior.
Jantamos, eu tomei o já tradicional copo de ½ de
cerveja, Anuk apareceu e voltamos
pro albergue. Chegando lá, tentei passar uns e-mails mas no 3o, pra Villas, acabaram as fichas e o
computador desligou.
1o de Julho de 2000
Hoje tem 2 shows – um às 15h e outro às 2 0h.
2o de Julho de 2000
Hoje é o Último show na Áustria. Acordei às 8:3 0h,
tomei café e fui ao computador internetar. Almoço às 12:00h e uma siesta ao ar
livre. às 14:00h, reunião com Hatu, Anuk, Tsubi, Aisha, Gerjan e a mulher
de Hatu sobre o show. Depois, fomos
eu, Hatu e a mulher dele levar Neném e Yong no hospital. Nos perdemos. Pegamos um túnel de 6.7km e fomos
parar na Alemanha. Voltamos tudo e
encontramos o hospital. Depois de 1000 burocracias, fomos aténdidos e Neném
caiu no antibiótico. Seguimos de carro para a lona e chegamos junto c/ o
pessoal que foi de trem, às 17:00h. Um lanche e aquecimento, figurino, show –
com bem mais gente.
No final, um jantar de ½ frango pra cada e sessão
desmontagem de equipamento e botar tudo na van, o que acabou a meia-noite. Fui
com Tsuby na van enquanto os outros
foram de trem. Gizaw chegou hoje
durante o show. Isso é bom.
Apesar de nos perdermos um pouco, ainda chegamos antes
do pessoal. Até amanhã.
3 de Julho de 2000
Hoje a nossa saída da Áustria foi às 9:3 0h. Um ônibus
confortável e uma viagem de 2 horas até Munique (München), na Alemanha. Chegamos ao albergue, organizamos os quartos (eu, Baba e Bimbinho no mesmo quarto, desta vez sem os Ganas, graças a deus, e
seguimos ã pé para o local do show. São varias lonas grandes com vários
acontecimentos simultâneos e uma feira de artesanato de todo o mundo. O
festival chama-se TollWood e é um
dos mais importantes da Europa.
Almoçamos fartamente às
14:00h e eu e Lua ficamos para uma
entrevista pro jornal e também uma reunião técnica sobre luz, som, etc. No
final da tarde, todos voltaram e fomos jantar no restaurante, que fica do lado
da lona de shows. Eu descobri que hoje tem Nina Hagen e nos próximos dias vai
rolar Lou Reed, Jan Garbarek e outras milongas mais.
Depois do jantar, a galera
foi assistir o show do grupo de malabaristas franceses que vai se apresentar
com a gente no festival da Inglaterra e eu aproveitei e fugi p/ o show da Nina
Hagen! Êeeeeeee... ainda peguei o final dos malabaristas e ficamos esperando a
chuva passar.
De volta ao albergue –
banho, mel e limão para a garganta e travesseiro de pena como na Áustria. Ahh,
aqui tem picina.
4 de Julho de 2000
Acordamos às 7:30he às 7:50 entramos na fila do café.
Granolas, iogurte, etc. Às 9:00h, saímos para o local do festival.
Rolou uma reunião sobre o festival, o espetáculo e a
necessidade de aumentar a 2a parte. Passamos o resto da manhã
tentando montar o numero dos Gana colocando os equilíbrios e o come-vidro.
Parada para o almoço e, na seqüência, cada grupo
treinou seus números individualmente. Eu aproveitei para fazer manutenção do
soprano e tocar um pouco com Adama.
No final da tarde, demos um rolé e fomos jantar (ossos gigantescos de costela).
Assistimos parte do show de Natalie Cole e eu fui ver a performance dos
franceses: Traboule & Cie Haboul Distorcion que eu
havia perdido ontem. Nisso, já são 1:00h da manha. Voltar pro albergue, tomar
banho, tomar mel c/ limão e cama.
5 de Julho de 2000
Hoje, café às 8:00h e às 9, a equipe técnica começou a
montagem do cenário, luz e som. Dos 3, o único tranqüilo foi o som – ponto pra
mim. O resto, mó barril – brigas entre Sisay
e Hatu no cenário, tendo que os alemães
interferirem para fazer o negocio andar. Já na luz, Anuk acabou xingando Hatu
porque ele não queria botar luz na platéia para a hora do jogo dos ouvidos. Ele
saiu puto e não voltou mais. Resultado – sobrou para mim. Depois da checagem de
som, almoço – fui o Último. Na seqüência, tive que montar o plano de luz com os
técnicos do festival, o que levou a tarde inteira e começo da noite. Paramos às
7:30h e só deu tempo de conferir os instrumentos do meu palco e botar figurino.
Baba e Bimbinho fizeram a recepção e o
espetáculo rolou c/ Anuk tentando
fazer a luz, pois Hatu não voltou +.
Resultado – vários planos trocados e o show rolou cheio de falhas para todos os
lados – luz, performance, microfones dos burkinas,
Aziz teve que trocar de djembê no
meio do show e ainda teve uma ziguizira no braço – circo dos 1000 problemas.
Ainda bem que a platéia é sempre estúpida e adorou, para variar. Já a equipe
técnica do local, pra lá de profissionais, nem tanto.
Cada dia que passa me convenço que Reinhard talvez não passe de um
vigarista. Nunca no Brasil trabalhei com tanto amador junto. Agora tenho que
acumular funções: musico, assistente de direção, iluminador, contra-regra, etc.
Depois do show, banquete e cama. Tentamos ligar para
Anselmo mas ele não estava.
6 de Julho de 2000
Café às 9:00h e depois de resolver a roupa suja do
grupo, um banho de piscina para relaxar (eu
Baba, Fábio e os chineses). Às 11:3
0h, saí c/ Anuk e Sisay para reunião de luz e som às 12. Às
2:00h, fomos c/ o resto do grupo pro almoço e, na seqüência, fizemos um ensaio
geral pra luz e som.
Hoje foi minha vez de ser diretor pois, depois da
crise de Hatu de ontem, agora sou o
único capaz de guiar o ensaio. Às 5h tivemos que parar por causa do horário do
workshop. Aproveitei para dar um rolé pela feira e vi um show legal de blues.
Voltamos pro aquecimento e figurinos e dei uma fugida
pra ouvir do lado de fora alguma coisa do show do Jan Garbarek. Quando voltei, já era hora de Baba e Fábio fazerem a
recepção.
O show rolou melhor que o de ontem, porém, c/
problemas no monitor e em algumas das luzes. Os chineses também inventaram de
mudar o numero de Sum Mon –
resultado: mil pedaços de tijolo por todo o palco. Eu, Lua e Márcia tivemos que
improvisar um novo numero para varrer o palco. Dessa vez não rolou intervalo e
tivemos que não dar biss depois do espetáculo por causa do horário – tem que
acabar às 10. Tiramos o figurino e fomos jantar. Depois, voltamos para casa e
eu liguei para Anselmo para pegar o numero de Paolo e passar o WWW.tollwood.de.
Já fui.
Obs- cortamos o come-vidro do show.
7 de Julho de 2000
Acordei às 8:30he tomei o café. Fui até a lona e, de
lá, segui c/ Gizaw e Carolina (uma das
funcionarias do Tollwood Festival)
ao centro de Munique pra eu enviar pelo Western Union 639DM (+52 de taxa) pra
meu pai passar pra Nancy. Enquanto
isso, deixei a galera estudando. Baba,
Márcia e Neném fizeram o
exercício de matemática.
No centro, depois que alguns pepinos que Gizaw tinha para resolver, compramos os
jornais do dia c/ as matérias do espetáculo e seguimos para a lona. Tive que
re-estruturar o espetáculo para que não passasse das 1:00h por causa da lei
local.
Parada para o almoço às 2:00h e fiz uma reunião c/
1000 faces pra corrigir os pepinos e controlar o time às 3:00h. Na seqüência,
era a vez do workshop da galera e eu dei um role para filmar a feira do
festival e as performances. De volta ao circo rolou passagem de som para
corrigir o meu monitor e já era tempo de aquecimento.
Li Shao Hue
teve um problema no pé e tivemos que fazer uma adaptação de ultima hora no
numero da tempestade. Figurino no corpo e já é hora de Bimbinho e Baba
(Babimbi) caírem na gandaia.
O espetáculo foi o melhor até hoje e acabou exatamente
às 1 0h. No final, mais pepinos:
amanhã teremos que encurtar mais 15min pois vai ter intervalo. amanhã o circo estará lotado e também
terá toda a imprensa alemã.
8 de Julho de 2000
Hoje acordamos às 8:3 0h, tomamos café e seguimos pra
lona. À
1:00h fiz uma reunião c/ toda a equipe para explicar
sobre as mudanças do espetáculo da noite. Tivemos que encurtar 15min do show
por causa do coquetel de imprensa. Cortei um pedaço da mágica de Hassan, o numero de Li & Yan Jau por causa do pé de
Li e encurtei a dança burkina, além de cortar a dança do final pra não
passar das 10.
Depois da reunião, os burkinas treinaram as mudanças e fomos almoçar às 2:00h. Na seqüência,
quase tempo nenhum e já era hora do aquecimento (leve por causa das barrigas).
Esse show da tarde é no estilo do de ontem, ou seja, completo. As portas se
abrem às 2:45h e o show começa às 3:30.
Foi casa cheia e os meninos tiveram que palhaçar
bastante. A tarde depois do show foi de sono e frio profundos e só acordamos
pro aquecimento do segundo show. Casa totalmente lotada c/ toda imprensa alemã
e convidados. Cerca de 1.100 pessoas. Rolou tudo no tempo certo e a musica
também saiu legal. Pena que o malabares de Baba
quebrou no final do numero.
Hora de jantar peixe cru e gororoba, dar um role no
frio – hoje esfriou mesmo – e voltar pra casa.
Hoje conheci a organizadora do evento. amanhã levo o book em português, pois
talvez não chege o material da Holanda até 2a feira.
amanhã é
o Último dia de show em Munique. Márcia tem agora gesso e muleta
vermelha.
9 de Julho de 2000
Hoje é o Último dia de show aqui em Munique. Acordei às 8:30, tomei café e
me preparei para ir ã lona, pois havia marcado treino para às 10:30h mas todos
estavam exaustos. Acabamos dormindo e descansando o resto da manhã. Às 12:00h
fomos para lona e almoçamos às 13:00h. Depois do almoço, fui aos camarins para
lembrar às galeras os últimos vacilos. Às 14:15h já começava a entrar gente e,
desta vez, Fábio e Baba não fizeram a recepção porque as
melhores cadeiras estavam reservadas para os Barões e quem pagava pegava os
piores lugares. Isso deu um certo rolo. O espetáculo foi bem, mas a acrobacia
foi uma bomba, bem como a musica da contorção.
Depois do show, um lanchinho e uma hora de relax antes
de se reunir para pequenos consertos, aquecimento e figurinos.
O show da noite rolou legal, só que Abbi desmaiou no final (falta de água
no organismo). Jantar e desmontagem na chuva. Do Brasil, eu e Baba. Acabamos às 12:10h e eu fui ligar
para Villas e para Nancy mas de La só encontrei a
maquina. Agora é hora de arrumar as malas, fazer o diário c/ Nina e já são + de 2 da manhã.
10 de Julho de 2000
Dia de viajar de novo. Acordar às 8:00h, tomar café e
devolver o quarto às 1 0h. Colocamos as malas num quarto e seguimos pra lona.
De lá, seguimos pro estádio Olímpia, onde rolou as olimpíadas de 72 no ano de
sua inauguração – rolou atentado coreano.
O estádio é fantástico e o parque das piscinas também
é incrível. Atrás, vimos uma cama elástica daquelas do aeroclube. Resultado –
até eu pulei. Depois, fomos almoçar – o nosso Último momento Tollwood. Nos
despedimos de Andre, Carolina, Uta,
Patric e toda a equipe. Levamos um aluguel do Buzú no albergue e eu tive que discutir com
os funcionários que queriam nos expulsar. Quando o buzú finalmente chegou, nós
o enfeitamos com bolas pros aniversários de Chan Hao e Chien Si Dim.
Seguimos viagem e chegamos 5 horas depois numa Mac
Donalds onde jantamos e compramos relógios de 10 DM. Mais 40 minutos de viagem
e chegamos ao local de destino, depois de uma ladeira bizarra e estreita e um
castelo.
As meninas ficaram num lugar e os meninos em outro.
Tive que descer minha mala terrível numa ladeira e quando cheguei no quarto –
uma merda, além de ter que dividir com um Gana, 2 burkinas, Fábio e Baba. Minha cara era tão feia que
resolveram me transferir para outro prédio e acabei ficando de barão, num
quarto difudê só pra mim – quem não chora, não mama.
Banho e cama.
11 de Julho de 2000
Hoje acordei às 8:30h com o corpo todo mastigado,
apesar da mordomia. Tomei café às 9:00h, bom como as ultimas semanas.
Selecionamos 2 pessoas de cada grupo (dos burkinas
e ganas só foi um de cada) e os tradutores e seguimos para o Municipal de Karlsruhe, a cidade onde
estamos.
Tínhamos uma entrevista e um encontro com o ministro
de cultura daqui. Mil blablablas de boas vindas (pobres Neném e Julia) e um
vídeo documentário sobre a cidade. Depois, presentinhos, lanchinho e um papo c/
o ministro sobre o trabalho social da Picolino.
Algumas fotos depois, seguimos para o lugar do show, que é bem pior do que o
último.
Amanhã terei muito trabalho para reorganizar a
movimentação do backstage. Almoçamos num lugar bem chique c/ comida ã vontade.
Não consigo me acostumar com o desperdício de comida das meninas do Brasil – ê
olho maior que a barriga!
Na seqüência, escolhi alguns do grupo para fazer um
programa de TV – Íon, Hassan, Yasmin, Neném e Naná – e seguimos para a cidade do
programa. No meio do caminho, todos dormiram. Chegando lá, ensaios e lutas para
se comunicar com a chinesa e o burkina.
O programa era esquema todos se apresentando ao mesmo
tempo por 7 minutos ao vivo com entrevista. Gizaw teve que fazer a entrevista pois não avia maquina de tradução
simultânea, e eu fiquei tocando berimbau com a performance do grupo.
Jantamos depois do programa e voltamos para o hotel –
o lugar + lindo até agora. Somos vizinhos de um castelo, no alto de uma
montanha. Temos tudo o que é esporte nas mãos, cascata artificial com cara de
verdadeira, piscina c/ 3m e 40cm de profundidade e uma linda vista da cidade.
Pena que eu mal posso usar.
Agora estou a escrever o diário no velho-novo esquema Nina.
12 de Julho de 2000
Hoje é dia do primeiro show em Karlsruhe, no Tallhaus Festival. Ha alguns dias
atrás, rolou Michael Breaker and Pat Metheny. O festival é bom, mas o
palco, para a nossa performance, é bem ruim, pois não tem backstage e sim, um
penhasco. Tive um trabalho imenso para organizar a movimentação de palco, além
da montagem de cenário, luz e som. A montagem levou todo o dia até a véspera do
show. Reunião p/ explicar às mudanças e já é hora do show.
Felizmente foi legal. + um ponto pro novo diretor. Na seqüência,
jantar e discussões sobre o próximo local de show. Teremos problemas, pois o
palco é só 6mx6m, enquanto que o nosso é 9mx6m. Fiquei até mais tarde discutindo
o assunto e decidimos que iríamos cedo da manhã de amanhã ir até o local para saber melhor o que fazer.
13 de Julho de 2000
Acordar às 7:30h e sair às 8 para o próximo local de
show – um teatro em ...?
Resultado pelo que vi: vários números cortados,
inclusive o dandis. Cenário cortado pelo meio. O show aqui é amanhã às 10:30h e
hoje temos um às 3:00h e outro às 20:3 0h.
Na volta para Karlsruhe,
preparamos nossa bagagem e despachamos c/ o carro, pois depois do 2o
show, eu, Sisay, Anuk e Reinhard (que chega hoje) vamos
desmontar o equipamento e transportar e remontar no próximo local. Vamos dormir
por lá mesmo.
Chegamos de volta na hora do almoço. Mais uma reunião
p/ explicar que os mais novos não iriam participar desse barril.
O 1o show foi meio frio, apesar da casa
lotada. Depois, + uma reunião p/ explicar as mudanças e já é hora de aquecer
pro próximo show. Foi o melhor dos 3, ainda bem. Depois, o barril da
desmontagem e a mudança. Começamos a 00:30h do dia 14 e fomos dormir num hotel
aqui na nova cidade.
14 de Julho de 2000
Hoje acordei às 7:3 0h, tomamos café e seguimos pro
teatro para afinar a luz e checar o som. O pessoal chegou às 9:00h e já era
tempo de começar a se preparar pro show programado para 10:30h sem as crianças
menores por causa do excesso de trabalho.
O show rolou como tinha que rolar e até que não foi
ruim. Depois de uma entrevista pro jornal local, almoçamos e me reuni c/ Reinhard p/ discutir a montagem da luz
e cenário de Antwerp. Ficamos até as
2:00h e voltamos pro albergue – na verdade, chegamos La pela primeira vez.
Último andar com o banheiro no subsolo, que tal?
Dormi até as 5h e tiramos uma foto coletiva com todos
com cara de sono. Voltamos depois para o teatro para o show da noite.
Fiz uma reunião com a equipe pra explicar como seria a
movimentação e para avisar quais os números que não poderiam ser realizados
naquele palco minúsculo. Logo agora que a equipe está completa,
Antes do show, rolou uma baixaria com um Gana e um
burkina mas chefe Gizaw apareceu no
final. O show correu bem. Depois, jantar e voltar pra casa. Chegando de volta,
mais baixaria – o Hatão proibiu toda
a equipe chinesa de falar c/ as meninas do Brasil. Passei um tempo da noite
reunido c/ Gizaw e Reinhard tentando achar uma maneira de
liquidar o monstro.
Até
amanhã.
15 de Julho de 2000
Acordamos às 8:30h, tomamos café e saímos à 1:00h para
a escola onde rolou workshop das 11 às 16:00h. Lua organizou as equipes. Rolou acrobacia, malabares, música do
Brasil, Kong fu e tai chi da china
e danças da Burkina e de Gana. Uma pausa às 13:00h pro almoço e às 14:00h,
apresentação de Hassan e Ilsad com mais workshops na seqüência
até as 15:3 0h, quando cada grupo montou uma pequena apresentação para
demonstração com os alunos participantes. Ao todo, eram 70 crianças. Foi bem
legal e fomos elogiados. No final, camisas pra todos (mais bagulho pra
bagagem).
De lá, seguimos para o teatro e cada um cuidou de sua
vida até a hora de se organizar pro show da noite. A casa estava lotadíssima
com muita gente em pé. Alguns problemas na luz mas nada tão serio e + um show
bem sucedido.
Hoje é dia de desmontar tudo e botar na van. Amanhã a
gente parte para outra cidade e no mesmo dia vamos para Antwerp, na Bélgica, depois de um show às 9 da noite. Eu me
dispensei da equipe de montagem que parte
amanhã às 8:00h. Vou c/ o grupo às 13:00h. Hoje acho que durmo. São 12:30h
e estou a escrever o diário meu e de Nina
de cada dia.
16 de Julho de 2000
Hoje é dia infernal. Acordei às 9:00h pro café e fomos
arrumar as coisas pra saída na seqüência do almoço, com destino a próxima
cidade alemã (...). Depois de 7 horas de viagem, jantamos e seguimos pro local
do show, que fora transferido pra um galpão por causa do mau tempo. O show foi
às 9:30h e, apesar do cansaço, foi razoável. Casa cheia pra variar.
Depois do show, arrumar tudo pra seguir viagem pra
Bélgica. Adeus Alemanha.
Saímos a meia noite e chegamos as 4 da manhã. Tive que
lutar pra achar um orelhão e descobrir o código para ligar ã cobrar pro Brasil.
Pela primeira vez vi o céu clarear na Europa e acabei dormindo às 5 da manhã.
17 de Julho de 2000
Hoje foi mais um dia de cansaço. Dormi às 5h e acordei
às 9:00h pro pior café do mundo, voltei pra cama e acordei às 11:00h pra ir pra
lona montar cenário, luz e som. Até que a montagem correu bem. Às 4:00h, quando
a equipe chegou, só faltava o
plano de luz. Fizemos uma reunião e ensaiamos algumas partes do show que
precisavam de reparos.
Às 18:30h rolou o aquecimento ao som do cd da Picolino e às 7:15 abriram as portas.
Casa lotada. O show rolou cheio de pepinos inesperados tipo defeito no
mini-disc, pessoas fora do centro e Aziz
c/ problema na mão teve que parar de tocar antes do malabares. Naná tentou substituir às pressas +
não chegou a salvar a pátria.
amanhã terei muito trabalho para resolver este pepino.
Depois do show, de volta ao albergue, serviram comida
de cachorro pro jantar e todos fizeram greve. Uma hora depois, arranjaram um
rango chinês. Agora já são 1 da manhã e eu já fui.
Obs: Antwerp é
até interessante, se não fosse pelo albergue e o rango.
18 de Julho de 2000
Acordamos pro café às 8:30h– os outros, porque só
acordei mesmo às 9:00h quando fomos pra um clube tomar banho de piscina. às 11:00h,
voltei com os burkinas para decidir
como seriam as substituições de Aziz
na percussão. Paramos pro almoço e finalmente inauguramos a farinha. Depois do
almoço me reuni com Gizaw e a
produção local para discutir a má estadia e alimentação.
Às 3:00h
segui com os burkinas pra lona pra ensaiar as substituições. A galera chegou um
pouco depois das 4:00h e Lua foi c/
a produção comprar bolos e presentes pros aniversariantes do dia: Henry, Li e Adama.
Cantamos parabéns e eu e Tuur tocamos saxofone e acordeom. Na seqüência, dei uma entrevista
e já era hora de reunir o pessoal para a preparação do show.
Apesar dos pesares, rolou bem. Depois, voltamos pro
albergue e comemos ração c/ shoyu.
amanhã vamos sair dessa espelunca. Reinhard
que se vire pra resolver o pepino.
Obs: Acho que peguei uma gripe. Tuur apareceu e ficou com a gente.
19 de Julho de 2000
Hoje tomamos café às 8:30h e à 1:00h tivemos que
descer a bagagem. Depois do almoço iremos pra nova estadia. Enquanto isso,
cantamos e dançamos no jardim. Aproveitei Tuur
pra fazer c/ Baba, Márcia e Nanem a pesquisa de geografia sobre a Bélgica. Almoçamos melhor que
o de costume do local e ficamos a esperar o ônibus que atrasou uma hora.
Nos
mudamos finalmente para um hotel de verdade, com quartos individuais
para todos e depois, já às 3:3 0h, seguimos ã pé para a lona que não ficava muito longe da nossa
nova casa. Chegando lá, cada um cuidando dos seus. Raquel acabou machucando o dedo da mão no treino. Resultado –
corre-corre pra adaptar números e musicas, o que levou todo o tempo restante
até a hora do show.
Márcia
substituiu Raquel no malabares e até
que se saiu bem. Lua cobriu a
acrobacia. O show foi bem melhor do que eu esperava e hoje a escola de Tuur veio ver o espetáculo.
Voltamos pro hotel às 10:40h e jantamos descentemente
finalmente. Agora são 12:20h e estou a fazer o diário com Nina como diz o nosso novo costume. amanhã tem mais.
Hoje Tuur
não pode continuar com a gente e foi dormir na casa de um amigo.
Obs: estou realmente gripado.
20 de Julho de 2000
Hoje acordamos às 8:30h, tomamos café e a galera foi
treinar na lona às 1 0h. Eu fui me reunir com Gizaw e Hatu para
definir os horários de treino de cada grupo. Almoçamos às 13:00h e às 14:40h,
perto daqui, fomos às câmaras cromadas em forma de bolha que também faziam
parte do festival. Voltamos às 16:30h e às 17:00h o nosso grupo saiu para a
lona ( os outros treinaram durante a tarde).
Os burkinas
ainda estavam ensaiando quando chegamos e eu fui com Lua ligar para Anselmo.
Na volta, rolou um ensaio dos ganas e as meninas tiveram que remontar a
acrobacia porque Fábio está
reclamando que fica cansado e Baba
também.
Já era hora de aquecer. 4o dia de casa
lotada –uma media de 900 pessoas – e rolou legal, c/ alguns pepinos. Aziz tocou à partir do malabares e Naná tocou c/ a gente durante a
acrobacia.
Na volta, jantar sem tempero, como é de costume, às 22:30h e conversar um pouco com Tuur. Lá se vai mais um dia voador. Não
sei o que faço para estudar com a galera – Guilí guilí!
Hoje eu e Nina
fizemos o diário cada um no seu andar do hotel. Deixei o relógio no palco...vou
dormir.
21 de Julho de 2000
Acordei às 9:00h e às 1:00h a galera foi treinar e eu
fiquei organizando papeladas pro circo. Às 13:00h rolou almoço e depois,
reunião do Brasil – há muito que não fazíamos. Foi bom para todos. No final, eu
Baba, Márcia e Neném estudamos
até as 16:3 0h. Era hora da galera começar a se preparar para ir pra lona.
Chegamos às 17:20h e depois de alguns retoques de
microfones e ensaios aleatórios, fizemos reunião de show para controlar
maluquices de Sum Bo e outras milongas.
Fizemos o aquecimento comandado por Chan
(da pesada) e a galera ensaiou malabares e acrobacias. Hoje era o último show
da semana e, felizmente, foi o melhor.
Ao final, todos voltaram e eu fiquei para dar uma
entrevista. Cheguei com Tuur mais
tarde, jantamos, a galera foi ver um filme de terror e eu fui dormir.
22 de Julho de 2000
Hoje é dia de maresia. Acordei às 9:20h e corri para
não perder o café. Depois, às 1 0h, comecei os estudos com Baba, Neném e Márcia. Finalmente conseguimos adiantar
um pouco do Vampiro. Paramos às 12:30h e às 13:00h almoçamos.
À tarde, fui com Tuur
e Nina levar coisas nossas que
ficarão na caixa cinza pequena na Holanda até o final da turnê. No final,
ficamos a contemplar a vagareza dos barcos de carga em paralelo a alguns
truques de Jet ski, além de um pouco de tandris.
Seguimos para a tal rua de lojas de 2a mão e passamos pro um caminho incrível
onde as casas são iguais ao chão. Encontramos Gizaw, Anuk, Lua e Jú num palco que estava sendo montado na praça e as meninas
seguiram com a gente. Compramos CDs, livros, tomamos uma e voltamos pro hotel.
Já era hora de jantar. Depois de alimentados - papo, café e chocolate. Eu e Tuur fomos então ouvir os nossos novos
CDs no quarto de Baba.
Já são 22:15h. A galera vê mais filme ruim e eu com Nina a adiantar o diário. Não acredito
que nada + aconteça para ser escrito, então, o resto é silencio.
23 de Julho de 2000
Hoje é domingo de descanso. Acordei às 9:40h e fui pro
café que acabava às 1 0h. Na seqüência , fomos eu e Lua ao show da praça (os outros não quiseram). Aproveitamos e
filmamos e fotografamos o centro da cidade. Voltamos às 13:30h pro almoço e 30
minutos depois, fui ã sala de musculação suar um pouco. A tarde, dormi como uma
pedra e foi a vez da galera ir ao show da praça.
Depois do jantar, estudei com Baba, Márcia e Neném e fizemos as cartas para as
escolas no final da noite. Lua, Neném e Márcia ficaram presas no elevador e eu e Nina ficamos de companhia enquanto o serviço técnico não chegava.
Aproveitamos para fazer o diário de bordo – eu com esse lápis de Tuur c/ a ponta quebrada…
amanhã é
dia de workshop e show. A nossa 2a semana de Antwerp ( o joga-mão – Ant = mão ; Werpen = jogar. Um maluco cortou
a própria mão e jogou no rio.
24 de Julho de 2000
Hoje a galera saiu cedo pra treinar e eu acordei às 9:00h
pro café. Passei a manhã tentando organizar o meu caderno. Almoçamos às 12:30h pra
dar tempo de ir ã lona arrumar os colchões pros workshops da tarde, que
começavam às 14:00h. Do nosso grupo, hoje é dia de Fábio, Nina e Julia darem
aula de acrobacia.
Tudo começou bem, porem, do meio pro fim, o caldo
entornou. Primeiro, os burkinas não
queriam fazer o 3o round porque só tinha criança pequena e, pra piorar, os
chineses, que tinham a turma mais cheia, fizeram greve. Ah, e começou a chover!
Resultado: a galera do Brasil teve que dar conta do prejuízo – botamos todos no
picadeiro para treinar acrobacia.
Quando acabou, às 17:00h, voltamos pra nossa rotina –
merenda ruim, manutenção de instrumentos, ensaios de malabares e acrobacia,
pois Nina está troncha, etc.
O aquecimento hoje foi dado por Adama, na mais agreste metodologia burkina. A noite, a chuva não
parou de cair e abriram as portas do circo mais cedo que o de costume. De
resto, a palhaçada de sempre dos meninos na recepção. Durante o show, alguns
dos nossos números ficaram prejudicados: no malabares, deu tilt na música ; na
acrobacia, algumas atrapalhadas e, no final, a pirâmide desmoronou por cima de Baba.
Fim de show, backstage totalmente alagado. O tempo virou
mesmo e a previsão não melhora tão cedo. Volta pro hotel, rango c/ curry e
pimenta, roupa suja pra lavar
amanhã e diário de bordo c/ espirros e barulho de chuva lá for a. amanhã tem bis.
25 de Julho de 2000
Hoje acordei às 9:00h e a galera estava saindo para
treinar. Tomei café e ajudei a juntar a roupa suja da companhia para mandar
para a lavanderia. Passei o resto da manhã lavando meia e cueca e de bobeira.
Já perto do meio-dia, liguei para Villas
do orelhão e encontrei a galera voltando do treino fazendo desfile de malabares
pelas ruas das boutiques de putas.
Almoçamos, decidimos a ordem dos workshops, arrumamos
as roupas lavadas e voltamos para a lona. Do Brasil, hoje é dia de Baba, Raquel e Márcia. O
workshop começou com aquecimento e aula de Kong Fu, depois foi a vez dos
brazuka e por fim, os burkinas das 16
às 17:00h. Eu aproveitei para estudar chinês.
O resto do pessoal chegou e alguns foram treinar. Nós
ensaiamos acrobacias e malabares. Depois, hora de aquecimento, figurino, etc.
Hoje felizmente não esta chovendo mas ta um frio dos diabos.
O espetáculo de casa cheia rolou legal e fizemos os
melhores números brasileiros até hoje.. O desastre de ontem serviu de estímulo.
Minha calca rasgou em plena acrobacia mas deu tempo de trocar durante a dança
burkina.
Final de show, trocar de roupa, guardar os
instrumentos de valor, bater papo e voltar pro jantar do hotel.
Hoje Gizaw
está de volta e o alemão seguiu viagem. Costurar calca rasgada e cama sem
banho. WanChanHaw! Boa noite em chinês.
26 de Julho de 2000
Acordar às 9:00h e estudar com os meninos. Baba e Márcia filaram e eu estudei com Neném e Fábio História e
inglês das 9:30h às 12:3 0h. Paramos para almoçar e, de tarde, Julia, Neném Bimbinho e Nina foram dar workshop. Eu dormi até
as 15:30, tomei um banho e depois fui pra lona.
Rolou reunião com todo o grupo para resolver o bagulho
do backstage e outros pepinos e Gizaw
explicou como seria a ida para a Inglaterra.
O show rolou normal mas, no final, quebra-pau de chinês e burkina por causa
da pirâmide. Já tinha rolado baixaria na reunião pelos mesmos grupos, só que
indivíduos distintos. Acabamos fazendo reunião geral apos o show para resolver
o pepino. Choros e velas até o jantar. Depois, conversa e cama – só amanhã de
manhã.
Personagens do dia – Li, Adama, Ian e Mamuni.
27 de Julho de 2000
Acordando às 9:00h, tomando café e conversando com Aisha mais um pouco sobre ontem. Falei
com Tuur por telefone e ele chega
hoje à noite. Depois do almoço, estudei com Neném e Baba (Márcia filou de novo). Depois, treinei Salomão para filmar o show.
Fui para a lona em plena chuva das 16:00h e parei num
brechó e comprei boas roupas usadas. Chegando na lona, remontagem da pirâmide
para separar as brigas. Alguns ensaios e vamos nessa.
Morri de dor de cabeça no começo do show e acabei
caindo no paracetamol. O show rolou bem bom e Tuur estava na platéia c/ o irmão e um amigo. No finalzinho, um
pouco mais de circo das 1000 baixarias e a ultima dança tinha birkina pra tudo
que é lado.
Uma cervejinha depois e, de carona, pegar a ultima
hora de jantar, ouvir os discos que Tuur
me trouxe e conversar com Lua, Nina e
Tuur.
Personagens do dia – dançarinos burkina.
28 de Julho de 2000
Hoje é o Último show de Antwerp. Acordamos, tomamos café e às 11:00h tínhamos que estar do
lado de for a dos quartos com as malas que iriam para a Inglaterra com a gente.
Enquanto o almoço não vinha, decidimos dar um role e acabamos achando uma outra
loja de 2a mão e fizemos a festa – casacos de couro e tudo o mais. Voltamos correndo
na chuva para o almoço com roupas, chocolates e óculos e depois, seguimos todos
para a lona, com os que iriam dar o workshop partindo na frente.
Lá, colocamos as malas grandes no vagão e as pequenas
na van. Os workshops rolaram e eu mostrei para Tuur as manhãs da câmera para ele filmar o show. Hoje apareceram as
Belgas-brasileiras e tudo o mais.
Depois do show, o barril da desmontagem do equipamento
e encher a van. Eu, Lua e Nina tomamos uma cervejinha, nos
despedimos de Tuur e o ônibus já
estava pronto para seguir viagem. Destino – Cale, na França, onde às 2:00h
pegaremos o navio para a Inglaterra.
29 de Julho de 2000
O dia começou c/ viagens. 1 hora e meia de navio até a
Inglaterra e mais 7 horas de ônibus até a cidade de Stockton. + um albergue daqueles. Dividimos os quartos e seguimos
pro local do show. Chegando lá, almoçamos bem e fomos conhecer a lona.
Decepção – era minúscula e peba. Vou ter muitos
pepinos por aqui. Aproveitei pra assistir a um grupo que estava se apresentando
lá – nada de incrível – uma circomedia. Depois, perambulamos c/ sono e frio até
a hora do jantar e voltamos pro albergue pra finalmente descansar de verdade.
Ferry para a Inglaterra –
no centro, eu e Chan Hao, nos lados, Wa e Sin
-Telefonamos pros do Batuque no Brasil.
30 de Julho de 2000
Hoje acordamos
pro café às 9:00h estilo podreira com bacon, ovos, batata frita e tudo o +.
Voltei a dormir pra compensar o cansaço e fomos às 11:00h pro ônibus que nos
leva ao centro do evento. No meio do caminho descobrimos que era pra ter rolado
workshop e que a gente teria que improvisar alguma coisa para a BBC de Londres.
Chegamos, montamos os colchões ao ar livre e começamos
c/ aquecimento chinês. No meio, virou mangue porque os repórteres queriam
filmar desse e daquele jeito. Aquela altura, já era malabares pra tudo que era
lado.
Às 14:00h, paramos para o almoço c/ chuva e voltamos
pra terminar o serviço c/ dança burkina e demonstração armengue de acrobacia
recheada de entrevistas.
Às 17:00h, desmontamos os colchões e ficamos de
bobeira até as 18:3 0h, quando jantamos e depois andamos kilometros até o lugar
do suposto cinema – até os tickets já haviam sido comprados e… … Guilí guilí! O motorista se negou a
buscar a gente depois do filme. Resultado – volta todo mundo pra casa (nesse
ínterim, mais circo das 1000
baixarias e Mamuni puxa a cadeira de
Li).
De volta ao albergue, terapia de família e reunião
para africanos. amanhã tem muito
mais pepinos – a montagem do cenário, som e luz.
31 de Julho de 2000
Dia de estréia no Stockton
International Riverside Festival. Acordar às 7:3 0h, café às 8:00h e saída
às 9:00h. Chegamos na lona e começou o barriu - não tinha chegado nem luz e nem
som. Começamos a montar a estrutura do palco e, lá pelas tantas, luz e som
chegaram. Foi a manhã inteira de corre-corre pra adaptar o cenário ao local e a
galera da luz atrasou tanto que não deu tempo de montar nada.
Fiquei sem almoçar pra terminar o som e, ainda por
cima, La vem VT e tudo o mais pra atrapalhar. Anuk se desesperou por causa da Luz não montada e eu tive que
acalmá-la e pedir pra ela tentar fazer o possível c/ as luzes sem gelatina e
sem cor. Enquanto isso, Márcia
berrava no fundo por causa da extração de um furúnculo.
Hora de aquecimento e La vai show sem luz, sem ensaio
e sem reunião. Até que não foi tão mau e não teve lá muitos problemas c/ o
tamanho reduzido do palco, mas não deu tempo de aquecer as peles dos
instrumentos e Lua despencou da
banquilha da acrobacia. Ainda por cima, eu esqueci o sax alto no albergue e
tive que me virar c/ o soprano.
No final, minha cara feia de fome e raiva e uma
reunião c/ o chefe de palco pra ter a luz pronta pra amanhã. Peguei as diárias com Gizaw e dei um rolé pra comer algo enquanto o jantar não vinha.
Depois do jantar, voltamos pro albergue – banhos e um
pouco de estudo com Fábio. Hoje às
23:20h tem reprise do programa que filmaram mais cedo – vou tentar ver.
1o
de Agosto de 2000
Café às 8:00h e saída às 9:00h. Set up até às 11:3 0h,
problemas com a luz, pra variar,
almoço e hora do show. Lua
hoje ficou de fora por causa do braço.
O show foi meio sem sal mas também não foi tão mau.
Depois do show, fomo à lona do tudo por 1 pound e compramos breguessos à gosto.
Aproveitei e comprei uma mochila, pois a minha já está caindo aos pedaços.
Jantamos mais cedo e tentamos correr para o cinema. Gizaw, no meio do caminho, ficou perneta com câimbra e mancou por
último. Chegamos em cima da hora e eu fiquei responsável pelos tickets. As
crianças foram com Gerjan assistir
Os Flingstones e nós assistimos Missão Impossível II – tipicamente americano
mas até que foi legal.
O filme acabou um pouco antes das 22:00h e pegamos o
ônibus de volta pra casa. Chegamos bem tarde, corrigi a carta de Fábio e fui
dormir.
Personagens do dia – A moto do Tom Cruise e Gizaw
perneta.
2 de Agosto de 2000
Rotina inglesa: café às 8:00h e partida às 9:00h.
Montamos o set up e + uma vez a galera da luz marcou toca chegando atrasada e
não montando tudo à tempo. Corre-corre até a hora do show e pausa pro almoço.
A platéia aqui é meio estranha e fria e esses
espetáculos da tarde não são tão bons quanto quando à noite. Final de show e o povo do estudo já
havia se dispersado...
Dei um role com Nina,
Lua e Gizaw atrás de internet e depois de andar pra caralho, achamos a
biblioteca central, só que o serviço da internet era só pra pesquisa e não para
acessar e-mail. A recepcionista nos deu o endereço de um outro lugar mas aquela
altura ele já estaria fechado – só
amanhã de manhã.
Voltamos e resolvemos jantar fora. Comemos pizza,
tomamos cerveja e fomos pro ônibus. Chegando no albergue, assistimos o programa
que gravamos na Alemanha e eu fui estudar c/ Baba e Neném (Márcia está com dor de cabeça).
O resto é cama.
Personagens do dia: Engenheiros da luz.
3 de Agosto de 2000
Acordar às 7:45h, tomar café e seguir pra lona. Depois
do café, rolou uma reunião com Hatu, Wua
e Gizaw por causa da baixaria de
ontem c/ Sum Bo. Resultado – ele não
vai para a piscina hoje.
Chegando na lona, set up e + atrasos da luz. Paramos
pra almoçar e partimos pro show. Alguma coisa aconteceu com o microfone do
soprano e fiquei sem pedal. Passei o show improvisando microfones.
Márcia de
novo ficou de fora pois está explodindo de dor de cabeça. Depois do show, mais
surpresas – todo o grupo da china resolveu não ir para a piscina – problema
deles.
Eu, Gizaw, Nina e Lua tentamos achar o lugar da internet só que quando chegamos lá,
descobrimos que fechava às 16:00h – tarde d+. Voltamos e resolvemos relaxar nas
cabines de luz tipo as que tinha lá em Antwerp.
Jantamos mais cedo que os outros e fomos junto com os
3 da Etiópia assistir o circo Ronaldo – um espetáculo comedia dell’arte numa
lona própria bem interessante . O show valia mais pelos figurinos e
performances teatrais que pelo circo em si. O show acabou às 20:50h e nos
encontramos com o resto da galera para voltar pra casa.
Chegando no albergue, resolvi cortar meu cabelo e Bitchu (Etiópia) fez o serviço – haja
cabelo! Depois, banho e cama, a pior de toda a Europa, diga-se de passagem.
Personagens do dia: os chineses
4 de Agosto
de 2000
Hoje acordamos às 7:45h, tomamos café e partimos no
ônibus da 9:00h p/ Stockton e foi o
dia que montamos o cenário mais rápido. Às 10:40h já estava tudo pronto,
ficando por conta só do som e da luz que desta vez também ficaram prontos à tempo.
O pessoal treinou ao ar livre, como de costume por
aqui, e às 12:00h fomos para o
almoço. Na volta, eu e Hatu, com a
ajuda de Gizaw, tentamos entrar em
acordo c/ os grupos da China e do Brasil. Antes do show, uma breve reunião pra
explicar que amanhã, por
requisição da platéia, teremos que apresentar um show extra, o que significa
que fomos bem sucedidos.
Hoje na platéia temos presença de 4 organizadores de
festivais na Europa e o show rolou bem – o melhor até agora aqui na Inglaterra.
Show terminado, desmontamos tudo rapidamente (Já estamos pegando a prática),
demos um role pelas barracas do festival e fomos eu, Nina e Neném ao shopping
comprar desodorante, shampoo e outras tralhas.
Voltamos pro jantar às 18:00h e Aisha está de volta. Enquanto o ônibus das 19:30h não chegava,
brincamos de jogos dos ouvidos no parque.
À noite, no albergue, mais uma sessão corte de cabelo
– Eu, Baba, que depois de alguns
buracos ficou com um new look pra lá de moderno, e Nina, que fez um V O. Agora é hora de diário com Nina.
Personagens do dia: Baba com o seu new look.
5 de Agosto de 2000
A rotina da manhã é a mesma. Hoje o set up teve a
participação especial de alguns chineses, o que significa acabar mais cedo.
Todos dos nossos foram treinar malabares do lado de fora.
Pausa pro almoço e depois, conferir som e luz, fazer
uma pequena reunião para informes e retoques e lá vai o 1o show
debaixo de um calor quase brasileiro, com direito a tirar paletó antes da hora.
O show foi bem aplaudido e, na platéia, alguns figurões do business.
À pedidos, o 2o show começou às 14:30h com
direito a casa cheia e 75% do lucro para as 1000 faces. + uma vez com sucesso e
é hora de corre-corre pra liberar a lona pro set up do Maboo. Nesse ínterim conhecemos o empresário do circo dos horrores
e do circo de Moscou que gostou muito do espetáculo e me elogiou muito pela música
e também pela assistência de Direção.
Hora de jantar e role enquanto o ônibus não vem. Vi
algumas performances sem tempero pelo parque e vi o incrível circo das pulgas
(essa eu não podia perder). Às 9h o ônibus parte de volta ao nosso calvário.
Hoje é noite de arrumar as bagagens pra partir amanhã depois do show. Alguns
ficaram vendo o vídeo de Batuque c/ os garotos da Etiópia. Ah! Hoje de manhã
eles fizeram uma demonstração de malabares pra gente.
Hoje também é dia de callect call to Brazil – Nancy, Renato, Dena e Anselmo. Diário com Nina e já fui...
Personagens do dia: A 3 pulgas do circo e a dor infinita
de cabeça de Márcia.
6 de Agosto de 2000
Último dia de Inglaterra.
Rotina de sempre até o show, que dessa vez não estava totalmente lotado. Mais
um dia de calor infernal e todos estavam bastante cansados mas, mesmo assim,
fizemos um bom show. No final, elogios e contatos, folders e CDs. Carregar a
van e se despedir dos etiopes e dos Maboos.
Jantamos às 17h e às 18:30h chega o ônibus 30 minutos
atrasado. Todos para dentro e lá vamos nós para Dover – mais 6 horas de viagem para pegar o navio de volta pro
continente.
É, já estamos livres do caos que foi Stockton International Riverside Festival.
Devemos chegar à Alemanha no final da manhã de amanhã. Aqui na Inglaterra foi a
vez do tudo ao contrario. O que parecia ser não era e o que era não parecia ser.
Pelo menos fizemos vários contatos importantes: Gerry Cottle, do circo de Moscow, Mama Loucos, Frank (o
organizador do festival), todos elogiaram muito a música do espetáculo. Na
verdade, foi o mais elogiado.
7 de Agosto de 2000
Saímos do navio quase às 5 da manhã e carregamos o
ônibus que nos levou para a Alemanha. Haja saco. Às 9:30h paramos em Colônia (Köln) pro café podreira na
Mac Donalds em frente à maior catedral que já vi até agora e saímos às 10:30h
atravessando uma ponte pelo rio Reno
– que emoção!
Mais 2 horas e meia de viagem e chegamos no novo
albergue, na cidade de Hilchenbach. Até que o
lugar é legal e o rango muito bom. Aqui, depois de comer, a galera tem que
limpar tudo, botar na maquina de lavar e secar e guardar na seqüência.
Hoje é dia dos brasileiros. Resultado: Fábio fugiu, Baba nem comeu pra não ter que lavar e eu e as meninas nos
divertimos fingindo que era tarefa de programa de calouros – a maior zuada. Pós
rango – ping-pong, lavagem de roupa, reconhecimento da área. Chega a van com Christof, Hatu e a bagagem que tinha
ficado na Bélgica. Pegar as tralhas pesadas e tirar um pouco do atraso do sono.
Acordei pro jantar delicioso e bis da situação pós
almoço. Depois, filme – Pulp Fiction em alemão sem legenda – uma loucura. Baba tem que escrever sobre o que
entendeu. A galera ainda emendou outro filme, de terror dessa vez.
São
11:15h e pra mim, chega. É hora de diário e cama.
Personagens do dia:
Julia e Li ( voltaram + tem que ser escondido pros chineses não baterem pra
professora do instituto de Shao Lin.
A
equipe de lavagem do Brasil com o seu fantástico show de barulho, ataques de
cócegas e cantos religiosos.
8 de Agosto de 2000
Hoje é dia do 1o show nesta 2a seqüência
alemã. Café às 9h e hoje é dia dos chinas lavarem os pratos depois do café.
Mudei meu quarto pro de Gizaw pois
ele vai pra Berlin e só volta no domingo. Passei o resto da manhã organizando
minhas tralhas.
Às 13h, almoçamos e Christoph seguiu com Gizaw
e Sisay. Estudei c/ Baba, Márcia e Neném das
13:30h às 15:30h e às 16:00h seguimos c/ o ônibus pro local do show, a cidade
de Dülmen, +ou- umas 2h e
30 minutos de viagem.
Chegamos no local às 19h porque passamos um bom tempo
perdidos na cidade e tive que correr pra montar tudo a tempo. O show começou às
21:00h com a praça lotada. Umas 2.000 pessoas na platéia e o show rolou bem
legal, todos adoraram, inclusive os organizadores.
Final de show e hora de desmontar tudo e botar na van.
Como em toda cidade da Alemanha, também é hora de tomar uma cervejinha.
Jantamos e voltamos pro ônibus pra viagem de volta , ao som de bandas africanas
c/ todos dançando no ônibus como se fosse uma boate. Chegamos por volta das 2h
da manhã e fomos todos pra cama.
Personagens do dia: A boate 1000 faces ambulante.
9 de Agosto de 2000
Hoje foi dia livre. Café às 10:30h por conta do
horário de ontem. Na seqüência, saí com Christoph
para trocar o dinheiro do show da Inglaterra em miúdo para facilitar o
pagamento. Passei o resto da manhã
e parte da tarde repassando o plano de luz para Christoph c/ Anuk pois
ela vai embora hoje no final da tarde.
Hoje é dia dos burkinas
lavarem os pratos do almoço. A galera treinou acrobacias e, eu e Christoph, junto com Nina e Lua, alugamos uns vídeos para a noite: Juracic Park II, John
Travolta e Nicolas Cage. Jantamos às 18:00h e das 6:30h às 8:40h, estudei com Baba, Neném e Márcia –
finalmente acabamos de ler o Vampiro.
Às 9h, começamos a seqüência cinéfila que só parou às
2h da manhã. Hora de cama.
10 de Agosto de 2000
Hoje o café foi às 9h e depois, fomos eu e Nina dar uma volta na cidade para
comprar filme e devolver os vídeos mas a locadora estava fechada. Enquanto
isso, a galera treinou malabares.
Às 12:30h almoçamos (hoje é dia dos indianos lavarem
os pratos) e a galera voltou pro malabares enquanto eu voltei à locadora para devolver as fitas e pagar. Às 13:15h o ônibus chegou e fomos todos
para o local do show.
Uma hora
e 30 minutos de viagem e chegamos à cidade de Iserlohn. O palco ainda
estava sendo montado numa praça em frente a um shopping onde logo foram todos
matar o tempo. Tive que mandar re-montar o cenário pois não havia espaço pras
andadas e tivemos que prender a estrutura do fundo na armação da luz pois o
vento era muito forte.
A montagem da luz acabou atrasando muito e fez com que
o show também atrasasse meia hora. Às 9h, o show começou com a praça
completamente lotada. A luz foi uma bomba, só que o som e o show foram bons,
talvez a melhor acrobacia do Brasil até hoje. O show foi muito aplaudido e
acabou por volta das 22:45h por causa do intervalo. No final, sessão desmonte e
espera do jantar à base de cerveja p/ todos, c/ e sem álcool.
Depois da janta, todos para o ônibus e já era meia
noite e vinte. Chegamos por volta das duas da manhã no albergue depois de uma
viagem regada a rock chinês e cânticos burkinas.
Personagens do dia: Li e Julia namorando escondido de Wa no ônibus e Raquel bebuna, doida pra mijar (não só ela).
11 de Agosto de 2000
Hoje o dia é livre. Café às 9:30h e enquanto a galera
treinava, dei um role pela cidade e comprei algumas besteiras. Almoçamos às 13:00h
e de tarde foi a vez da galera dar um role. Às 14h fui com Salomon, Henry, Sisay, Gerjan, Mamuni e Baba dar uma volta na reserva florestal e catar madeira para a
fogueira da noite.
Andamos uns 4km pelo parque e, na verdade, o mais
interessante era a grande variedade de cogumelos e as framboesas silvestres
deliciosas do caminho.
Chegamos de volta às 18:00h e era hora do jantar –
peixe, salada, arroz e molho de tomate. Às 19h comecei os estudos com Baba, Neném e Márcia e às 20:30h tivemos que parar por causa da pressão da galera
da fogueira do churrasco.
Dançamos e cantamos músicas burkinas à fogueira e eu filmei Yasmin se acabando na dança. Nina passou o dia com dor de barriga e
se aplicou mais na banana que em qualquer outra coisa. Lá pras tantas, assisti
algumas das filmagens já feitas e o final da noite foi de papo c/ Lua e Nina à beira do resto de fogueira.
12 de Agosto de 2000
Café às 9h como sempre. Todos ficaram a escrever
cartas e postais e eu, a jogar ping-pong com Xie, Wa, Chan Hão e Li.
Fim da manhã, tomar banho, pintar o cabelo c/ a pasta de Ian Jau e pegar o
ônibus às 12:30h c/ destino a próxima cidade, hoje com dois shows – um às 16h e
outro às 21h.
Chegamos às 13h na cidade de Siegen. Era num
grande pátio onde havia muitas crianças montando uma feira de brinquedos
usados. O palco ainda não estava pronto e, enquanto esperávamos pelo almoço,
todos circulamos a feira e compramos breguessos à vontade.,
Aproveitei e comprei uma bonequinha pra Julia,
pois hoje é aniversario dela.
Almoçamos às 14h e depois, cai na montagem dos
instrumentos e checagem do som, que acabou já em cima da hora do 1o
show – o pior até agora – todos lerdos e desatentos, além de barulhentos no
backstage. O show rolou para uma
platéia reduzida de velhos e crianças debaixo de um sol escaldante.
O show acabou por volta das 17:30 e era hora de
descansar um pouco. Aproveitei para ligar para Nancy e para meus pais. Às 19h começou a montagem da luz pro show
da noite, o que só terminou 30 minutos antes do show, dando tempo sôo de um
breve aquecimento antes de entrar em cena.
Felizmente, o 2o show rolou legal, apesar
de Lua ter machucado o pé já
machucado durante o treino entre um show e outro, o que provavelmente foi a
causa da má performance no dueto.
Depois do show, corri pra trocar de roupa e desmontar
o equipamento e fui fazer umas anotações sobre o show pra colocar em reunião
quando de repente comecei a ouvir uma gritaria do lado de fora. Primeiro pensei
que era a zoada normal da hora do jantar mas comecei a ouvir choros. Corri para
fora e lá estava o circo dos mil caos caindo aos pedaços, com todos
completamente descontrolados, com gritos e choros pra todos os lados. O fato:
Hatu
pegou dinheiro das cestas de coleta para uma instituição de caridade e
distribuiu pros chineses. Um burkina viu tudo e bateu pra Christoph que, por sua vez, foi tirar satisfação e conseguiu o
dinheiro de volta. Só que os chineses começaram a fazer as mesmas acusações em
relação aos burkinas e, pelo que sei,
o louco do Sum Meng pegou um pau
para bater em Abbi. Baba segurou o cara e depois, foi a vez
de Abbi pegar uma garrafa e Baba + uma vez salvou.
Pronto – o caos estava instaurado. Depois de muito
terror, para encurtar a estória, as coisas ficaram menos bizarras e conseguimos
voltar no mesmo ônibus e dormir no mesmo teto. Essas mil baixarias já estão
indo longe demais.
13 de Agosto de 2000
The Day After
Depois do café
das 9h, reunião geral para lavagem e colagem dos 1000 pratos quebrados de
ontem. Blablablablablalá...Titititititití...você diz pra ela – tá tudo muito
ruim mas realmente, eu preferia que você estivesse na china.
Pausa pro almoço e na seqüência, reunião reduzida c/
os envolvidos no barril e os interessados no pepino. Nada de muita solução e
também sem remédio para as feridas. Da nossa parte, o resto da tarde foi de
estudo com Baba, Márcia e Neném enquanto Lua foi
ao hospital ver o pé. Salomon “se
saiu” pra Berlin e Gizaw chegou depois
do jantar.
Às 19:30h, fomos eu, Lua Nina e Giza tomar
umas e falar sobre o circo dos mil caos – esses doentes mentais já estão pra La
de mortos.
The end – Callect call to Brazil (dia dos pais) e
tentar falar c/ Anselmo mas não
rolou.
amanhã,
madrugar às 5h com café às 6h e lá vai o ônibus doente para a Dinamarca.
14 de Agosto de 2000
Hoje, madrugamos às 5:30h, café às 6h e saída do
ônibus às 7h. Tudo desconfortável, cadeiras pequenas, sol, engarrafamento na
estrada, etc. Depois de 1000 tentativas de dormir, inclusive no chão, chegamos
às 15:30 no extremo norte da Alemanha, já na área viking, e paramos para
almoçar numa espécie de Mcdonalds.
Seguimos viagem para a Dinamarca e, depois de nos
perdermos algumas vezes, finalmente encontramos a cidade chamada Àrhus chegamos ao local do
show, onde jantamos. Fizemos o reconhecimento das áreas de show e workshops,
conhecemos alguns mexicanos e depois, finalmente seguimos para o albergue.
Já cada um no seu quarto, é hora de banho e encontrar Gizaw pra uma cervejinha e uma conversa
sobre o que aconteceu e o que pode vir a acontecer. O resto foi sono e sonhos
(dos mais loucos) – dragões de cômodo, punks de mentira, o gordo, show de
contorcionismo c/ uma falsa preta, Krishna,
AC em cartões de mensagem, etc.
15 de Agosto de 2000
Acordamos pro café às 9h e saímos com o ônibus às 10h.
Arrumamos o local do workshop e a equipe técnica seguiu para a iniciar
montagem. O vento é fortíssimo e tivemos que limar o cenário – ao invés dele,
um muro de tablados para podermos fazer as andadas.
Fim de workshop e almoço, é hora de reunião c/ todos.
Expliquei alguns detalhes e falei do caso Sum
Meng, que vai estar fora dos shows. Depois, era a vez de Gizaw fazer o escalde do Hatu (rato), que, não suportando,
levantou e saiu com cara de criança mimada, seguido por todo o seu grupo.
Pronto! + desespero.
Não sabendo o que poderia vir a acontecer, comecei
imediatamente a ensaiar Yasmin pra
substituir Chan Hão no numero do
passarinho. Às 2:40h, o grupo chinês estava de volta e era hora de correr pra
terminar a montagem e checagem de som.
O show começou às 4h e eu nunca vi os chineses tão
concentrados e os burkinas tão
eufóricos. Pena que a maioria dos brazuca estava machucada. O show foi bom e
com direito a sol e tudo. No final, enquanto fazíamos o desmonte, Lua, Raquel e uma das funcionarias do lugar seguiram para comprar
presentes pros aniversariantes do dia – Hassan
e Márcia, além de presentes pra Julia e Ilsad.
Depois do jantar, aproveitei p/ ir ao e-mail e na seqüência,
cantamos parabéns com direito a bolos com os nomes das pessoas e tudo o mais.
Fim da esbórnia,
era hora de ir pro ônibus e voltar pro albergue (Baba e Fábio foram pra
roda de capoeira). No albergue, recebi as diárias e distribui pra galera.
Depois, foi hora de comer alguma besteira, beber uma cerva, conversar c/ Gizaw e ir pra cama.
Já são 12:44h e
amanhã tenho que acordar às 7:30h, saindo já com a bagagem às 8:15h.
Antes de dormir, falei ao telefone com Serrat
e amanhã tenho que conversar com Reinhard sobre as passagens que só
estão na fila de espera por $1.000,00 cada (ida e volta). Tenho que dar a
resposta às 13h, antes de seguir pra Copenhagen.
16 de Agosto de 2000
Acordar às 7:30h, tomar café e sair voando pro local
do show (eu, Reinhard e Sisay). Tiramos tudo da van e montamos
todo o chão, cenário e instrumentos e fizemos a checagem do som. A galera
chegou às 10:30h.
O show começou com o anfiteatro totalmente lotado de
crianças e adultos. Apesar da cara de sono de todos, o show teve uma energia
muito boa e eu fiz varias fotos. No final, enquanto a galera transitava entre
os fãs, carregamos a van de novo.
Pausa pro almoço, tentei falar c/ Serrat + o telefone do circo não funcionava. Reinhard fez uma breve reunião pra pedir tolerância de todos e, na
seqüência, enquanto a galera se preparava pro workshop, seguimos (eu, Reinhard e Sisay) p/ Copenhagen.
3h de viagem, duas travessias de ponte entre ilhas
sendo a ultima de 18km pelo mar nórdico. Chegamos na cidade, encontramos o
local do show, descarregamos a van e imediatamente começamos a montar o cenário
e luz. Paramos às 9:30h para jantar mas o restaurante já havia fechado.
Voltamos ao trabalho e Peter, o
chefe de palco, pediu pizza para todos.
Trabalhamos na montagem de luz até a meia-noite pra
tentar afinar o máximo possível. Resolvemos terminar o serviço no dia seguinte
e, na ida pro albergue, nos perdemos e rodamos de bobeira por um bom tempo, pra
variar.
Só conseguimos chegar no albergue perto da 1h da manhã
e tive que tomar banho tcheco porque o chuveiro estava frio.
Obs: Esta cidade é de punks, loucos e viciados em
heroína.
17 de Agosto de 2000
Mais um dia infernal. Esta seqüência de ontem para
hoje foi a pior desses 3 meses. Acordar às 7:30h, tomar café e sair voando pro
local do show pra terminar o serviço.
Às 10h, Reinhard
saiu fora pra pegar o avião e eu tive que segurar sozinho todos os pepinos
(luz, cenário, palco e som). Às 13h ainda faltava programar a mesa de luz,
passar o som, além de alguns outros detalhes.
Fui com Sisay
pro almoço e ficamos perdidos rodando nesse labirinto feito idiotas até
encontrarmos o local 10 minutos antes de ter que reiniciar o trabalho. Das
13:30 às 14:40h trabalhei no plano de luz, às 16h passei o som e terminei o
plano de luz e o mapa pra Gizaw, que
iria auxiliar o operador às 16:25h.
Corri pro camarim, botei figurino, subi no palco e
Guilí guilí! Hora do show!
Correu quase tudo normalmente, com algumas sombras indevidas e uns atrasinhos em
algumas luzes. No final, fomos jantar e eu, fatigadíssimo, dormi na rua
enquanto esperávamos pelo ônibus que só sairia às 20h.
Longo caminho de volta por causa de Chan que teve que ir ao hospital.
Chegamos por volta das 21:40h – corri pra tomar banho antes que desligassem a
central. Descobri que aqui tem internet grátis mas estou tão cansado que só
pensa em dormir – Fritzan Lé.
Personagem do dia – eu dormindo de cansado na rua.
18 de Agosto de 2000
Hoje acordamos às 7:30h, tomamos café às 8h e às 8:30h
tivemos que mudar pra outros quartos. Como não havia tempo pra fazer a mudança,
tivemos que botar as malas no quarto de Aisha
e seguimos com o ônibus pro galpão do show.
Chegamos às 9:15h e já era hora de correr pro warm
up e conferir o som e a luz. O
show foi até bom, considerando o horário (10h). No final, ajustes de luz e
almoço. A galera ia dar workshop à tarde e eu aproveitei o ônibus que ia sair
às 13h para levar Márcia (verme?), Raquel (exame de colesterol) e Eric Borkete (pele) pro hospital e
peguei uma carona de volta pro albergue.
Como o almoço ainda não estava pronto, peguei salada e
pão e segui caminho. Cheguei de volta ao albergue às 14h, almocei e entrei na
net passando grande parte da tarde respondendo mensagens velhas do hotmail.
Parei pra tomar um banho e voltei pra net pra limpar alguma coisa do UOL e ver
noticias do Brasil, além de checar no Yahoo pra ver se tinha alguma boa loja de
música em Cologne, que será o Último
lugar de show da turnê.
Resultados: no UOL, havia 1.420 mensagens e passei 2
horas pra apagar tudo e bloquear o “mercadão” . O real sofreu inflação de 1.2%
e agora o dollar vale R$ 1,82. No Yahoo, não encontrei nada do que procurei.
Às 19:40h, catei frutas deliciosas chamadas mirabelas,
uma mistura de uva e ameixa, para jantar e tentei arrumar alguma coisa da minha
bagunça por causa da nova mudança de quarto. Às 22h deitei pra dormir e
finalmente consegui descansar um pouco.
19 de Agosto de 2000
Acordei às 7:30h, tentei fazer uns alongamentos com
Xie e tai chi com Chan Hau e tivemos que esperar o café que atrasou e só saiu
às 9h (gostoso – uns Paes com ricota que comi com tofu dos chineses).
Chegamos mais uma vez em cima da hora e, de novo, só
deu tempo de warm up e vamos pro lá! Desta vez, tive alguns problemas com o
som. Acabado o show, almoçamos nada muito bom e dei um role rápido pela
redondeza – só lojas de tatuagem e vitrines de sex shop p/ héteros e gays. Na
volta, reunião geral, pois Hatu vai
ter que voltar pra China para ver o pai que está nas ultimas por causa de um
câncer.
Seriedade geral, respeito coletivo e um pouco de
demagogia da parte de Gizaw.
Acabamos nos livrando do louco da pior maneira possível.
Já era hora do 2o show. Às 16:30 chequei o
som para reparar os pepinos e às 17h já estávamos começando outra vez, com
platéia pequena e um tanto fria – acho que o publico daqui não tem muito saco.
No final, reunião com o dono do circo onde a gente se apresentará em uma semana
e meia.
Jantar meio gororoba – a comida aqui nunca é tão boa –
e tristeza geral do lado dos chineses. Sofremos um aluguel do ônibus que só
chegou às 21:10h e, chegando ao albergue, tive que ir até a futura lona para
checar os nossos futuros pepinos. Na volta, coca-cola, banho, cigarro, blá blá blá e cama às 23:50h, esta hora de agora.
amanhã é
dose dupla – mais uma semana de estudos pra cucuia.
Personagens do dia – O terrível fim do monstro e a
estranha picula dos brasileiros c/ Gizaw
na espera do ônibus, além dos sex shops.
20 de Agosto de 2000
Domingão do trabalhão (I’m easy ÀÀÀÀ easy like Sunday
morning...). Acordamos pro café às 9h e aproveitei pra abrir hotmail com
respostas de Anowska, Kakau e Julieta mas não deu tempo de
re-responder nenhuma. Corri pro café e de La pro ônibus que saia às 10h.
No local do show, vários novos pepinos – Lua acordou c/ torcicolo brabo – fora
do show; Sum Meng está doente – fora
do show; Ilsad c/ furúnculo monstro
na barriga seguiu com Sum Meng pro
hospital – fora do show. Já estamos sem Wan
e Chan, Xie está com dor de dente, Ian Jau c/ febre, Baba resfriado, circo das 1000 ziguiziras.
Passei o resto da manhã tentando enchertar o
espetáculo enquanto os meninos do Brasil remontavam acrobacias e malabares. Pro
dandis, Raquel volta pra percussão
com participação especial de Nina e,
ainda sobre música, Baba e Fábio tocando pra novo numero chinês
de Sum Bo comigo no sax, além de
Neném tocando para acrobacia.
12h e o espetáculo rolou com as substituições. No
final, uma chinesa da platéia nos ajudou a traduzir algumas coisas para Wan.
Almoço às 14h e canseira coletiva com uma dosezinha de mau humor – everybody
sleep, ok? Fiquei a discutir sobre a comida c/ Gizaw e alguns
outros e acabou rolando um lanche c/ frutas e bolo.
Às 14h voltamos pro galpão pro warm up e, finalmente a
casa estava cheia. Uma porra de um buraco numa janela do fundo vazava luz e
fazia sombras da galera do backstage no fundo branco. Eu ficava correndo do
palco pro fundo pra tentar controlar o circo das 1000 sombras. além disso, meu
soprano resolveu cansar de vez – ainda não morreu mas está quase lá.
Fim de show, Ufa! Hora de jantar – melhor, desta vez.
Noticias de Sum Meng – 24h só a base
de líqüidos. Noticias de Ilsad –
passaram-lhe o bisturi. Entramos no ônibus às 20:40h e só saímos às 22:20h.
Pegamos Ilsad no hospital e não sei
por que raios rodamos tanto até chegar no hotel.
Chegando, bananas para todos, 5 minutos de internet
pois a recepção já estava fechando, banho quente finalmente. Eu e Nina conseguimos nos juntar para fazer
o diário, coisa que não fazemos a algum tempo.
Semaninha bizarra... acho que vou chupar um limão pra
não cair também na onda da gripe.
amanhã é dia livre...
Personagens – As 1000 faces – 6, o coro chinês de música
depois do jantar e Ilsad, o operado.
21 de Agosto de 2000
Ufa! Dia livre!
Acordar às 9:30h pro café, almoçar às 13h e seguir
para uma city tour de barco pelos monumentos cristãos do Sec XVII do centro da
cidade. Na volta, passamos pelo parlamento e esperamos 1 hora e meia pelo
jantar. Depois, seguimos pruma casa de jogos onde participamos da ultima moda
em jogos da Dinamarca – uma guerra com armas lazer. Dividindo o grupo em quatro
equipes, uma delas era a equipe das piranhas do Brasil – se proteja pois elas
podem te atacar...
De resto, cansaço e cama.
Obs- estudamos das 10:30h às 12:30h.
22 de Agosto de 2000
Café às 7:30h e saída do ônibus atrasado de novo às
8:40h. Isso significa chegar em cima da hora, já pro warm up e show.
Platéia lotada de crianças e show bem aplaudido c/
direito a boa acrobacia. Ainda estamos sem Lua,
Wan, Sum Meng e IlsÀd. Fim de
show, almoçar e voltar pro galpão pois o 2o show é às 14:30h.
Li se machucou no 1o show e Xie vai pro
dentista – resultado – de novo, um buracão no grupo chinês. Wan substituiu alguns dos números e
organizou o numero das many weapons sem Sum
Meng e Hassan tentou ensaiar a
levitação mas não colou.
O 2o show foi tão lotado quanto o 1o,
porem, menos aplaudido. Eu acho (não só eu mas muita gente) que a ultima dança
burkina está muito longa e enchendo o saco.
Fim de show às 16:00h e é hora de dar um role, comprar
guloseimas e voltar pro jantar. Me entupi. Na saída, fomos eu, Lua, Li, Baba e Fábio pegar nossas mochilas no escritório e eis que vimos a
criatura mais bizarra de toda a Dinamarca – um velho grisalho cabeludo de
meia-calça e tamanco e batom. Baba,
pra variar, fez um escândalo e ninguém resistiu às gargalhadas – incontrolável.
Baba ria c/ a cabeça no saco
plástico.
Volta pra casa, banho, internet, coca-cola, papo,
diário e bye-bye.
Personagens: a traveca dinamarquesa, Naná que despirocou na percussão da
acrobacia dando rasteira em todos nós.
23 de Agosto de 2000
Rotina dinamarquesa com saída às 8:40h e chegada pro
warm up minutos antes do show das 10h. Chan
Hau bate a cabeça numa mesa de metal e é sanguinho novo – vai pro hospital
enquanto ficamos nas substituições de ultima hora – Yasmin faz o numero dos passarinhos, Wan o Tai chi e Chan, a luta contra as sombras.
Depois de um treino com Naná, a música da acrobacia saiu melhor, além de que Lua passou o show na percussão . Fim do
show e almoço totalmente gororoba. Resultado – rolou 2o round num
restaurante chinês. Depois, já era hora do workshop (14:30h).
Como os chineses estavam fora do workshop e eu também,
adiantamos para a piscina maravilhosa c/ direito a circuito de nado, pulos de
penhascos artificiais e piscininha de água quente c/ hidromassagem.
Às 16:15h fui buscar a galera que estava no workshop e
aproveitei também fui com Naia ( a
produtora local) em busca do sax perdido. Achamos um velho modelo Frances em
bom estado por preço razoável, isto é, kC 8.600,00. Tenho que ligar para Reinhard.
18h é hora de jantar e desta vez conseguiram cozinhar
melhor. Na volta para casa foi a vez do banho seguido de internet. Já às
21:40h, mais um pouco de barril – Wan
viu Julia deitada na cama de Li e o pânico se instaurou de novo.
Também, a anta resolve dar uma mancada dessas bem à luz da noitinha...
Haja papo com a líder chinesa, a nossa menina no cio e
o garoto chinês que quer deixar o shao lin pra ser malabarista e musico. Isso
varreu as minhas ultimas horas dessa noite de quarta-feira de 2.000.
Personagens – Yasmin
imitando luta chinesa nos passarinhos; Romeu e Julieta latino-oriental e a
piscina.
24 de Agosto de 2000
Mais um dia duro, acordando às 7:30h e saindo às 8:30h
pro show às 10h. Casa lotada de crianças perturbadas. Lua ainda está só na percussão, Yasmin ainda no lugar de Chan
por causa da antitetânica que dói o braço (dessa vez, ela resolveu soltar dois
“porras” no meio da performance, Ilsad
voltando e mais uma vez sem a presença do maluco quebrador.
O show rolou numa boa. No final, desmontar tudo
correndo pra almoçar às 12:30h no restaurante chinês e voltar pro workshop que
começava às 14:30h. Enquanto não começava, eu, Gizaw e Wan conversamos
(com dificuldade) sobre o problema Julia
& Li e voltamos pra quadra
de workshops onde estavam rolando as aulas. Fui então escolher algumas camisas
do festival para o grupo e também consegui com Gizaw um jeito de comprar couro para os Djembes. Depois, enquanto a
galera tomava aula de um duo de circo, fui com Gizaw debaixo de chuva e num frio dos infernos para a loja de
saxofones para conferir o soprano.
amanhã de manhã a gente compra, pois já abaixamos o preço de 8.600Kr
para 1.700kr.
Voltamos debaixo da mesma chuva e chegando lá, já era
hora de se organizar pro jantar que finalmente saiu com um arroz bem feito.
Depois do rango, seguimos para o bairro de Christiania – uma
espécie de bairro independente sob ocupação da sociedade alternativa.
Assistimos ao show dos Tiger Lillies. Maravilhoso! Finalmente algo prestável
pra assistir. Esse valeu à pena – 3 musicos a la Som Waits e 7 artistas
fantásticos – um gordão malabarista, a contorcionista úngara maravilhosa, a
criança e o touro das paradas, a mulher da textura, a dupla vertical.
O show acabou às 22h e voltamos pro albergue com
direito a arrumação de malas para
amanhã e cama às 1:23h apos este diário.
Personagens:
Yasmin e seu Porra, Rei! Eu na chuva, o menino que tentou traduzir algo de
chinês através da ponte (eu, ele chan
e Wan), a contorcionista úngara, nós
em Christiania, o frio.
25 de Agosto
de 2000
O último dia da rotina de Copenhagen – acordar às 7:30h, tomar café, sair às 9h pro workshop
que começa às 10h. Com o workshop pronto para começar, segui com Gizaw para a loja de sax e, desta vez,
debaixo de um sol brilhante.
Chegando lá, não conseguimos baixar mais o preço de
7.500 kr mas conseguimos adicionar óleo para as chaves uma caixa de palhetas La
Voz MH e um par de baquetas pros surdos e gongo – nada mal.
Voltamos pra quadra de esportes e de lá, seguimos para
o local do rango. Todos comemos sanduíches pois hoje era dia de despedida e
mais tarde, às 14h, tivemos um almoço especial de despedida sem especialidade
nenhuma. Ganhamos mais camisas do grupo de teatro que fez um dos workshops e
depois de descansar um pouco e passear por uma loja de artigos chineses, era hora
de partir. Às 16:30h fui com Mixia (o
motorista) e Xie Si Dim pro hostel
onde o chinês havia esquecido os medicamentos e depois seguimos em direção a Odense, que fica na ilha
do meio, o que significa que passamos de novo pela ponte de 18.5 km.
Chegamos por volta das 19:30h, organizamos os quartos
– muito bons, por sinal – e seguimos pro local do jantar. às 22h, peguei um
taxi com Sisay para o local do show
para montar a luz pro dia seguinte.
O lugar era o maior barril!! Super barra-pesada, pra
lá de gueto de filme americano, e os caras não sabiam mexer no equipamento (e
nem eu sabia). Haxixi rolando por todos os lados, gangs de motociclistas e tudo
o mais. Lentamente, conseguimos montar +ou- tudo meio na tora e ninguém sabia
programar a mesa e acabei fazendo um plano de luz manual.
Às 2h da manhã pegamos um taxi de volta e eu realmente
não pude dormir com um barulho desses...
As pessoas mais bizarras que já vi aqui na Europa.
Enquanto que a turnê da Holanda acabou nos melhores teatros, esta acaba nos
guetos baixo-astrais.
Personas: o novo sax, Eu e Sisay no gueto, os Rottweilers dos “becktranques” rondando por
entre nós na montagem.
26 de Agosto de 2000
Acordei às 7:30, café às 8h e às 9h saímos eu, Sisay e Gizaw c/ a van pra montar o palco. O primeiro a nos dar bom dia foi
o cão bizarro ¾. Montamos todo o palco, cenário, terminamos a luz, montamos
todo o som (desde a posição do PA a todos os cabos, mics, mesa, etc.).
O workshop da galera começou às 11:30h e, fora da lona, os fato mais importante foi que
roubaram a bolsa de Íon Nan Fan e
arranjaram uma tradutora pra conversar comigo, Gizaw Wan. O workshop
só terminou na véspera do show, às 16h.
O show não foi mal, apesar de Yasmin e Yan Jau estarem
doentes. Depois do show – botar tudo na van, go to the hostel, deixar o sax,
jantar às 19:30h, uma cerveja e cama. Hoje preciso dormir antes da meia-noite.
27 de Agosto de 2000
Mais um dia neste pais de Junkies. Café às 8h, que é
uma das raras boas coisas daqui, com granola, suco de laranja, yogurt e pães
diversos. Saída com Gizaw e Sisay às 9h para montagem de palco e
cenário. A galera chegou por volta das 10h e começou a treinar até a hora do
workshop, às 11h - hoje, só quiseram saber das danças Burkina.
As marmitas do almoço chegaram às 12:30h. Depois do
rango, ajeitar a luz e conferir o som. Às 14:45h fui com Gizaw numa barraca do Iraque provar o water pipe com tabaco egípcio
de banana e voltamos às 15h “voando” para preparar a galera pro show.
Platéia lotada com colchões extra no chão e vamos lá.
Reduzi o show de hoje pra só uma hora, tirando algumas performances e enxugando
outras. A luz hoje saiu um pouco melhor que a de ontem. É incrível o fato de
que, na platéia, não se vê um dinamarquês – só iraquianos, indianos, mexicanos,
chilenos e não sei mais o quê. Um gueto de imigrantes.
Como sempre, fim de show é hora de desmontar tudo e
pôr na van. A galera local também desmontou a lona, pois vão montá-la no
próximo local de show – um outro bairro do outro lado da cidade.
Hoje é aniversario de Sisay, o nosso pigmeu dos 1000
faces. Às 18:30h voltamos pro jantar – Lasanha boa e sorvete de licor. We finished dinner by 19:15 and I went back to the hostel to try out
the new soprano saxophone and put some oil on the Keys of both saxophones. Nina came to my room and we tried to
write the diary without success. Gizaw
and Lua also came later and told us
about Anete – the woman Who was
supposed to take care of us here but she was completely drunk and we had to
take care of her.
In the end of the night, Reinhard arrived and we talked about
all problems. Tomorrow is a DAY OFF! But we (me, Sisay and Reinhard)
have to set up the stage, sound and light for the Day after tomorrow because
the first show is in the morning. I AM writting in english because now it is
much easier to think using this fucking language. Now it is 1am and it is time to GO to
bed. “Everybody sleep, OK?”
Personagens:
Eu e Gizaw com water pipes, the
drunk woman with a knife from the snack, Sisay.
28 de Agosto de 2000
Day off (pra uns). De manhã, fomos apresentados aos
alunos de uma escola alternativa entre os níveis de ginásio e colegial que
assistiram o nosso show e quiseram nos mostrar a cidade. Um rolé rápido pelo
centro e então seguimos num passeio de barco até a escola da galera debaixo de
uma chuva desnecessária. Um rio bonito e sujo, por conta da galera da seringa.
No caminho, passamos por um zoológico ou aviário (emas, araras e corujas).
Chegando na escola, tudo era legal: salas de dança, música
e vídeo, só 18 alunos, um bar com jogos, só 2 professores num lugar tão grande.
Fomos almoçar no centro da cidade e finalmente fomos a
um restaurante descente. Umas voltas pelas lojas pra digerir o almoço; eu, Márcia e Lua compramos 3 calcas pelo preço de 2 e eu fui correndo encontrar Reinhard no albergue para seguirmos pra
montagem do palco enquanto a galera matava o tempo até a hora de ir pro cinema.
Seguimos Eu, Sisay
e Reinhard para mais uma aventura _
e que AVENTURA!
Chegamos no lugar, começamos a descarregar a van e
quando fomos montar os colchões, o chão era um matagal. Reinhard começou a discutir com Mosh, o doidão dono da lona, e por pouquíssimo não saiu porrada.
Depois do blá blá blá todo, esperamos Linda
chegar poder mediar o conflito. A solução foi pegar areia em algum lugar
com o carro da luz para tentar cobrir o chão do espaço do palco. Meu fim de
tarde e inicio da noite foi à base de arrancar mato, carregar areia, botar feno e, ainda pior, não adiantou
muito – ainda tivemos que montar 3 alturas de colchões. Bem, hoje era dia
internacional do escravo brasileiro. Enquanto isso, a equipe técnica local se
entupia de haxixe e cerveja. Já havia escurecido e estávamos nos últimos
ajustes. É tarde – hora de sumir daqui.
Chegando no albergue, soube que Gizaw tinha brigado com Linda
porque ela tinha marcado uma festa pra depois do jantar e quando chegou a hora,
não havia nada, nem sequer música. Resultado – a galera fez a própria festa no
salão do albergue. Ouvi também as estórias do cinema e o filme e subi pro
famoso ‘banho e cama’. Estou um lixo.
29 de Agosto de 2000
Último show aqui
nesta “temporada no inferno’. Madrugar às 7:30h e sair com Reinhard e Sisay para
terminar de montar o palco. A galera chega às 8:30h já pra se arrumar para o
show.
O show começou às
9:30h sem os mais novos, que ficaram descansando (incluindo Márcia, que resolveu se achar mais
nova). Foi um show com versão reduzida e 1h de duração, o que foi bom e
dinâmico – até a platéia dessa vez era muito legal. Final do primeiro show,
hora de fazer os ajustes para o segundo, que será longo e completo, com
excessao de Ilsad e o numero das ‘many weapons’.
Pausa pro almoço que
foi ótimo, com direito a gorgonzola e depois, hora do segundo show, com casa
menos cheia e platéia mais velha, mas bom bons resultados também. Ufa!
‘Fuparti’!
Claro, começa a
chover bem na hora da desmontagem do equipamento. Foda-se, eu quero é sair
daqui.
Assim que acabamos de
encher a van, seguimos eu, Reinhard e Sisay para Copenhagen
enquanto a galera foi jantar na cantina perto do albergue. Ao chegar na
capital, seguir direto para a nova lona para ter uma idéia do que precisa ser
feito. Colocamos os colchões para secar e fomos descarregar tudo para a lona do
backstage.
Hora de avaliar os
futuros pepinos: o PA tem caixas gigantescas, não tem espaço para os músicos, a
luz é diferente, o palco é pequeno (pelo menos não é capim alto). Jantamos
quando a galera chegou e em seguida, voltei para os trabalhos forçados.
Conseguimos chegar a algumas conclusões mas o barão do circo só chega às 9:00h.
Com a chegada do
barão, blá blá blá e mudamos o palco de lugar, além da luz, 2 fileiras de
arquibancadas que substituímos por cadeiras espalhadas. Já é tarde, estamos
mortos e vamos terminar isso amanhã.
Agora me diga, que
diabo de dia é esse em que eu madrugo, descarrego a van, monto os instrumentos
e equipamentos, faço 2 shows, carrego a van de novo, viajo 2:30h, descarrego a
van, trabalho pela noite até às 11h ... tá foda.
30 de Agosto de 2000
Mais um dia de cão.
Acordar, tomar café às 8:00h e ir para a lona continuar a montagem de luz e
som. às 10:00h começava o workshop da galera numa quadra de ginástica olímpica
do albergue, enquanto eu montava os microfones e pedestais nos palcos já
definidos. Parada pro almoço e na volta, passagem de som. Depois, continuar a
montagem da luz. O warm-up foi na quadra, enquanto resolvíamos os últimos
pepinos na lona.
Portas abertas às
18:00h e às 18:30h começava o show. Foi quase tudo bem, exceto pela luz, que eu
pedi para Gizaw cuidar, e ele passou
a bola pra Aisha que, por sua vez
pisou na bola e esqueceu de passar pra técnica de luz do local. Resultado –
onde foram para as sombras??? Fuck Fuck Fuck... Eu estou cansado e trabalhando
demais pra neguinho dar furo.
Pós show, jantar,
banho e quem sabe, cama antes das 23:00h. Tô morrendo de dor de cabeça e já não
penso direito.
Obs: a galera ganhou
claves novas de malabares do pessoal do albergue pelos workshps (pena que não
podemos ficar com os colchões).
31 de Agosto de 2000
Quinta-feira, Último dia em Copenhagen, Café era às 8:00h mas eu dormi até às 8:40h e às 9:00h
corri para a lona para conferir os instrumentos para o show que comecava às
10:00h. A casa estava lotada de crianças e desta vez as sombras chegaram na
hora certa. A acrobacia é que saiu meio capenga por causa da música – Naná mais
uma vez nos atropelou. Fim de show com direito à dança final e
retorno ao palco pro ‘alê hey!’ Hora do corre-corre para desmontar tudo e
carregar a van e o ônibus com nossa bagagem, pois temos que sair às 12:30h.
Almoço no próprio ônibus e depois de +ou- 1h e meia de
viagem, chegamos ao porto onde entramos num grande ferry boat com ônibus e
tudo. Super luxuoso, viajamos por 2h e meia e passamos por diversas ilhas
bonitas. Chegamos na cidade de Alhus,
onde nos apresentamos pela primeira vez na Dinamarca, e seguimos viagem com o
ônibus por mais 2h até a cidade de Àlborg.
Depois do jantar, fui conferir o palco.
O show é num anfiteatro bem bonito, aos fundos do
museu de arte moderna. Acho que vai ser bom. Voltei com a van pro albergue onde
tomamos banho e tivemos reunião de lideres para discutir os próximos dias.
Jogamos um pouco de sinuca e à s
23:00h fui para a cama pois amanhã
madrugo às 6;00h para montar o cenário e o som pro show das 9:00h.
Que o sol esteja conosco.
-dia sem personagens
01 de Setembro de 2000
Último dia do verão dinamarquês. Já estamos no
centésimo quinto dia aqui na Europa e a vida é duríssima. Hoje, acordei à s 6:15h e à s 6:30h fomos eu, Sisay
e Reinhard montar o placo pro show
das 9:00h. Desta vez, montamos o cenário completo, mas nem tanto o som – tive
que improvisar com os poucos microfones que tínhamos. A galera chegou um pouco
antes das 8:00h.
O show começou
com platéia lotada de crianças com roupas coloridas de verão e o sol bem na
minha cara. Botei a galera do lado amarelo para tocar de óculos escuros. A mesa
do dandys, que foi soldada ontem, hoje já começou a partir outro pé, mas o show
foi bom e completo, com direito à Ilsad levitando e tudo o mais.
Fim de show, a galera foi visitar o museu e eu fique
com Sisay para trocar a mesa de som
por uma maior. Depois, seguimos prum almoço com cheiro e gosto de comida
queimada.
Quando voltamos para o anfiteatro, o vento começou a
derrubar a estrutura do cenário e ficamos tentando controlar até já ter platéia
entrando para a arquibancada. O show da tarde começou com vento mas correu numa
boa, sem desmoronamentos. A platéia -menos cheia mas boa e quente.
O show acabou por volta das 15:40h e tivemos que
desmontar tudo e guardar no museu, o que significa que amanhã teremos que montar tudo de novo.
Depois, eu, Lua, Baba, Nina e Julia fomos dar
uma volta pelo centro, enquanto esperávamos pelo horário do jantar, que foi bem
melhor.
Pegamos o ônibus de volta para o albergue. Alguns
assistiram Bruce Lee, outros jogaram sinuca. `Às 10:00h começou a sessão de
filme de terror e eu fui pra cama e aproveitei para ouvir o CD da banda do
Dinamarquês da luz e do som dos últimos shows de Copenhagen. Muito legal! Ele também se amarrou na Crac! Acho que é um bom contato de
intercambio. Já fui.
02 de Setembro de 2000
Último show na Dinamarca.
Acordar mais tarde, à s 8:30h pro
café das 9:00h num lugar fora do albergue. Café do bom: iogurte, granola, suco,
pães, presunto.
Márcia
ainda está com furúnculo . Depois do café a galera foi para a piscina e eu
voltei com Sisay e os que não
queriam nadar para o hotel. Eu e Sisay
ficamos esperando Reinhard acordar
para seguirmos para o museu para montar o palco.
Hoje é dia de chuva intensa. Parece que o verão nem
nunca passou por aqui. Reinhard
acordou pensando que não estávamos mais lá e se picou para o museu! Quando a
gente se deu conta, ele já tinha FUPARTIDO. Nada a fazer a não ser esperar.
Ao meio-dia, Mixa
(o motorista do ônibus) apareceu para pegar a galera do albergue para o almoço
e eu e Sisay fomos direto para o
museu. O show havia sido transferido para um saguão do museu por causa da
chuva. Montamos o cenário reduzido.
O show começou bem mas no meio da performance dos Gana
o som parou. Corre-corre nos bastidores e eu voltei pro palco pra tocar com Asis ao vivo uma substituição para a
trilha. Tocamos até o meio da levitação, o som voltou e parou de novo e tocamos
até o meio dos Ganas com Abbi. O som
voltou e o show seguiu como normalmente. A acústica do lugar era muito boa, o
que ajudou bastante. Márcia, que
pocou o furúnculo depois da piscina, também fez o show. Estávamos cercados por
uma exposição de fotos de pessoas mergulhadas num rio só com a cabeça de fora.
Fim de show, desmontar tudo e botar na van e seguir
para o jantar. Incrível! Feijão, arroz e galinha assada com direita à sobremesa de bolo e refrigerante de despedida. Durante o
jantar, ensinei um pouco de português para Li
Chao Hue, que jurava que vai pro Brasil e eu sugeri que ele podia dar aulas
de Kong Fu..
Volta pro albergue debaixo da mesma chuva de todo o
dia e é hora de banho e arrumar a bagagem para amanhã cedinho. Eu e Nina conseguimos fazer o diário juntos
de novo.
Acontecimentos do dia:
Eric
(Gana) se afogou e Lua, junto com
não sei mais quem, salvaram o maluco.
A substituição emergente da música mecânica pela
acústica.
As aulas de português para chinês
03 de Setembro de 2000
Mais um dia internacional da escravidão brasileira.
Acordei à s 5:00h e saímos eu, Sisay e Reinhard com
destino à Alemanha. Estrada vazia, 120km por hora,
2 paradas em postos de gasolina, passaporte na fronteira, café de suco e
biscoito e 7h depois, estávamos em Herford
(easy like Sunday morning).
Às 12:30h, descarregar a van e, enquanto os
funcionários terminavam de montar o palco, fomos almoçar em um restaurante. É
sempre bom comer na Alemanha. Me entupi de alho por causa da gripe que me
cerca. De volta ao teatro galpão, é hora de montagem – colchões, bambus e
tecido (só o do fundo), palco dos músicos (só de um lado), luz, etc.
A galera chegou por volta das 18:30h, hora de lanchar,
warm up e passagem de som. O show começou com Baba e Fábio com a platéia que
não foi submissa à s exigências
dos palhaços. Também, a maioria era de adultos mais para idosos. `Às 20:00h, Chan Hao entra em cena. Apesar da trip
pesada, o show rolou numa energia boa e os nossos números também foram muito
bons. Acho que Julia se esbarrou em Naná e o mesmo não participou da ultima
dança por causa do pé.
Fim de show, desmontar tudo , botar na van (desta vez,
com ajuda da maioria) e seguir pro jantar – o mais farto até hoje. Como é bom
comer na Alemanha! ... e seguir
para o albergue – uma casa incrível só para a galera! Pena que é só para passar
a noite.
Durante a noite, mais pepinos das 1000 faces – mais
uma crise de Márcia por causa de Wa e com o seu “gueri” Chan. Depois de muito blá blá blá,
enchi o saco, disse que estava cansado do dia e fui dormir, com direito a uma
cerveja e um cigarro antes, em companhia de Lua, Nina e Gizaw. Agora quem vai proibir esse
relacionamento conturbado sou eu. Chega de novela mexicana.
Acontecimentos:
· Reinhard derruba uma
grade de luz em cima dos meus instrumentos. Sorte que os saxofones se salvaram.
Foi gongo torno, mar morto, cretino banguelo, flauta troncha, cenário
desmontado e por aí vai;
· As
comidas daqui;
· Márcia com eterna crise
chamada Chan da China;
· Um
teatro de frutas na rua;
· Uma
exibição de instrumentos de água, PVC e metal a la Smetak também na rua;
· Eu e
minhas malas gigantes da van pro ônibus e do ônibus pro hotel. Já estou com 5:
a gigante, a das câmeras, o soprano, o alto e a tipo mochila.
·
04 de Setembro de 2000
Mais um dia de viagem. Acordar à s 9:00h pro café (alemão) e arrumar as
coisas para sairmos à s 11:00h com
direito a muitas frutas catadas do pé. Às 12:00h tivemos a primeira parada do
xixi e eu aproveitei para ligar para Dena, pois hoje é aniversario dela.
Seguimos viagem e +ou- à s 14:00h
estávamos em Frankfurt para pegarmos
Anselmo e Ana que chegaram cedo
desta manhã de chuva.
Chegaram bem, conheceram logo de cara Hassan, Yasmin e Chan Hao e
seguiram conosco no ônibus dos 1000 malucos. Acarajé, biscoitos, jornal, vídeo
e noticias da terra. Paramos depois de mais 1h e meia de viagem para almoçar
numa Mcdonalds e seguimos viagem chegando na Suíça 9h depois de nossa saída. Destino, a cidade de Lusern, 100 km depois da fronteira.
Chegamos no albergue e fomos direto para o jantar.
Depois, dividimos os quartos. Depois do banho, uma cervejinha com Serrat, Ana, Lua e Nina. Julia com Leonel e tios pra lá e pra cá. Já é
hora de ir pra cama.
Acontecimentos
· Chegada
de Serrat e Ana;
· Os
parentes franceses de Julia
05 de Setembro de 2000
Pensei que era dia livre. Acordei à s 9:00h, tomei café às 9:30h e à s 10:00h já estava sendo convocado pro
set up no teatro (eu e Sisay, é
claro). Do teatro não saí mais. Colchões, cenário, instrumentos, luz,
programação, um almoço fuleiro de sanduíche e acabei só saindo do teatro à s 23:30h, morrendo de fome, rondando
pela cidade em busca de um lugar pra jantar.
A cidade é linda, o teatro, maravilhoso, mas o pique,
mortal. Não vi nada e nem ninguém a não ser trabalho o dia todo. 13h sem pausa.
Uma carona de volta ao albergue às 00:15h, banho e cama.
Obs:
· O
teatro só tem um ano de inaugurado, com equipamento moderníssimo e lugar para
777 pessoas.
Acontecimentos:
· A
falta de contato com o meu grupo e Anselmo e Ana que acabaram de chegar.
06 de Setembro de 2000
Dia do nosso primeiro show aqui na Suíça. Café à s 9:00h e saída para o teatro para
terminar de montar a luz e colocar as cortinas da boca de cena. A galera que
pensava que iria ensaiar ou aquecer acabou tendo que espalhar pela cidade para
procurar Sum Bo e Chan que haviam
desaparecido. Por falar na cidade, fomos caminhando do albergue ao teatro e
pude ver quão linda ela é durante o dia, com sua muralha medieval, rio de águas
cristalinas de neve derretida, pontes de no mínimo 500 anos com suas historias
pintadas no teto e muitas flores.
Assim foi a manha até a hora do almoço. Depois do
almoço já era quase hora do show, que começava às 14:00h. Roda com as 1000
Faces completas e Anselmo e Ana na platéia. O show teve lá suas falhas de som e
luz. O mini-disc quebrou no meio do ‘Angry Girl” e a programação da luz teve
umas trocas de ordem, além das 1000 sombras no fundo, mas tudo bem.
Final de show, Anselmo
gostou das alterações – um alivio para os Bahios
– e voltamos pela muralha da cidade com direito a subir nas torres e tirar
fotos. Chegando no albergue, cervejas, papo e cama.
07 de Setembro de 2000
Café à s
9:00h e estudo com Márcia, Neném e Baba até o almoço. Anselmo
esta entusiasmado com Yasmin e está
tentando levá-la para Salvador. No almoço, Raquel
com a cara inchada por causa de Íon
que resolveu romper tudo e se preparar psicologicamente para voltar para a
china.
à tarde, as meninas desceram cedo para a
cidade para comprar coisas para a festa surpresa do aniversario de Gizaw. Nós seguimos à s 14:00h de ônibus pro teatro. Alguns
ensaios e enrolações com Gizaw
enquanto uns preparavam a festa. Enquanto isso, também mudamos as luzes do
fundo pra galera transitar sem fazer as 1000 sombras durante o numero.
Hoje, Anselmo
filmou o show das 20:00h à s
21:30h e foi tecnicamente bem
melhor. Depois foi jantar e volta ao albergue. Ficamos eu Serrat e Ana num bar
perto do rio. Comemos e bebemos como turistas. Na volta, na chuva, ainda
paramos num bar de uma portuguesa e tomamos a saideira ao som de banda Eva??,
lendo sobre Glauber rocha e
conversando sobre o que será o próximo espetáculo de fim de ano. Como é bom
estar na Suíça!
08 de Setembro de 2000
Dia livre. De manha, sai com Sisay atrás de lojas de música para ver microfones e DI boxes.
Rodamos toda a cidade e encontramos as lojas mais baratas. Voltamos pro almoço
e de tarde, fui com Gizaw comprar o
material. A galera passou todo o dia e noite ensaiando o espetáculo que a gente
leva daqui pro Brasil.
Mais tarde, filmes classe Z e Anuk reaparece pra nos ajudar na luz do show de domingo. Reinhard Fupartiu.
09 de Setembro de 2000
Hoje é dia especial. Depois do café, fomos todos a um
passeio turístico nos Alpes bem perto da neve a 2.160m de altitude.
Maravilhoso, inacreditável, inesquecível. Baba
foi o único que perdeu esta trip.
Passamos todo o dia entre montanhas e cavernas bem
perto do céu. Tirei mil fotos e não pude filmar, pois a câmera enguiçou ontem –
problema.
Volta com direito a sorvete, coca e cerveja. Banho e
diário de bordo com Nina. Daqui a
pouco ligo para o Brasil. Amanhã we
finish Suíça e segunda-feira Fuparti Alemanha.
Obs: acabei de ganhar (todos nós) bonecos indianos de
Ilsad. Já estamos caminhando pro fim, com choros, velas, boneco de fitas
amarelas e eu penso no nome deles e delas...
10 de Setembro de 2000
Domingo, Último dia de show em Luzern (Suíça). Pela manha, depois do café, seguimos eu, Baba, Fábio, Ilsad, Sisay, Anuk, Anselmo e
Ana para o teatro para remontagem do
cenário. Acabamos a montagem à s
11:45h e às 12:00h a galera chegou.
O almoço era lá mesmo no teatro, comida chinesa para
variar. Depois, warm up e show, que rolou bem legal e, graças a Anuk, a luz saiu colada. Na platéia,
pessoas ilustres: A família de Reinhard
e Anuk, Nathalie e sua família (hoje
ela nos contou que o pai de Hatu
havia falecido na semana passada) e Ives, que também esta por aqui – gente de itapuã!
Show encerrado, botar tudo na van com a ajuda de
todos. No meio dessa estória, dei uma fugida pro comercio turístico local pra
comprar lembranças pra galera do meu Brasil, afinal, estou no lugar mais lindo
que já estive aqui na Europa até hoje. Pena que é caríssimo.
Volta pro albergue para arrumar as malas, fazer a
grande reunião de lideres das nações e até que conseguimos cada um falar algo
em suas línguas temporárias.
Não me lembro muito mais. Falta pouco.
11 de Setembro de 2000
Dia de viagem. Acordar, tomar café e partir para a Alemanha
à s 11:00h. Destino – Colone (Köln). Depois de 9h de viagem
com algumas paradas pra xixi, sanduíches de peito de frango, tapas de Wa na cara de Chan por ter falado com Márcia
que, por sua vez, teve que ser regulada para calar a boca, pra não piorar a
situação.
Chegamos na cidade e rodamos feito perus tontos até
acharmos o circo que ficava na beira do rio Reno e tinha uma grande estrutura
de lonas e trailers.
Já era noite quando descarregamos o material e guardamos
nossas coisas nos trailers. Eu segui para a lona para ver o que tinha que ser
adaptado – e haja adaptação! O picadeiro é redondo e pequeno e tem umas
estruturas no fundo que têm que sair. Os músicos vão ter que tocar em cima, à la picolino, além de outras milongas mais.
Hora de jantar. No cardápio, frios, e Gizaw exigiu algum prato quente para
mais tarde. Eu, na verdade, nem quero. O resto da noite foi de papo e a saudade
que já bate pesado. Eu, Anselmo, Paolo (que chegou à s 23:00h), e Ana saímos em busca de uma cerveja perdida.
12 de Setembro de 2000
Dia do primeiro show em Colone. Acordar e, já que o placo estaria ocupado até às 16:00h,
dar um passeio turístico pelo centro, com direito à grande
catedral e a compra de livros. Encontramos o grupo dos chineses no meio do
caminho e já morremos de saudades antecipadas. Li, Ian Jawo, Sum Bo, etc.
Voltar para almoçar no circo e à tarde, Reinhard
liberou parte da grana dos cachês pra galera que quiser comprar as ultimas
coisas. Lá se vai o povo para a segunda volta de compras. Eu fiquei para
acelerar o processo da montagem e comprei umas besteiras por lá mesmo, coisas
de circo (malabares, palhacinhos, etc.)
Começamos a montagem à s 4:00h e, quando nos tocamos já era quase 7:00h e a galera
do som não tinha montado nada. Resultado : enquanto a platéia entrava, eles
botavam os microfones. O show começou sem passagem de som e com os monitores
desligados. Tudo bem, já estamos bem perto do fim. Depois do show, eu, Serrat, Anna, Paolo em busca de
uma cerveja perdida e conversar sobre a ida ano que vem para Barcelona e a
possibilidade da ida para a França.
O resto foi cama.
13 de Setembro de 2000
Últimos shows da turnê. Finish! Com direito à 1a Dama recebendo flores de Yasmin no 2o show. O 1o
foi à s 10:00h e óbvio que foi um
lixo. O 20 foi bem melhor, com espírito de final, com trocas de figurinos,
batucadas e tudo o mais. Agora é arrumar tudo de verdade. Alguns dos colchões
vão para Aisha, eu fiquei com alguns
instrumentos, bambus, Fuparti.
Jantar, confraternização, pizza, camisas 1000 Faces,
malabares para todos, agora acabou de verdade. Hoje à noite, burkinas e Bahios colocam as coisas na van, o que durou até a meia-noite.
Antes de tentar dormir às 3h que me faltavam – despedida dos chineses. Li e Yan me abraçaram e choraram e soluçaram - eu idem. Nos três em pé,
abraçados, chorando durante uma hora de relógio. Agora amo essas pessoas e o
que mais me dói é que nunca mais as verei, ou sequer falarei.
Respirar fundo, lavar o rosto, tentar ir pra cama
descansar. Perto das 3:00h, gritos de Wa
acordando Gizaw! Ela viu Julia saindo do quarto de Li pela janela (Márcia também). Corre-corre procura-procura e encontro. Tive que
partir à s 3:30h da manha com a
pior imagem da melhor pessoa do grupo: Li
se deitando no chão para apanhar de pau e depois, ser colocado numa posição
bizarra de castigo pelo resto da madrugada.
Adeus, meu amigo. Te espero no Brasil, caso você
resolva abandonar sua cultura pesada. Te amo. Me perdoe por ter te dado a
chance de conhecer carinho, compreensão, amor. Uo ai ni.
14 de
Setembro de 2000
São 3:30h e fomos eu, Gizaw e Sisay na van e Reinhard no carro preto com os burkinas. Chegamos no aeroporto de Amsterdam às 6:40h. Corre-corre e problemas nas passagens, problemas
com excesso de bagagem, quase perdendo o vôo. Reinhard voltou para Colone
para despachar Serrat e Ana e trazer o grupo do Brasil.
Resolvido o pepino burkina que resultou neles deixando
algumas malas para trás, seguimos pro escritório de Lucian para pegar o resto do material e redistribuir as bagagens.
Depois de tudo arrumado, pausa pro almoço e se mandar pro aeroporto.
A galera chegou com Reinhard um pouco depois d’agente e escaparam por pouco da barreira
nas estradas por causa do preço do combustível. Depois de certa luta,
conseguimos a liberação do excesso de peso. Comemos algo e embarcamos. Tchau Gizaw, Tchau Reinhard e Lucian. Agora
acabou mesmo.
Em Londres, mais
problemas. A bagagem só havia sido liberada até aqui e tive que chorar muito
até que surgiu o cabeça da Varig de Londres, Mr Alfonso, e nos deu carta
branca. Ufa! Agora só em São Paulo. Já estamos num avião da Varig, o que
significa que já estamos em território brasileiro. A gente sente no ar.
15 de Setembro de 2000
Acordar todo doído e rezar para chegar logo. Não
tivemos muitos problemas até o final da viagem com direito a grandes recepções
no aeroporto. Anselmo e Ana chegaram 15min depois. Feijoada no circo para
todos, jornal e tudo o mais.
Agora é tentar voltar à rotina e sei que nas próximas
noites sonharei bastante com nossos amigos deixados pelo caminho.
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