Diário de Bordo - Circus of 1,000 Faces(Portuguese)

Em homenagem aos 15 anos da participação da Picolino na turnê do Circus of 1,000 Faces, resolvi digitalizar o Diário de Bordo completo da viagem. Vejo o quanto crescemos nos últimos anos. O texto original foi 100% mantido, o que pode nos deixar zangados de vez em quando. Caso algum dos envolvidos deseje ter algum trecho do diário removido, basta entrar em contato comigo. Também adoraria poder incluir fotos. Deixei todos os meus álbuns no Brasil – naquele tempo, ainda não usávamos câmeras digitais ou smartphones. Caso algum dos envolvidos tenha alguma foto desse período, me mande por email que eu incluo aqui. Caso se saiba o dia exato ou a cidade onde a foto foi tirada, posso editar a imagem na página do texto correspondente ao dia certo.
Espero que todos possam se divertir com esta pequena viagem no tempo.


Dedico esta página à minha amiga Alethea, que me deu o caderno que se transformou no diário de bordo que se segue, transcrito do original:

DIÁRIO DE BORDO


Escola Picolino – Circo das 1.000 Faces (Turnê )


Alemanha:
Cologne – Circus Der Welt 2000
München – Toll Wood Festival
Karlsruhe – Toll Haus
Troisdorf – Theaterfestival Auf Der Strasse
Hilchenbach -
Dülmen
Iserlohn
Siegen
Austria:
Brergenz

Bélgica:
Antwerp – Zomer Van Antwerpen

Dinamarca:
Àrhus – Images Festival
Copenhagen – Images Festival
Odense – Images Festival
Àlborg – Images Festival

Inglaterra:
Stockton – Stockton International Riverside Festival

Países Baixos:
Groningen – Wereld Kinder festival
Amsterdam – Wereld Kinder festival
Rotterdam – Wereld Kinder festival
Utrecht – Wereld Kinder festival
Den HÀg – Wereld Kinder festival
Leeuwvarden – Wereld Kinder festival
Venlo – Wereld Kinder festival
Delft – Wereld Kinder festival
AlkmÀr – Wereld Kinder festival
Elst – Wereld Kinder festival

Suíça:
Lucerne – Internationale Misik Festwochen Luzern


8 de Maio de 2000

Pronto, Lelê, este vai ser o meu diário de bordo.

Finalmente embarcamos no vôo para Paris depois de + de uma hora de atraso (um passageiro sofreu um acidente e o avião teve que esperar, pois o cara precisava embarcar p/ ser atendido na França) só saímos às 11:00h da noite, o tempo estimado p/ o vôo é de 10 horas e 45 minutos. O próximo vôo (p/ a Holanda) é às 16:10h (horário de Paris) isso significa que vamos chegar, se tudo der certo, 25min. antes da saída do avião da Air France (só quero ver no que vai dar).
A maioria da galera já está cansadíssima e capotou logo nos primeiros minutos de vôo mas eu sei que o serviço de bordo irá acordar a todos.
Eu, Nina, Lua, Fábio e Baba estamos sentados na mesma fila, na asa do avião(peguei a janela), nessa mesma ordem, as menores de idade estão em outra fila, no compartimento após a Classe A. Apesar da demora, estamos todos bem e tranqüilos. Raquel cuida da galera da fila dela (Júlia, Márcia e Neném).


9 de Maio de 2000
Já são 1:50h, acabamos de jantar (todos acordaram)
Opções: massa de plástico, peito de peru de borracha ou filé sabe deus do que. Todos vão dormir de novo. O melhor da refeição sempre é sobremesa e, é claro, as vasilhinhas plásticas. Antes de comer, li o livro de poesias do decompositor de palavras que Virginia me deu. Eu sabia que ele era louco mas não sabia que era tanto. Vou tomar uma coca-cola e vou tentar dormir...até mais.


Bom dia! Começamos a acordar. Faltam 1 hora e 30 minutos de vôo. Vão servir o café da manhã. Baba com fone do ouvido reclama alto e o vizinho acorda. Risadas...


Estamos no aeroporto de Paris. O avião da Varig chegou atrasadíssimo e perdemos o vôo da Air France. Transferimos o vôo, só que a empresa dividiu o grupo em dois outros vôos com diferença de uma hora entre eles. Depois de algum custo, consegui unir o grupo de novo no mesmo vôo, às 16:55h. Saímos correndo p/ alcançar o avião, encontramos Paolo e depois de uma briguinha no raio-x por conta dos remédios de homeopatia, perdemos o vôo por 5 minutos.  Fomos transferimos para a KLM, vôo das 19:00h(uma comedia total). Agora, mais relaxados, estamos aguardando o tal avião. São 18:00h.

Raquel e Luana cantam 1000x “flor de lis”. Raquel agora toca violão para a galera. Pobre Reinhard, vai ter que esperar muuito! Os números de telefones que temos da Holanda não funcionam. É mais fácil se comunicar com o Brasil. Daqui a pouco a gente embarca – Té mais...

10 de Maio de 2000

E-mail:

E ai, Serrat! Nosso 1o dia aqui. Depois de todos os atrasos aéreos, foi o seguinte: Acordamos às 9:30h e tomamos um café legal. O lugar aqui é bem bonito, com quadras de esporte e uma lona de circo, além de uma sala legal para estudar. Durante o resto da manhã, o diretor fez uns trabalhos de grupo e jogos tipo chicotinho queimado. Foi engraçado - Nós, os Burkina, Chineses e os Indianos (os Gana estão com problemas de passaporte e ainda não vieram). até que foi divertido e já rolou algum entrosamento, tipo: chinês tentando tocar berimbau e africano dançando samba.

O almoço foi terrível: Sopa e repeteco do café da manhã. Depois do almoço, tive uma reunião com a produção e os outros instrutores. Recebemos 25% das diárias de 5 dias, um cartão com telefones úteis, um relógio para cada para ninguém perder a hora e uma bolsa para dinheiro. À tarde, os grupos se apresentaram p/ o diretor analisar o que vai ser montado a partir de sexta-feira 12. Tivemos que fazer sem dandis e sem escada, mas o diretor já conhece os números pelo vídeo. Disseram que logo a mesa do dandis estará pronta. Isso levou toda a tarde.

Às 18:00, jantar tipo almoço e depois rolou um jogo de futebol tipo 1000 faces x Holanda. Tivemos também que limpar e aplanar o picadeiro. Nessa brincadeira e com o sol se pondo às 10 da noite, perdemos o horário de estudo. Nova regra: Meia hora apos o jantar, 3 horas de estudo.

Sorte na Concha e até breve.

11 de  Maio de 2000

Dia de montagem. Neil escolheu alguns pedaços dos shows individuais para tentar montar um espetáculo de 45 min. que temos que apresentar nas próximas semanas. Os pedaços escolhidos provavelmente se revezam nas semanas que se seguem . A nossa parte escolhida foi: o encerramento, só que como se fosse abertura (berimbau), a acrobacia e o malabares com o swing na seqüência . No final do trabalho de um dia, o show ficou assim:

Abertura – Berimbaus (quando Baba reinicia a orquestra, a gente recua com o Yê! E sai metade pra um lado e metade pro outro – no meio, estão Hassan e Yasmin.
Mágica - Os indianos fazem números de mágica com a gente tocando berimbau por trás.
Dança - Na nossa saída, entram os africanos. Primeiro o do talking-drums e depois os outros com Djembê e cabaça, além dos dançarinos.
Shao Lin – Uma seqüência de artes marciais com som mecânico, por imposição dos chineses. Entre um número e outro, eu faço uma intervenção com o boréu enquanto o cd troca de musica.
Malabares/Swing – O nosso maculelê
Acrobacia – A nossa
Shao Lin – Mesmo esquema anterior
Dança – Os Burkina com outro número
Encerramento – No final da dança, entramos eu, Lua e Raquel tocando com os burkinas e os outros todos entram dando saltos variados.

12 de Maio de 2000

“Wereld Kinderfestival 2000

Dia das 1as apresentações. Local: Cidade de GroningenOosterpoort (teatro) – Tipo um ICBA grande e de luxo. Acordo às 5 da manhã, viajo +ou- 2:00h e meia até chegar no teatro com todo o equipamento, aparelhos, instrumentos, Reinhard e Sisay, o técnico de som da Etiópia. Montamos o palco e fizemos o reconhecimento do espaço e, uma hora depois, chega o resto da galera – montar as beribas, aquecer os couros, separar maculelês, swing, combustível, maquiagem, figurino, aquecimento e pronto!
Era uma platéia de crianças de escolas. Tivemos que adaptar um monte de coisas por causa do local – um teatro. Primeiro show das 10:00h  às 11:00h da manhã. Vinte minutos depois, já estávamos começando o segundo show – pau puro. Intervalo para almoço – TERRÍVEL!

A tarde era livre e nós demos um passeio pelo centro que ficava a 5 minutos a pé. Um parque de diversões incrível montado numa praça. Muita gente. Muita gente mesmo. O almoço foi tão bizarro que fiquei enjoado e resolvi voltar e tocar um pouco para saber quão ruim era o caso. Logo já era hora de jantar (cogumelo com gosto de cogumelo) e em seguida, hora da 3a apresentação. Depois, é desmontar tudo, botar na van e voltar pro ônibus.

Chegamos no albergue às 12:10h. Deu pra cansar. Ainda bem que  amanhã é folga.

13 de Maio de 2000

Dia de acordar tarde. Fizemos entrevistas individuais com a galera e fotos individuais para o programa do festival. Fui com alguns voluntários À Utrecht comprar palhetas. A cidade é demais!

À noite, algumas cervejas...

14 de Maio de 2000

Dia de workshop com Eveline Torres e um catalão chamado Andret. Foi bem legal- manhã e tarde. Aproveitei para testar os discos de Reinhard. No final, tentamos ensinar capoeira para os africanos e chineses. Eveline falou que vai tentar marcar workshops só com a gente.  amanhã é dia de madrugar para se apresentar em Rotterdam.
A noite, fizemos aula de inglês e Márcia leu o 2o capitulo do “Vampiro”.

Obs: a comida já foi bem melhor. Acho que eles estão sentindo o quanto estamos estranhando.

15 de Maio de 2000

Acordar às 6:30h– Cidade – Rotterdam (O maior Porto do mundo). Na estrada, engarrafamento e cata-ventos. O local, um teatro grande no estilo italiano.

1a apresentação às 11:30h. Um grupo brasileiro de musica abre o espetáculo. Almoço no próprio teatro e outra apresentação às 14:00h. Às 16:00h, retorno pro albergue. Reunião com Neil – temos que reduzir 15 minutos do espetáculo. 18:00h, jantar (bem melhor). 18:30h, finalmente temos e-mail mas mal da tempo de usar porque tem outra reunião com os monitores e lideres de grupo (comida, roupas, banheiro, lavanderia, saúde, etc.).

14:00h, reunião com nosso grupo. Passar as informações, lembrar as obrigações e adaptar o espetáculo. até hoje não consegui recarregar a filmadora porque a tomada é diferente. Também não consegui comprar filme pra foto.
21:00h - “O Vampiro”, com Baba, Márcia e Neném até as 23:00h. Depois, banho e boa noite que  amanhã tem +.

16 de Maio de 2000

Café da manhã às 7:15h e saída às 8:00h p/ Amsterdam. Teatro minúsculo e horrível dentro de um museu maravilhoso sobre os Países dos trópicos. Tivemos que adaptar novamente o espetáculo porque o teatro só tinha uma entrada e não tinha backstage. Foi um tipo de ensaio-espetáculo aberto com todos em cena, tanto quem se apresentava, quanto quem aguardava a vez. Lua, com o pé machucado, não fez os saltos de parada. No seu lugar, Neném fez a ponte e a parada escalada. O espetáculo faltou alegria. Foi um saco. No almoço, a pior das comidas de todo o mundo – não sei nem explicar.

Pra o 2o espetáculo, a regra era alegria! Resolveu grande parte dos problemas e o diretor ficou satisfeito. Voltamos pro albergue, jantamos e a galera foi tomar banho de piscina. Eu fique arrumando o quarto pois talvez tenhamos que mudar para outro. Tentamos mudar todo mundo do Brasil pro mesmo quarto mas as meninas preferiram dividir com as chinesas. Não rolou estudo por causa da piscina. A galera voltou às 10:30h e a gente tem que dormir cedo porque  amanhã tem mais no mesmo bat-local.

17 de Maio de 2000

Mais um dia de espetáculo. Café às 7:15h e saída às 8:00h. Ficou decidido que cada grupo tem que ter ao menos 15 minutos para aquecimento. Os berimbaus estão começando a afrouxar e sempre temos que botar os couros em um aquecedor.

Hoje o tempo mudo completamente e o frio chegou pra valer. Hoje tivemos um só espetáculo às 11:45h. Foi esquema africanos tocando com baianos. Foi bem mais animado. até Márcia cara de batata fez o espetáculo sorrindo. O almoço foi horrível como sempre. Não sei como um lugar tão lindo pode ter um rango tão ruim.

Às 13:30h tem ensaio com o diretor. Ele quer ver a galera jogando claves. Enquanto isso, fiquei organizando o material para despachar na van. Depois dos malabares a galera ensinou um pouco de acrobacia para os africanos.

Voltamos no final da tarde e assistimos uma apresentação dos nossos novos vizinhos de quarto – os Afrolata, de Vigário Geral (RJ). Tem um grupo de síndrome de down usando nossa sala de estudos, e logo hoje que arranjei um mapa grandão da Holanda e colei na sala.

O diretor está no quarto jogando com Baba, Bimbinho , Raquel e o tradutor dos chineses (ele gosta bastante dos nossos). A noite, a galera acabou transferindo de quarto. Agora é Neném, Lua, Nina, Fábio, Baba e eu em um, e Julia, Raquel e Márcia em outro com 2 burkinas e 2 chinesas. Depois da mudança, alguns ficaram assistindo vídeos (dança burkina, cinderela, etc.) e outros numa massagem grupal. Também tivemos que assinar os documentos para o visto da Inglaterra.

18 de Maio de 2000

Acordamos tarde, às 8:45h, e fomos direto pro café da manhã. O mesmo de sempre: pão integral, pão branco, queijo, presunto, pasta de amendoim, de chocolate, de avelã, geléia, mel, leite, café...

Muito frio! Depois de um tempo, o pessoal foi treinar malabares com Gerjan enquanto eu terminava uns formulários e questionários para tentar modificar a alimentação. Na seqüência, finalmente consegui falar com Albertina, a chefa dos albergues, e usar o computador com um pouquinho de calma. só um pouquinho. Mandei um email para o circo.

Almoço razoável: arroz, abobora com carne e salada de pepino. Depois, botei a galera pra terminar o exercício do “para gostar de ler”.

Eu e Raquel tínhamos separado nossas roupas brancas para lavar e o tapado do Gerjan esqueceu uma roupa indiana no meio. Resutado- todas ficaram da cor de burro quando foge. Raquel chorou muito por isso e Gisaw vai sair com ela pra comprar umas novas.

16:00h- Hora de partir. Cidade – Apeldom, a 1h de distancia do albergue. Dizem que é um teatro grandão. Vamos ver...

...tudo mentira. O teatro era grande e bonito sim, mas o backstage era uma bosta! Tivemos 1000 faces de problemas com montagem de equipamento, tempo para maquiagem e espaço. A raiva foi tanta que o 1o espetáculo saiu numa energia incrível! Iansã que o diga. Antes, lanchamos um almoço bom pela primeira vez – self-service. Entre um show e outro, quase não houve tempo pra nada. O 1o serviu de experiência para o 2o que foi tranqüilo, pois já sabíamos o que havia por lá. Depois do show, tirar figurino e maquiagem e se reunir com os outros, a equipe técnica, o diretor e Lucian. Horas e horas de discussão sobre os problemas. Ha alguns erros gravíssimos nesta estória:

-A gente chega e se apresenta mil vezes para depois ensaiar.
-Nunca sabemos como é o local de apresentação
-A equipe de apoio não é nada profissional. Nem sequer água na beira do palco.
-A comida é um desespero
-Tem que ter lazer, treino e integração dos grupos
-Tem que ter facilidade de comunicação entre as línguas chinês, burkina, Frances, português, indiano, holandês, alemão, Etiópia e inglês
-A gente perde muito tempo viajando do albergue até as cidades. Mínimo de 1h e meia.
-O frio está começando a mostrar sua cara. Problemas respiratórios e de articulação, pele ressecada.

Foi +ou- 1 hora de blábláblá em mil línguas. Espero que as coisas melhorem...

Volta pro albergue e um lanche pra aliviar. Temos que dar um jeito de relaxar e dormir cedo pois  amanhã tem +.

19 de Maio de 2000

Acordar às 6:3 0h, café às 7:15h e saída às 8:00h. Destino: Rotterdam de novo. Foi um dos melhores teatros que já apresentamos até agora. Depois de 2h de viagem (vacas e cataventos) é hora de montar o equipamento, botar o figurino e fazer maquiagem. O show começa às 11:00h. Marcinha com o joelho lenhado foi pro hospital pra fisioterapia e voltou com o joelho imobilizado e c/ a recomendação de uma semana de repouso e pé para cima. Nina substitui Márcia na acrobacia e Pirâmide.

No geral, foi legal. Entre um espetáculo e outro, o almoço foi de comida quente, resultado da reunião de ontem. Depois do almoço, todos nos reunimos no palco. Lucian deu roupas de frio com a logomarca do festival para toda companhia – também resultado da reunião.
O 2o espetáculo, das 14:00h às 15:00h, foi melhor que o 1o. Conversando com o diretor sobre tecidos e a companhia, ele elogiou Anselmo e o nosso grupo. Ele também está impressionado com a facilidade que Raquel tem c/ as línguas. Ela já fala muita coisa em chinês. Alias, estou preocupado, pois tanto os chineses quanto os indianos já beijam e abraçam e brincam como nós. Acho que quando acabar o festival, eles vão levar uma surra quando voltarem aos seus países de origem.

A chuva caiu forte durante a viagem de volta. O frio domina o cenário. Todos começam a sentir o baque – dores de cabeça e nas articulações, febre, etc...O chinesão nos mostrou o aquecedor do quarto. Que alívio! É bom dormir.

20 de Maio de 2000

Hoje é dia de ensaio.  Temos que aumentar o espetáculo p/ 2 partes de 40min. Iamos incluir a contorção mas Neném está com febre. Pelo menos conseguimos montar o dandis c/ uma das mesas da sala de estudos. Ensaiamos pela manhã ,depois do almoço e a tarde. Consegui mandar um e-mail pro circo e também recebi um de Ana B. Entrei no UOL e La havia 427 mensagens – consegui apagar 200 do mercadão.

Depois do jantar, consegui ligar para Villas e para minha casa mas só falei com Lana porque Nancy não estava.

Tentei os pedais e eles estão ok, felizmente. Depois do ensaio, de noite, os meninos treinaram malabares e eu finalmente testei o sax alto. Foi um parto botar a mesa do dandis na van.

 amanhã os espetáculos são na Bélgica. Espero que Ana B consiga avisar a Tuur.

Saiu um novo programa atualizado e com menos shows e mais tempo livre. Ufa!
Até  amanhã.

Obs: Roteiro do show duplo:

1a parte

-Berimbau
-Magica (Rassan)
-Burkina dance
-Banana
-Chineses 1,2 e 3
-Maculelê+Malabares
-Acrobacias
-Burkia dance
2a parte

-Chines (quebra pau)
-Dandis mesa
-Magica (Ilsad)
-Chineses 1
-Chineses 2
-Chineses 3
-Burkina dance
-Encerramento

21 de Maio de 2000

Hoje o café foi às 9:00h e saímos às 1 0h. Destino – Antwerp, Bélgica. Um centro cultural é usado de camarins, local de almoço e aquecimento. Um lugar bem legal. O show, por sua vez, é numa lona montada do lado de fora – Frio!!!. Apesar da temperatura, o 1o show foi bem legal. Fizemos o numero da banana e todos adoraram. Toquei sax sozinho. Durante o intervalo, Tuur apareceu! Que legal! Ele está com um cabelão, quase irreconhecível. Ficamos muito felizes e ele vai tentar nos levar a uma apresentação da escola dele dia 4 de junho.

Lanchamos, re-aquecemos e La vai mais um show, ou melhor, a 2a parte do mesmo.Antes dos shows, rola uma apresentação dos Afrolata. A 2a parte também foi legal e inauguramos o dandis que obviamente foi um sucesso. Depois, jantamos finalmente uma comida que podemos chamar de deliciosa – Tailandesa, é claro. Combinei com Reinhard e Neill de manhã enquanto o pessoal vai ao parque, nós iremos a uma loja de instrumentos e um ferro-velho além de uma loja de materiais de construção, o que não deixa de ser um parque de diversão.

O tempo esta chuvoso e horrível mas tudo bem. Acho que estamos nos habituando. Durante a volta, cantamos versões de musicas adaptando os nomes de Shan Hao e Sum Bo. Foi uma comedia. Chegando ao albergue às 10:30h, algumas brincadeiras e...boa noite.

22 de Maio de 2000

Hoje a galera acordou e foi ao parque de diversões. Eu fui com Reinhard e Neill atrás de materiais sonoros. Fomos a uma loja de material de construção e nos entupimos de canos, mangueiras, funis, etc. Depois, nos perdemos na estrada e finalmente chegamos na cidade que tinha um ferro-velho. Pena que não tirei fotos. Catamos algumas coisas e fomos atrás da loja de musica. Não sei porque, todas estavam fechadas.

Paramos para jantar (o almoço foi na parada da loja de material de construção) num restaurante grego delicioso e tomamos uma garrafa de vinho branco. Depois Reinhard saiu fora e eu fiquei conversando com Neill sobre as idéias dele em relação ao espetáculo. Fo bem legal. Na volta, nos perdemos mais um pouco pelo caminho e na chegada, às 9:20h, tentei organizar todos os instrumentos alternativos disponíveis. Hoje chegou a sobrinha de Reinhard, Anuk, que vai me auxiliar na montagem dos instrumentos. Já são 12:40h. Vou dormir.

23 de Maio de 2000

Hoje foi um dia duro...
Café às 9:00h e ensaio para montagem. Enquanto o pessoal ensaiava, eu fiquei tentando trabalhar algo de musica com os burkinas mas os loucos não contam tempo. Ainda assim foi interessante. Usamos caxixis, talking drums, marimbas, cabuletê e agogôs. Pausa p/ almoço e na seqüência, uma reunião p/ discutir as discórdias do grupo, principalmente em relação a Márcia. Na seqüência, mais ensaio p/ montagem do espetáculo c/ duração de 1h para  amanhã num hospital.

Baba ficou de fora, acordou com febre e assim permaneceu. Tivemos que remontar vários números para suprir sua falta. Já Neném voltou a treinar e vai fazer o espetáculo. Márcia ainda esta em faze de recuperação.

Parada para jantar e mais ensaio. Passamos o que ia ser apresentado  amanhã. Está razoável. Um dos chineses vai tocar berimbau com a gente.

Depois do ensaio tivemos que lavar o salão porque era dia de limpeza e ocupamos o espaço durante todo o dia. O diretor lavou o banheiro.

Acabamos à 1:00h. Fui ver como estava Baba e, apesar dos remédios, a febre chegou a 39.7ºc. Fiquei assustado, troquei de medicamento e fiz compressas de água fria por uns 40 min. Finalmente a febre começou a abaixar. Ufa!

 amanhã o show é num Hospital. Oba! Todos vamos aproveitar para fazer exames. Um dos Burkinas, acho que está de papeira. Estou um pouco assustado pois ainda não tive. Preciso me cuidar.

24 de Maio de 2000

Hoje o show é no centro de um Hospital. Quatro prédios gigantescos que parecem mais um shopping Center. A platéia era composta basicamente de crianças doentes (físicas e mentais). O lugar era aberto, com backstage improvisado e sem monitor. Foi uma bomba! O pior de todos. Já no camarim, a coisa era um pouco melhor, com um monte de rango e uns bolos com gosto de Brasil. Depois do show, foto do grupo com pirâmides e instrumentos. Dou uma bronca daquelas em Marcinha por causa do seu mau humor e mania de exclusão. Depois do desmonte do equipamento, hora de jantar.

Nunca comemos tanto até hoje. Todos de barriga dura. Acho que compensou o mau show. Na volta pra casa, rola a braba sobre Tyche (tica) e Baba. Falando em braba, ele fez exames e foi receitado alguns antibióticos bizarros. Vai ter que tomá-los por uma semana.

No albergue, reunião comigo, Tica, Gerjan e Gizaw. Tica saiu chorando e depois, botou Titanic para a galera assistir. Acabei tirando o cabaço de Titanic.

25 de Maio de 2000

Hoje saí mais cedo que o resto do grupo. Fomos eu, Reinhard Sisay e o equipamento. 2 horas depois, chegamos em Delft (Teatro do Leste). Um frio insuportável.

O teatro é bem legal, c/ um puta camarim pra cada grupo. A galera já chegou bem emburrada e logo depois do ensaio, entrou em crise de choro coletivo. O diretor foi falar com a gente no camarim e quase entrou no choro também, mas a galera se sentiu mais confortável.

Almoçamos comida chinesa. Ficou decidido durante o almoço que não faríamos a parte da acrobacia, pois ninguém está satisfeito e talvez seja uma forma de tentar mudar o programa e incluir novos ensaios. Ficamos de nos reunir à noite com Reinhard, Neill, Gizaw e o grupo.

O espetáculo rolou como tinha que ser e Neném fez a contorção (quase ficou nua). Os indianos esqueceram o figurino e não fizeram o show.

Chegamos de volta ao albergue e fomos nos movimentar um pouco na quadra. Depois, jantamos a ração diária e fui estudar Historia com Neném e Márcia (liberei Baba por causa da doença, pois a aula teve que rolar no frio do ar livre (invasão Holandesa).

Na seqüência, Neill chegou c/ o cenógrafo que trouxe da Austrália um didgiridu pra mim êeeeeeeba!

Rolou a reunião e a galera se sente mais segura agora. Acabou por volta das 23:00h.  amanhã é dia de madrugar. Serão 3 shows no mesmo teatro de ontem.

Obs: O diretor comprou o disco “Amazônia”, do Uakti. Reinhard comprou vários apitos de êmbulo e uma sanfoninha cretina.

26 de Maio de 2000

Hoje, o café foi às 7:15 e saímos às 8:30h. Dormimos até a porta do teatro. Aquecimento e montagem e La vai + um show! Fizemos berimbau, contorção e malabares. Foi um dos dias mais descontraídos. Entre o 1o e o 2o shows, comemos comida chinesa. Depois do 2o show, demos um role no centro da cidade, tiramos algumas fotos e compramos alguns postais. Na volta para o camarim, brincadeiras, piadas e jantar. Na seqüência, mais um show, às 2 0h, com os Afrolatas abrindo pra’gente. Antes, uma velhinha que toca aqueles órgãos de manivela me mostrou como o instrumento funciona e me deu o seu cartão (uma foto comedia). Ela toca todo sábado no centro da cidade de Delf.

Saímos do teatro para o albergue à 1:00h, o que significa chegar às 12:00h. A minha assistente e sobrinha de Reinhard, Anuk, é muito linda, pena que tem só 15. Aa noite, no albergue, uns pasteis esquisitos e uma cerveja pra relaxar. Agora só  amanhã de manhã.

Obs: Virginia mandou um e-mail super legal. Tenho que ler depois para o grupo.
27 de Maio de 2000

Hoje é dia de treino. Café às 9:00h e ensaios com Neill. Enquanto a galera ensaiava, eu montei 5 instrumentos da família dos cretinos e um ganzá de metal. Ficaram bem legais. Parada para almoço e ã tarde, Eveline apareceu para fazer uns trabalhos de corpo com a galera. Ilsad mostrou um novo numero de levitação incrível e passamos um novo final com pirâmide. Depois, treinei um pouco de talking drums com os africanos.

Esqueci que antes das pirâmides, fui ao e-mail e abri umas mensagens do circo. Ana dizia que estava mandando o programa de estudos mas não encontrei nada La. Abri também o UOL e já tinha quase 300 mensagens de novo (mercadão, mercadão, mercadão...). Consegui apagar tudo. Mandei também mensagem pra Bel e pra Julio e respondi a do circo.

No final da tarde, Luana aprendeu a coreografia dos burkinas e eu tentei um pouco do meu didgiridu. No jantar, um macarrão até razoável e depois, peguei Baba, Márcia e Neném pra estudar Historia (mais invasão holandesa). A galera dá um trabalho inacreditável para estudar.  até Raquel anda pisando na bola, esquecendo de manter o estudo do outro grupo.

Na seqüência, rolou um filme que eu não vi. Dei um pulo no bar e aproveitei para ligar para Villas e para casa + de novo só encontrei Lana – seu Luiz já está quase bom.

 amanhã rola show num festival de musica em Rotterdam com +ou- 200.000 pessoas e 15 palcos simultâneos. Boa oportunidade para distribuir material da Crac!

Gizaw me deu um cd da sobrinha dele patrocinado pelo Phil Collins e disse que vai montar um material de divulgação em inglês baseado no que eu trouxe. Ele falou que tem mil contatos de agentes de festivais na Europa. Oba!

No final da noite, Reinhard aparece c/ + 1 instrumentinho bizarro de cordas e ainda me dá um banho de cerveja. Tudo o que eu realmente queria era poder dar “um viva para os grazzers: grazzers, grazzers, grazzers!”


28 de Maio de 2000
Café ãs 8:30he corre-corre para adaptações no roteiro do show, pois o que pensávamos que seria 2 shows de 45min se transformou num show de 90min com 2 partes. Quando conseguimos resolver, chega a noticia de que a tempestade forçou com que cancelassem o evento – logo este que eu queria tanto participar...

Mudando de rotina, passamos a tentar trabalhar algo pro novo espetáculo : costureiros -burkina nos figurinos, eu e Sisay nos metais para sinos, o diretor e o cenógrafo com as malas e paletós, botando a galera para testar a viabilidade dos adereços.

Almoço esquema pão e, mais tarde, Fábio treina os burkinas na acrobacia, eu e Sisay terminamos os últimos sinos. Depois, decidimos o que jantar - comida chinesa, pizza e comida indiana, e eu resolvi dormir um pouco.

7:00h, hora do jantar. Eu fui com Reinhard encontrar com Neill e Chon para jantarmos num restaurante português e conversarmos sobre o espetáculo.

Na volta, ãs 11:3 0h, Raquel me jurou que a galera havia estudado (ou pelo menos tentado). Todos estavam assistindo filmes desde o final da tarde (só besteira tipo neverending story, matilda, cinderela, etc.)

Acho que bebi muito vinho... só  amanhã de manhã..  amanhã a gente vai a um teatro em Utrecht para montar e testar a luz, figurinos, ensaiar, etc.

Espero que esse teatro fique ã nossa disposição mais vezes.


29 de Maio de 2000

Café às 8:3 0h. Lembrar de botar os últimos aparelhos na van e partir c/ o ônibus para Utrecht. Não agüento + estas estradas...é muito monótono, tudo completamente plano e onde só se vê vaca, ovelha, pasto...nada altera o cenário, só um cataventinho de vez em quando.

Chegando ao teatro, decepção – o lugar não tinha nada de teatro. Esses organizadores são totalmente insanos. Era uma boate  estilo infernão. Todos putos e total confusão. Tentamos organizar um passeio pelo centro da cidade + era uma segunda-feira e tudo estava fechado e, ainda por cima, chovendo.

Voltamos e comemos o pior dos sanduíches como almoço. Raquel não suportou e botou os bofes para fora. Meia hora depois – ensaio. Primeiro, os brasileiros – repassar acrobacia com Baba de volta, o dandis de 2 e coreografias. Naná é o meu novo salva-vidas da percussão, c/ um astral 1000x melhor que o de Aziz. Depois, ensaiamos as pirâmides do encerramento varias vezes – ninguém se entende muito bem. Estressante.

Depois do jantar, começo da montagem do novo espetáculo, o que foi a única coisa prestável do dia. Trabalhei um pouco com Sum Bo e depois, todos se fizeram de transeuntes com malas e pastas, apressados com horários para cumprir ( no fundo, Uakti e Phillip Glass) e, de repente, uma pausa – todos congelam e a burkina dança com a mala...
O ensaio acabou ãs 10:3 0h. Banho e cama.

Indiano:
1= êc
2=do
3=tiin
4=jiar
5=pÀt
6=Che
7=sÀt
8=Àt
9=noo
10=dez
Meu=mere
Seu=têre
Dele=usquê
Deles=sabquê
Acordar=diagna
Dormir=nind
Nosso=hamdenuque
Todos=sareduniaque
Good night=mesora rá rum

Chinês
1=i
2=ar
3=san
4=si
5=u
6=Liu
7=ti
8=PA
9=Dio
10=chi

Indian song:

Sabeque baradeÀri dolítúngui, lÀaenÀa
Dulerran baenaque ledjana
À coome dÀrenÀdje gunguetium
UthÀana
Dulerran baenaquee rame goco radjadi
ledjÀanÀ

30 de Maio de 2000

Já estamos no fim do mês, às vezes parece rápido, às vezes parece que já foram 3 meses. Café às 8:30h e depois, a galera foi treinar malabares pro espetáculo. 11:00h, hora do terrível e temível almoço a base de pão, oh não!

Às 11:45h, o ônibus parte para Amsterdam. 2 horas de planícies, pastos, vacas, ovelhas, ex-casas de fumo e plantações de milho – pobre Van Gogh.

Chegamos no mesmo palácio onde se encontra o museu, só que desta vez, a apresentação é no teatro principal, c/ direito a ministro e mil estatuas nos olhando, só que o palco era um merda e não tinha backstage. Um saco, pra variar.

Quando acabou, ainda tivemos que esperar uma hora até o ministro acabar o seu  blá  blá bla. Enquanto isso, finalmente consegui fazer alguma atividade grazzer by N.Y.. Na seqüência, ensaios de montagem no teatro pequeno (bem legal). Depois, volta ao presídio-albergue, jantar, passeio no bosque e estudo com Márcia e Neném (Baba fugiu). Na tela, mais Titanic para os outros. Até amanhã.

Dulerrán que Barát (indian song):

1a -Diadgelê   Diadgelê  Nenotailê (Duma dgelê) 2x
2x (Umariquilê) hÀÀÀa
2a-Meiretum me sama djaum Tum mEudjim me samá Àdjao
Diternánqui yeparú vaterrée
Ditenáye paáninrre
Diternánqui  ye puúralverrê
Ditenáye uúteererrê
Ditenáye petimerêe
Ditenáye daác chinerrê
ÀÀAá

Red song (cuxí):
Lálêgarara emera
Lálêgarara emera


31 de Maio de 2000

Hoje é dia de ensaios de montagem – fiquei tentando montar alguma coisa c/ os xilofones burkinas. A galera também ensaiou malabares e acrobacias.

Parada para o almoço – pão – ao ar livre, pois hoje temos um pouco de sol. À tarde, mais ensaios de montagem: do meio dos transeuntes, uma mala(Chan Ha), um macaco ((Chan), alguém que se indigna com o empurra-empurra do transito (a chinesa guery).

Parada pra jantar. Incrível – feijão! Na seqüência, Neill treina os chineses e os burkinas. Enquanto isso, estudo c/ Baba e Neném (Márcia foge). Leitura do Vampiro.

O resto é silêncio...


1o de Junho de 2000

Rêra Fere (indian song)

Djabii eeeee Rassinan decu
Mere dilqui dar badjê báro báro badjê
Oiêeeeeee
Tchan tchan tchanÀranan
Tchana Tchan Tchana aradan

Dia de show em Leewvarden (3h de viagem). Café às 8:30he saída às 9:15h. Hoje o espetáculo é de 2 partes de 45min. Chegamos numa chuva da porra. O palco era a céu aberto e só uma parte numa espécie de coreto tinha cobertura. Pouca coisa da pra ser feita.

Almoço self-service c/ cara de feijoada. Comi muito e voltamos para o local do show. Decidimos fazer um show de meia-hora 2x com o que dava pra ser feito.
Nós fizemos só o berimbau com mágica. O lugar inviabilizava  praticamente tudo o que podíamos fazer. Os Afrolatas também tocaram por duas vezes e tinha também uma dupla de pernas-de-pau, acho que eram cariocas, fazendo um besteirol com uns ritmos brasileiros, chamando forró de salsa e coisas desse Gênero. Ainda tinha um cara da Paraíba fazendo um teatro de bonecos e tocando gaita (disse que conhecia Anselmo). Haja brasileiro!

Depois do 2o show, fomos jantar. Eu só consegui comer um iogurte passei num café africano da esquina pra complementar. Na seqüência, ônibus e viagem de volta a Elst.

2o de Junho de 2000

Hoje é dia de montagem. Durante o café, ãs 9:00h, o de sempre. Na seqüência, aquecimentos, alongamentos e acrobacias. Parada para almoço (repetição do café) e volta ao salão de treino – eu Fábio, Baba, Sum Bo e Hatu tentamos montar o “mundo de Sum Bo”. Deu um trabalhão. Mais tarde, ficamos eu e Neill tentando limpar o local para passarmos de novo c/ a galera.

Ficou até legal – o dandis dos meninos na seqüência de uma performance burkina. Hora de jantar...

À noite, estudo ao ar livre. Geografia, mapa mundi e o vampiro.

3 de Junho de 2000

Ensaio de montagem depois do café da manhã. Fiquei com Neill tentando aprender o programa de musica do computador. No final da manhã, enquanto a galera treinava acrobacias, conseguimos fazer um loop de pés na água – já podemos usar o programa.

Parada para o almoço – Tcharann!! – pão. Comi só banana. Às 14:00h, recomeçamos o ensaio c/ as andadas, a coreografia de malas burkina, o macaco, a chinesa da espada, Shan Hao, etc...

O pessoal passou a tarde na coreografia das andadas. Andaram de mil jeitos. Enquanto afinei o surdo da bateria, treinei um pouco de didgiridu e tive que auxiliar no ensaio.

Jantar – macarrão baixo-astral com pimenta. Depois, mais ensaio. Fiquei com Baba na sala estudando Geografia (consegui um atlas na sala da administração e também abri e imprimi o e-mail com o programa de estudos para 5a e 6a series.

Neill testou o Tai chi com cool jazz – quebrou tudo! No final do ensaio pensei em tomar uma cerveja mas o bar estava fechado. Até  amanhã (dia de folga).


4 de Junho de 2000

Hoje é Day off. Acordamos por volta das 1:00h e ficamos assistindo os burkinas ensaiarem a musica deles numa versão sem djimbê. Bem interessante.

O pessoal hoje depois do almoço vai a um cinema 3D e eu vou com Neill às 11:00h a um dos principais museus da Europa – Kroller-Muller Museum. Era uma reserva florestal gigantesca num parque nacional que era anteriormente uma fazenda para caça de veados. Durante o percurso de carro, varias esculturas, milhões de bicicletas e uma espécie de castelo de campo para os caçadores, um Museu Jovem subterrâneo e o grande museu, cercado de praças de esculturas. La dentro, tudo. Monets, Renois, Picassos, Pinturas do sec II, mexicanos, chineses, japoneses, gregos e...Van Gogh, muito Van Gogh...quantas cores! Muitas cores! Todas as cores...infinitas...
...depois, fomos ao chalé de show ver a maquete do palco e discutir sobre a escada. Na seqüência, o retorno ao restaurante português, mais vinho e...alho. Que saudades do alho.

Cheguei no albergue ãs 1 0h. “Callect call to Brazil” e cama.

5 de Junho de 2000

Dia de espetáculo em Utrecht. A gente se apresenta 3 dias seguidos neste teatro. Interessante, mas sem backstage. A gente sai das laterais por baixo da platéia. Fizemos berimbau, contorção, malabares e acrobacias. O almoço também foi legal – o melhor chinês que já comemos até agora. O camarim era grande e a platéia era escrota( de escolas).

À tarde, depois do show (14:15  às 15h), alguns ensaios para o de amanhã. Na volta, piscina cancelada e jantar gororoba razoável.

Pensando no Brasil... hoje vence meu aluguel, tenho que resolver isso até amanhã. Um pouco de tentativa de e-mail mas as meninas estão como vermes no PC e eu acabei sobrando.
Estudos das 7:45 às 10:40h e até amanhã.

6 de Junho de 2000

Utrecht again. Breakfast at 7:15h and departure at 8:00h. Today we have two show at the same venue as yesterday.
O primeiro foi bem legal e fizemos berimbau pro bowl de Li.

Almoço chinês de novo e o 2o show. Algumas emburracoes e vamos pra frente que atrás vem gente. No final, uma reunião para acertar os buracos e uma duvida: o show de  amanhã c/ Eveline...

Uma volta por Utrecht de meia-hora e na volta, conseguimos falar com Eveline – fazer uns 15 min e quem topar, ajudar ela na coreografia. Em casa, reunião, e-mail de Virginia e lavar a prata da casa, pois já estava suja. Tudo feio, com tempestade, raios e relâmpagos. Até amanhã.

7 de Junho de 2000

Hoje é dia de espetáculo pela manhã e “Picolino e Eveline” à tarde. O da manhã correu normalmente, com berimbau, contorção, dandis, malabares e acrobacia. Foi legal. Deixamos tudo semi-pronto para a tarde e fomos almoçar. Obs- fizemos roda antes do show. O almoço foi no chinês legal que já vamos por 3 dias.

Às 13:00h, fomos re-aquecer e dar uma passada no que seria o show da tarde. Fiquei com neném dando uma entrevista a um cara da Dinamarca que disse que incluiria o depoimento em materiais didáticos no seu país.

No meio da entrevista, fui chamado pelo pessoal, pois Bimbinho estava no chão se contorcendo de dor de cabeça – a mesma que ele teve ontem só que bem mais forte. Tivemos que ir ao medico eu , Fábio e uma funcionaria do teatro.

Depois de 1 hora e meia de espera, observação e pequenos exames, chegaram a conclusão de que era um problema muscular, uma distensão no pescoço. Alguns analgésicos, relaxante muscular, uma receita, uma melhora relativa e o retorno ao teatro.
Quando retornamos, o show já havia terminado e soube que a galera não participou direito. Apenas algumas das meninas haviam ajudado Eveline com algumas coreografias. A grande parte arrumou o material e saiu na van amarela de role pela cidade.
Pouco tempo depois, apareciam os primeiros a retornar. Fui a uma loja de tênis baratinha e comprei um super reforçado por 30.00. Voltei pela rua de cafés e, ao chegar de volta ao teatro, fomos todos a uma pizzaria na beira do rio. Ótima e muito bonita.

Depois, na volta para o albergue, uma parada no hospital para Hassan ficar com Yasmin e voltamos ao caminho. São 9:00h e o ônibus segue para o leste. Chegamos às 10:15h. A galera ainda deu uma passada nos números para ver como fica sem Fábio. Depois, banho e cama.

8 de Junho de 2000

Hoje é dia de madrugar. Acordar às 6 e saída às 6:3 0h. Vamos para Den HÀg Na costa, na praia, esta é a cidade onde moram os Zaitgeists e também é onde fica o parlamento holandês. Parece uma Beverly Hills, cheia de casarões e hotéis gigantes. O teatro é uma construção bem antiga, pra variar, mas os equipamentos de luz e som são novos. Ficamos com um camarim só pra’gente enquanto que os outros estão amontoados num outro camarim bem grande. O palco não tem backstage e, por isso, tiramos o numero da contorção por causa da mesa. Ficamos só com os malabares e o berimbau para a mágica.

O 1o show foi legal. Na seqüência, fomos almoçar num restaurante inglês bem perto. Alguns odiaram, eu gostei muito - tinha muito gengibre e eu estou quase sem voz, com uma tosse feroz.

O 2o show foi às 14:15h e correu bem como o primeiro. A platéia também era bem legal. Na verdade, até mesmo o pessoal do “Música do Brasil” fez um trabalho descente. Ao final, fomos todos dar uma volta e ver o mar da Holanda.

A praia era bonita mas o mar era bem sujo e a água geladíssima. Bimbinho sai pra dar uma volta e não volta. Perdemos um role pela cidade para esperarmos pelo lindão.

De volta ao teatro, é hora de jantar (repeteco do almoço). Mais gengibre e mais frescura, pois alguns não quiseram nem arriscar a 2a opção para vegetarianos. Hoje começo a me sentir bem cansado (talvez o resfriado ajude) de tanta dependência e de tanta reclamação. A galera está entrando na fase do reclamar de tudo e de todos. Acho que vou fazer uns 2 dias de greve geral.

O show da noite é às 8:15h. Uma platéia de adultos e crianças. Foi a melhor das platéias. Acho que a acrobacia teria arrasado aqui.  amanhã o show será no extremo oposto do pais, na fronteira com a Alemanha.

Às 9:45h o ônibus sai de volta ã Elst. Hoje e amanhã os estudos estão castrados por falta de tempo. Na saída do teatro, Neill me presenteia com uma flauta Pã de bambu. Acho que ele quis aliviar minha depressão e resfriado.

No albergue, umas frutas, biscoitos e aquele churros preto salgado que parece que tem aipim. Pra dormir, inalações de vick vapor rub.

9 de Junho de 2000

Café às 7:30he saída às 8:00h. No ônibus, a orquestra da tosse – eu, Lua, Aisha, Li, Chan Hao… são 9 horas de viagem até a cidade de Venlo, no extremo sul do país, na fronteira com a Alemanha. Um calor inacreditável, tipo Brasil, e a poeira do ônibus me matando durante todo o caminho. Chegando lá, pelo menos um lugar sem ácaro. Paolo ligou e disse que iria aparecer nos próximos dias.

O 1o show foi legal, com Bimbinho de volta 80% na acrobacia e no malabares, além do berimbau para Hassan como ontem. Intervalo p/ um bom almoço no próprio teatro e + um show, +ou- igual ao primeiro, só que com alguns revezamentos nos números chineses. Depois, uma pausa pra um rolé por volta da região do teatro. Alguns foram para o parque de diversões e eu fui a uma feira e ã beira do rio dar uma olhada e tirei uma foto dos patos. Na volta, jantar não tão bom quanto o almoço. Encontramos um mestre de capoeira que mora em Den HÀag e tem um grupo de regional formado por holandeses. Ele já mora aqui há 4 anos.

O espetáculo da noite não estava tão cheio mas foi bem aplaudido (também, com um grupo de chineses e um português na platéia). Na volta, o por do sol nos acompanha lindo (chinês- Fei Than Piau Lia! muito bonito!). Uma parada no posto e o povo cai no sorvete. Fábio e Baba entram sem camisa...espero não ter problemas por isso.


10 de Junho de 2000
Todos morgados. Café as 9:30h e à 1:00h a galera começa a treinar. Aproveito para ir ao computador ler e mandar alguns e-mails. Acordamos hoje com uma surpresa – Paolo, Meire e o neném, além da barrigona. Eles ficam com a gente até amanhã pra ver o nosso espetáculo e depois seguem para Challon.

Parada para o almoço. Incrível – carne! Só que Paolo disse que é carne enlatada podreira, e olhe que ele deu sorte. às 14:00:00h começa o ensaio e temos que adaptar o espetáculo aos palcos de  amanhã e segunda-feira, pois são 2 halls de musica a La teatro de ópera, sem backstage. Temos que ensaiar como estar em cena o tempo todo, sem fazer cara feia ou desviar a atenção de quem está se apresentando. O show terá 2 partes – a 1a encerra com a acrobacia do Brasil e a 2a com a pirâmide final.

Ensaiamos durante toda a tarde até às 19:00h e paramos para jantar. Na seqüência, collect call to Brazil e montagem do set de instrumentos nos tablados de 2m x 2m. Não deu pra estudar com a galera porque só parei à 1:00h e Baba estava regulando os monociclos. Na terça-feira tenho que montar o set com os instrumentos de verdade.

Nesta noite, Lua conversa com Naná sobre alguns maus hábitos burkinas. Amanhã o café é as 7:15h. Boa noite.
11 de Junho de 2000

Café as 7:15h e saida às 8:00h para Utrecht. O teatro é um music hall versão moderna. O lugar mais lindo que já vi. Um orgulho tocar num lugar como este. Resultado, os shows foram muito bons. Os camarins também eram incríveis. Dei um cd para a operadora de som e outro pro roadie de palco, 2 figuras muito legais.

Paolo viu os shows e depois se despediu. Hoje é aniversario de Dudu e resolvemos ligar para ele à cobrar. Valeu!

Aqui no teatro tem um painel com fotos de shows feitos aqui (Pat Matheny, BB King, Nina Hagen, Astor Piazzolla e muito mais).

Almoço do bom. Apesar do cansaço, acho que foi o melhor dia de todos.

Dia 24 de junho, vão exibir o documentário do Circus of a 1000 Faces. 30 min.

12 de Junho de 2000

O grande dia do fim da tortura. Café às 7:15h como ontem e também como ontem, saída às 8:00h. Chegamos às 9:3 0h. Um music hall fantástico com um órgão de tubo gigantesco além de outras varias salas lindas - The Concertgebouw. Um Palácio esplendido em frente a uma enorme praça gramada com 3 dos principais museus de Amsterdam, inclusive o museu Van Gogh.

Ensaio e checagem de som hoje com microfones para todos os instrumentos. O lugar é gigantesco. Almoço, aquecimento e algumas filmagens e lá vamos nós para a primeira parte. O teatro lotado, Raquel faz uma participação com o apresentador e vamos lá. Foi muito legal e finalmente um medico para mim, Lua, Nina e Baba – felizmente, nada muito serio. Na seqüência, a 2a parte, super aplaudida também. No final, vejo a galera do Mestre Ambrosio. Eles viram o show. Converso com Mauricio, O Rocha e Elder.

Depois da desmontagem, passo o dinheiro da Picolino para Reinhard e consigo c/ Lucian passagem livre para os shows da noite para mim, Lua, Nina e Sisay. Reinhard também vai ficar e Hatu vem pegar a gente na volta do aeroporto.

Com 3 horas livres, saímos para dar um role com Eveline no Central Park daqui. Voltamos já quase atrasados e o lugar estava totalmente lotado. Assistimos um pouco do show da Cesaria Évora no Hall principal (o mesmo do nosso), depois, um show fantástico do Vocal Sampler, um pouco do Afro-Reggae e, antes dos Ambrosios, resolvemos ir ao backstage pra comer algo. Resultado – Hatu estava lá querendo ir embora e acabamos a noite sem os Ambrosios mas pelo menos o Vocal Sampler foi D+, assim como o passeio pela área ao redor do palácio. Chegamos de volta ã meia-noite.

13 de Junho de 2000

Dia livre. Acordei às 9:30hp/ o café e a maioria da galera continuou dormindo. Na sequência, fui montar o setup meu e dos burkinas no salão. Passei toda a manhã trancado, fazendo a montagem numa tranqüilidade incrível pois os que tomaram café voltaram pra dormir e todos só acordaram para o almoço. A cozinha não preparou nada, então Gizaw teve que comprar umas saladas, pão, pastas, etc. Pelo menos, mais tarde vai rolar o tão esperado churrasco.

Depois do almoço, voltei ao setup e umas 3:00h, depois do famoso “passeio no bosque”, acabei dormindo, enquanto Chon não chegava com Neill. Só consegui acordar às 5:3 0h, em pleno churrasco. Foi bem legal, só que sem sal e com bolo no final. Depois, todos empanturrados e passando mal, resolvi decretar o feriado final, pois passaria o resto da noite discutindo o palco com Neill e Chon.

Luana hoje, desde a manhã esta com a cara toda inchada, mal pode abrir a boca. Gizaw levou-a para tomar sorvete (recomendação medica) e ela até melhorou. Se sentir dor – Paracetamol.

Eveline, Irma, Lucian, o motorista, todos estavam no churrasco.

14 de Junho de 2000

 Primeiro dia do novo esquema. Café às 9:00h e ensaio começando às 1 0h. Hoje não só Luana está de cara inchada, mas Nina também está com o vírus. Vão ter que ter muita paciência e aguardar o tempo passar. Pela manhã, Chon explicou o cenário e a galera repassou o que tinha montado.

Pausa para o almoço ã base de salada, pasta, pão e... ufa...iogurte.

Volta ao ensaio, agora passando os passarinhos e depois, os burkinas. Na seqüência, treinei um som com os burkinas e paramos para o jantar – macaroni, e voltamos pro som até Neill retornar.



Incrível! Os Gana chegaram! 2 caras, um de 16 e outro de 17. Bizarro – um deles come vidro! Nem preciso falar mais nada...

Às 8 da noite, comecei o estudo com a galera e no meio, briguei com Márcia e tirei ela da sala (ela simplesmente se acha no direito de se recusar a fazer os exercícios ou discutir sobre o assunto, o que faz parte das nossas regras fundamentais). Eu já não tenho mais paciência e também já não me sinto obrigado em relação ã ela. Se ela não quer, o problema agora é dela, pois não sou mágico – Guilí Guilí!

Voltamos pro estudo depois de um intervalo de 5 minutos para eu me acalmar e para eles catarem os pedaços de giz e prosseguimos no estudo até às 11:00h – nunca estiveram tão interessados.  Depois, tive que ir ao quarto dos burkinas – eles estão pedindo ajuda por causa das atitudes de Aisha em relação às diárias deles nos casos deles errarem ou irem tocar comigo. Eu e Hatu passamos o pepino para Reinhard.

Já são 12:4 0h. Boa noite.
15 de Junho de 2000

...

16 de Junho de 2000

Os dias passam voando e já perdi a noção de tudo.

Hoje acordei às 8:00h e comecei a trabalhar com o computador e vídeo. Passei a manhã com Neill tentando montar as cenas com as musicas. No final da manhã, fomos ã lona onde Eveline estava trabalhando o Adágio com Baba, Julia, Bimbinho e Luana. A montagem é legal. Paramos para o almoço que até que não era ruim. Levei um pouco para Nina, junto com algumas bananas. Ela continua uma bola.

À tarde, Neill tentou montar a 2a parte do espetáculo e eu fiquei ouvindo outros CDs para jogar no computador. As meninas entraram em crise com a acrobacia e resolveram remontar com Eveline até o final da tarde, quando fui com Neill copiar as musicas no computador. Ah! Tuur ligou e disse que vem domingo e fica até terça.

Paramos para o jantar – Cocô. Levei um pouco do que se salvava para Nina, que chegou a reagir durante uma parte da tarde. No começo da noite, Nina estava com febre de mais de 38 graus e, ao mesmo tempo, chegou o equipamento de som que eu precisava conferir o material. O medico que atendeu Nina só vai estar no hospital amanhã. Com o paracetamol, a febre baixou. Testei o equipamento e já eram 10 da noite. Ajudei Sisay a desmontar e guardar o material do picadeiro que hoje foi esquecido por todos, alias até Neill esqueceu todo o material dele...   ...foi um dia duro e confuso. Ah! O gongo finalmente chegou!

Nina ainda não havia comido e finalmente comeu  o iogurte da sobremesa e uma banana com granola. Está sem febre.

Hoje teve outro jogo da Holanda. É impossível não saber – objetos de cor laranja para todos os lados, gritos, zueiras, parece no Brasil.

 amanhã começo a trabalhar com Neill às 8:00h.

17 de Junho de 2000

Sábado. às 8:00h saí com Neill p/ trabalhar no computador La na casa onde ele está. Montamos grande parte da trilha no computador. Meu relógio completamente louco- não uso mais ele. 12:30h compramos alguma coisa pra comer e voltamos para Elst. Lá, o pessoal estava no intervalo de almoço e começamos os ensaios da tarde tentando montar alguma coisa nova para o espetáculo.

Às 16:3 0h, fui c/ Reinhard e Nina num novo medico e foi bem melhor. Ele falou que Nina agora está com uma bactéria que se aproveitou da situação e receitou um antibiótico e + paracetamol.
No jantar até que tinha rango bom. Depois, passar os números e mais testes de som, montagem de cenário, etc.

Já é bem tarde agora – 2:00h da manhã da página que vem que começa igual a de hoje.

Obs – Tuur chegou hoje à noite.

18 de Junho de 2000

Mais uma manhã de montagem da trilha no computador de Neill e mais um dia intenso de ensaio. Todo o dia e noite foi para a montagem.

Sem palavras... ...estou exausto e só saí da lona às 11 da noite.

19 de Junho de 2000

Hoje é dia de maratona – saí com a equipe técnica (Baba, Bimbinho, Sumon e Neill) às 7:00h para o teatro para começar a montar o palco e afinar as luzes. No meio do caminho, para evitar o engarrafamento, Neill tentou um caminho alternativo e acabamos perdidos. Até que foi legal, pois finalmente encontramos estradas bonitas na Holanda, beirando alguns rios.

Chegamos, montamos o que podíamos e eu e Neill fizemos copia da trilha em um mini-disk e na seqüência, paramos para um almoço holandês = Pão. Eu, Fábio e Baba, enquanto Neill tentava montar o plano de luz, dormimos no chão do teatro – acho que o melhor chão que já dormi. Estamos inaugurando este teatro novíssimo. Todos chegaram c/ as bagagens e terminamos de montar o cenário e a luz, o que levou o resto do dia.

Jantamos num Mc Donalds  ao pôr-do-sol  e fomos finalmente conhecer o nosso novo albergue (pelos próximos 3 dias). O lugar é bom, + sofisticado que o anterior, mas os quartos são minúsculos, tipo de navio. Já chegamos quase a meia-noite e fiquei conversando com Tuur até as 2:00h.  amanhã ele continua com a gente.

20 de Junho de 2000

Mais um dia daqueles – café às 8 e saída pro teatro às 9:00h, o que significa chegar às 11:00h. Montamos o cenário, instrumentos e provamos figurinos. Almoçamos pão e começamos a ensaiar a 2a parte tentando montar a luz. Levou toda a tarde e não chegamos ao final do ensaio.

Lua nem ensaiou por causa da garganta que amanheceu inflamada e com febre. Paramos pro jantar numa pizzaria e fomos desmontar tudo, pois  amanhã já não mais teremos o teatro.

Tuur, pra variar, está dando a maior forca a todos, e ele fala inglês, português, holandês e Frances fluentemente – pena que não fala chinês.

Depois de 1000 anos de desmontagem, seguimos o rumo do novo albergue acompanhados de um pôr-do-sol inacreditável às 10:30 da noite.

21 de Junho de 2000

Hoje o café foi às 8h. Tentamos montar os colchões e o cenário no parque do novo albergue por causa do vendaval mas não adiantou nada – o vento era muito forte e o chão irregular.Montamos só os tatames e só deu para fazer o aquecimento. Paramos para o almoço e, na seqüência, montamos os tatames numa das salas e a galera ensaiou os números. Neill chegou às 3:00h – fizemos os beck ups  das musicas com o mini-disk de Tuur e o computador de Neill pois o de ontem ficou no teatro e só vai ser recuperado  amanhã.

Paramos para o jantar e depois, Neill se despediu do grupo e seguimos para o aeroporto eu, Tuur ( que também estava indo embora), Aisha, Sisay, Gizaw e Subi(a australiana). Aproveitei para botar o meu pedal para concertar. Na volta, só para variar, ficamos perdidos na estrada. Chegamos +ou- às 10:3 0h. Tomei umas com Gissaw e o motorista e eles me apresentaram o Bagabum! Uma espécie de cachaça.

Depois do banho, não satisfeito com a birita, vi tandrinho e tive que levar um tempo tentando botar Raul pra fora. A cama girou até eu dormir.

22 de Junho de 2000

Café às 9:00h. A galera acordou mais cedo para treinar. Depois do café, a noticia de que, cedo da manhã, Gissaw havia levado Hamadoo para o aeroporto e deportado ele por causa de duas grandes mancadas: num dia, ele tentou entrar no quarto duma holandesa ã noite e, noutro dia, descobriram que ele havia roubado uma chuteira no albergue de Elst e o cara de pau ainda negou.

Tivemos que desmontar os tatames, arrumar as malas, carregar os carros e, depois do almoço, zarpar para o novo albergue que fica a 10 min de carro num lugar chamado Egmonden (Egmond Àn Zee). O de agora eu nem sei o nome.

Chegamos, descarregamos e dividimos os quartos. Desta vez, todas as mulheres no mesmo quarto e eu c/ Gissaw e Reinhard. Baba e Bimbinho ficaram com Hasan, Ilsad, Henry e Eric (os Ganas). Cantamos parabéns para Sum Bo e fomos à pé até a cidade (15min) para jantar num restaurante chinês. Foi divertido.

Na volta, havia mais uma orquestra nos seus encontros de albergue. Gisaw reuniu o pessoal para contar sobre HamadooAbbi passou todo o tempo chorando. Depois, tomei um banho e fui reconhecer o território. Na volta, um pouco de papo com Gisaw e Ema e finalmente deitar antes das 12:00h.

23 de Junho de 2000


24 de Junho de 2000

Dia do programa sobre o show do 1000 faces, Canal 1, 17:00h. Da pra ver na TV do bar.

O novo albergue fica num lugar muito bonito, coberto de roseiras, mas a lei aqui é quanto mais flor, menos hospitalidade. São os “peores” por aqui. Montamos os tatames na entrada principal e fizemos um ensaio esquema lembrar seqüência e passar a trilha do mini-disk. O almoço foi sanduíche do café e depois, tentamos remontar os números que eram c/ Hamadoo com Naná, Henry e Eric. Depois, repassamos tudo e fui ver na van o que não seria usado no show. Antes disso, rolou o programa na TV. Foi bem legal – 30 min sem muitas câmeras diferentes + com boas imagens e bom áudio c/ alguns cortes.

Depois, saímos para Bacum (Bedum), a vila mais próxima, para jantar no chinês e, na volta, um pouco de papo e cama.

 amanhã, madrugo às 6:00h para adiantar o equipamento com Sisay e Reinhard para a Alemanha – Troisdorf.

25 de Junho de 2000

Madrugamos e saímos com destino a Alemanha, parando em Elst para deixar a famosa chuteira e 2 bolas que também apareceram. Chegamos ã cidade de Troisdorf nem sei que horas e começamos a tentar montar a bagulhada. Era local aberto, numa praça, e o clima era chove-não-chove. Atrasou muito por isso e acabou rolando nas cochas, sem o pano do cenário, sem muito dos instrumentos e sem alguns números também. Em pleno dandis, começou a chover pesado e foi foda. Molhou todos os instrumentos e deu um puta trabalho para secar com aquecedor. Acabou que esses benditos na van e tiveram que ir no novo ônibus com a gente para a Áustria.

O jantar já foi com cara de quem não está mais na Holanda. Demos um role de uma hora pelo centro e fomos dormir às 10:30h no ônibus, que é um modelo especial – só há 5 desses em toda a Alemanha. São camas de verdade.

Tivemos que esperar até às 2 da manhã para seguir para a Áustria pois era o horário permitido para o nosso motorista. Muito chulé, ronco e perturbação até que todos dormiram. Algumas paradas para xixi e, na Áustria, a visão já é outra – montanhas, lagos, florestas, tudo de verdade.

26 de Junho de 2000
Brergenz – Áustria
Hoje é aniversario de Raquel. Chegamos no albergue às 9:30h e depois de descarregar as bagagens e levar para os quartos (os melhores até agora), tomamos um café dos bons: suco de laranja, granola, sucrilhos, leite, café, pão bom, queijo, presunto, geléia e outras coisas mais.

Hoje, o dia é livre. Tomei um banho, reconheci a área – temos internet por 40 chilins a hora. Não se pode ligar a cobrar daqui para o Brasil e nem da Alemanha. Temos vista para as montanhas. Reorganizei as papeladas da minha mala.

O almoço era um rango parecido com rango brasileiro. Depois, um bom cochilo até as 4:30h– hora de cantar parabéns para Raquel! Comer bolo, beber refri, etc. Na seqüência, catei Awassa pra trançar meu cabelo, o que levou o resto da tarde até às 6:30h– hora do jantar – frango a milanesa, salada e batata frita. Depois, levei os instrumentos para a van.  amanhã vamos de trem ao local do ensaio (uma lona) que será às 10:3 0h. Às 14:00h tem foto e depois, a gente volta pro albergue.

Estamos no quarto eu, Baba, Fábio, Henry e Eric.

27 de Junho de 2000

Hoje o café foi às 8:30h e depois, nos preparamos para ir para a estação de trem. A vista da janela, no caminho, é linda – montanhas e florestas. Chegamos na estação final e tivemos que esperar por Reinhard com a van para seguirmos até o local do show de amanhã. Chegando lá, havia um cartaz do Apocalíptica do lado do nosso. Vou tentar assistir o show de depois de  amanhã.

Montamos os tatames e botamos os instrumentos no sol – alguns ainda estavam molhados do show da Alemanha. Fiz um som com os burkina enquanto a galera se aquecia. Paramos para almoçar lá mesmo e depois vestimos os figurinos para uma sessão de fotos para a divulgação do show. Na seqüência, rolou um ensaio “livre”, por falta de tempo- cada um passando seus números simultaneamente.

Às 3:50h seguimos de volta a estação – nosso trem sai às 4. A estação ficava do lado de uma pista de skate gigante onde rolava um rock”n roll nas alturas. Ao fundo, montanhas invocadas. Voltamos para casa, a troupe mais sujeita a ataque nazista de toda a Áustria, um bando de negão, chinês e mestiços.

De volta ao albergue, tirei um cochilo e acordei pro jantar – passei a ultima noite em claro por causa do cabelo que aperta até a alma, nem podia encostar no travesseiro maravilhoso da cama. Às 8:00h comecei o estudo com Baba e Neném. Estudamos até as 10:2 0h. Depois, tentei tomar uma cerveja mas o bar já estava fechado. Falei com Virginia e Alethea por telefone. Por hoje é só, pessoal..

28 de Junho de 2000

Hoje é dia do 1o show. Saí cedo para a lona e estava um frio dos diabos, nevando lá em cima das montanhas. Tivemos que esperar a galera desmontar a estrutura do palco para montarmos a nossa, que também deu um trabalho dos diabos.

Paramos para o almoço – batata e páprica recheada com carne e arroz. Voltamos para a montagem do cenário. O resto da galera chegou e ajudou, mas nem tanto, como sempre. Na seqüência, fizemos um ensaio corrido para afinar a luz – só pudemos montar 1/3 da luz necessária.

O show começou sem muito publico e Fábio e Baba fizeram a performance da recepção. O show até que foi legal – um pouco longo, talvez.

No final, a pior parte – desmontar o equipamento e colocar na van. Jantamos no próprio local uma macarronada e copo de cerveja de ½ litro. Depois, sair voando para a estação para pegar o Último trem de volta. É muito engraçado este grupo louco na rua e nos trens da vida.

Chegamos e fomos nos recolher. Agora, só  amanhã de manhã, com sol, eu espero.

29 de Junho de 2000

Hoje depois do café fomos eu, Baba e Fábio ver o teatro do lago – é incrível! Com um esqueleto gigante, o palco é um livro aberto e a platéia fica em terra firme. Deve caber umas 2.000 pessoas. O lugar é muito lindo. Depois, fomos ao comercio mais próximo e eu comprei filmes para a maquina fotográfica. Na volta, almoçamos um frango delicioso e tirei uma soneca até a hora de ir para a lona do show.

Perdemos 2 trens e, no 3o, conheci um garoto que toca violoncelo. Chegando lá, montei o equipamento, rolou um aquecimento (Fábio parou no meio – ele está com os primeiros sintomas do vírus burkina e eu dei uns remédios pra ele).

O show deu pouca gente de novo e  amanhã vamos tentar encurtar a 1a parte que está com mais de 1 hora e é meio monótona. Quando acabou, desmontei correndo o equipamento e Sube conseguiu carona e convites para o show do Apocalíptica.

Chegamos no meio do show – fantástico, inacreditável, pesado, amazing! Quando acabou, faltavam 20min para o Último trem e conseguimos, nem sei como, uma carona de uns suíços até a estação. Pegamos o Último trem e chegamos às 12:50h no albergue.

Tudo aconteceu da forma mais perfeita, pois não conhecíamos nada por aqui. A noite estava quente (em pensar que ontem tinha neve nas montanhas que a gente avista daqui).

Êéêêêeeeeeeee! Vi o show do Apocalíptica numa caverna!

Obs- telecard ( o cartão mais barato)


30 de Junho de 2000

Hoje acordei às 8:00h, tomei café e dormi de novo até o almoço para descontar as noites sem dormir por causa do cabelo. Almocei e me reuni com Hatu, Aisha, Gerjan e Suby para tentar fazer mudanças no espetáculo. Tentamos reduzir 20min da 1a parte. Reduzimos andadas, cortamos a dança de Naná e Abbi, a mala de Chan Hão, o bowl de Li e reduzimos a dança dos Gana. Na seqüência, fomos conhecer o teatro do lago.

The Opera On The Lake - Bregenzer Festspiele (Bregenz Festival)
 O Seebühne é difudê. O teatro a céu aberto é para 7.000 pessoas e dentro, tem um outro para 1.500 e um galpão monstruoso de 1.800 metros quadrados para qualquer tipo de evento. Existem 2 tipos de ingressos para o externo: um se chover, a galera passa para dentro, o outro,  se chover, pega a grana de volta. Fomos até o palco do teatro aberto onde está montado o cenário de uma opera sobre a rainha da suíça que foi assassinada pela sua melhor amiga (Un ballo in maschera - Um baile de máscaras). O cenario é incrivel. O palvo é um livro aberto e um esqueleto de 26m de altura. A orquestra toca no subsolo e o regente se guia por cameras de TV. É inacreditável.

De volta ao nosso mundo, Lua treinou o dandis com Baba e também fez o número da entrada da platéia. O show foi ótimo, todos gostaram e a platéia também foi bem maior.

Jantamos, eu tomei o já tradicional copo de ½ de cerveja, Anuk apareceu e voltamos pro albergue. Chegando lá, tentei passar uns e-mails mas no 3o, pra Villas, acabaram as fichas e o computador desligou.

1o de Julho de 2000

Hoje tem 2 shows – um às 15h e outro às 2 0h.


2o de Julho de 2000

Hoje é o Último show na Áustria. Acordei às 8:3 0h, tomei café e fui ao computador internetar. Almoço às 12:00h e uma siesta ao ar livre. às 14:00h, reunião com Hatu, Anuk, Tsubi, Aisha, Gerjan e a mulher de Hatu sobre o show. Depois, fomos eu, Hatu e a mulher dele levar Neném e Yong no hospital. Nos perdemos. Pegamos um túnel de 6.7km e fomos parar na Alemanha.  Voltamos tudo e encontramos o hospital. Depois de 1000 burocracias, fomos aténdidos e Neném caiu no antibiótico. Seguimos de carro para a lona e chegamos junto c/ o pessoal que foi de trem, às 17:00h. Um lanche e aquecimento, figurino, show – com bem mais gente.

No final, um jantar de ½ frango pra cada e sessão desmontagem de equipamento e botar tudo na van, o que acabou a meia-noite. Fui com Tsuby na van enquanto os outros foram de trem. Gizaw chegou hoje durante o show. Isso é bom.

Apesar de nos perdermos um pouco, ainda chegamos antes do pessoal. Até amanhã.

3 de Julho de 2000

Hoje a nossa saída da Áustria foi às 9:3 0h. Um ônibus confortável e uma viagem de 2 horas até Munique (München), na Alemanha. Chegamos ao albergue, organizamos os quartos (eu, Baba e Bimbinho no mesmo quarto, desta vez sem os Ganas, graças a deus, e seguimos ã pé para o local do show. São varias lonas grandes com vários acontecimentos simultâneos e uma feira de artesanato de todo o mundo. O festival chama-se TollWood e é um dos mais importantes da Europa.

Almoçamos fartamente às 14:00h e eu e Lua ficamos para uma entrevista pro jornal e também uma reunião técnica sobre luz, som, etc. No final da tarde, todos voltaram e fomos jantar no restaurante, que fica do lado da lona de shows. Eu descobri que hoje tem Nina Hagen e nos próximos dias vai rolar Lou Reed, Jan Garbarek e outras milongas mais.

Depois do jantar, a galera foi assistir o show do grupo de malabaristas franceses que vai se apresentar com a gente no festival da Inglaterra e eu aproveitei e fugi p/ o show da Nina Hagen! Êeeeeeee... ainda peguei o final dos malabaristas e ficamos esperando a chuva passar.

De volta ao albergue – banho, mel e limão para a garganta e travesseiro de pena como na Áustria. Ahh, aqui tem picina.

4 de Julho de 2000

Acordamos às 7:30he às 7:50 entramos na fila do café. Granolas, iogurte, etc. Às 9:00h, saímos para o local do festival.

Rolou uma reunião sobre o festival, o espetáculo e a necessidade de aumentar a 2a parte. Passamos o resto da manhã tentando montar o numero dos Gana colocando os equilíbrios e o come-vidro.

Parada para o almoço e, na seqüência, cada grupo treinou seus números individualmente. Eu aproveitei para fazer manutenção do soprano e tocar um pouco com Adama. No final da tarde, demos um rolé e fomos jantar (ossos gigantescos de costela). Assistimos parte do show de Natalie Cole e eu fui ver a performance dos franceses: Traboule  & Cie Haboul Distorcion que eu havia perdido ontem. Nisso, já são 1:00h da manha. Voltar pro albergue, tomar banho, tomar mel c/ limão e cama.

5 de Julho de 2000
Hoje, café às 8:00h e às 9, a equipe técnica começou a montagem do cenário, luz e som. Dos 3, o único tranqüilo foi o som – ponto pra mim. O resto, mó barril – brigas entre Sisay e Hatu no cenário, tendo que os alemães interferirem para fazer o negocio andar. Já na luz, Anuk acabou xingando Hatu porque ele não queria botar luz na platéia para a hora do jogo dos ouvidos. Ele saiu puto e não voltou mais. Resultado – sobrou para mim. Depois da checagem de som, almoço – fui o Último. Na seqüência, tive que montar o plano de luz com os técnicos do festival, o que levou a tarde inteira e começo da noite. Paramos às 7:30h e só deu tempo de conferir os instrumentos do meu palco e botar figurino.

Baba e Bimbinho fizeram a recepção e o espetáculo rolou c/ Anuk tentando fazer a luz, pois Hatu não voltou +. Resultado – vários planos trocados e o show rolou cheio de falhas para todos os lados – luz, performance, microfones dos burkinas, Aziz teve que trocar de djembê no meio do show e ainda teve uma ziguizira no braço – circo dos 1000 problemas. Ainda bem que a platéia é sempre estúpida e adorou, para variar. Já a equipe técnica do local, pra lá de profissionais, nem tanto.

Cada dia que passa me convenço que Reinhard talvez não passe de um vigarista. Nunca no Brasil trabalhei com tanto amador junto. Agora tenho que acumular funções: musico, assistente de direção, iluminador, contra-regra, etc.

Depois do show, banquete e cama. Tentamos ligar para Anselmo mas ele não estava.

6 de Julho de 2000

Café às 9:00h e depois de resolver a roupa suja do grupo, um banho de piscina para relaxar (eu Baba, Fábio e os chineses). Às 11:3 0h, saí c/ Anuk e Sisay para reunião de luz e som às 12. Às 2:00h, fomos c/ o resto do grupo pro almoço e, na seqüência, fizemos um ensaio geral pra luz e som.

Hoje foi minha vez de ser diretor pois, depois da crise de Hatu de ontem, agora sou o único capaz de guiar o ensaio. Às 5h tivemos que parar por causa do horário do workshop. Aproveitei para dar um rolé pela feira e vi um show legal de blues.

Voltamos pro aquecimento e figurinos e dei uma fugida pra ouvir do lado de fora alguma coisa do show do Jan Garbarek. Quando voltei, já era hora de Baba e Fábio fazerem a recepção.

O show rolou melhor que o de ontem, porém, c/ problemas no monitor e em algumas das luzes. Os chineses também inventaram de mudar o numero de Sum Mon – resultado: mil pedaços de tijolo por todo o palco. Eu, Lua e Márcia tivemos que improvisar um novo numero para varrer o palco. Dessa vez não rolou intervalo e tivemos que não dar biss depois do espetáculo por causa do horário – tem que acabar às 10. Tiramos o figurino e fomos jantar. Depois, voltamos para casa e eu liguei para Anselmo para pegar o numero de Paolo e passar o WWW.tollwood.de.

Já fui.
Obs- cortamos o come-vidro do show.

7 de Julho de 2000

Acordei às 8:30he tomei o café. Fui até a lona e, de lá,  segui c/ Gizaw e Carolina (uma das funcionarias do Tollwood Festival) ao centro de Munique pra eu enviar pelo Western Union 639DM (+52 de taxa) pra meu pai passar pra Nancy. Enquanto isso, deixei a galera estudando. Baba, Márcia e Neném fizeram o exercício de matemática.

No centro, depois que alguns pepinos que Gizaw tinha para resolver, compramos os jornais do dia c/ as matérias do espetáculo e seguimos para a lona. Tive que re-estruturar o espetáculo para que não passasse das 1:00h por causa da lei local.

Parada para o almoço às 2:00h e fiz uma reunião c/ 1000 faces pra corrigir os pepinos e controlar o time às 3:00h. Na seqüência, era a vez do workshop da galera e eu dei um role para filmar a feira do festival e as performances. De volta ao circo rolou passagem de som para corrigir o meu monitor e já era tempo de aquecimento.

Li Shao Hue teve um problema no pé e tivemos que fazer uma adaptação de ultima hora no numero da tempestade. Figurino no corpo e já é hora de Bimbinho e Baba (Babimbi) caírem na gandaia.

O espetáculo foi o melhor até hoje e acabou exatamente às 1 0h. No final, mais pepinos:  amanhã teremos que encurtar mais 15min pois vai ter intervalo.  amanhã o circo estará lotado e também terá toda a imprensa alemã.

8 de Julho de 2000

Hoje acordamos às 8:3 0h, tomamos café e seguimos pra lona. À 1:00h fiz uma reunião c/ toda a equipe para explicar sobre as mudanças do espetáculo da noite. Tivemos que encurtar 15min do show por causa do coquetel de imprensa. Cortei um pedaço da mágica de Hassan, o numero de Li & Yan Jau por causa do pé de Li e encurtei a dança burkina, além de cortar a dança do final pra não passar das 10.

Depois da reunião, os burkinas treinaram as mudanças e fomos almoçar às 2:00h. Na seqüência, quase tempo nenhum e já era hora do aquecimento (leve por causa das barrigas). Esse show da tarde é no estilo do de ontem, ou seja, completo. As portas se abrem às 2:45h e o show começa às 3:30.

Foi casa cheia e os meninos tiveram que palhaçar bastante. A tarde depois do show foi de sono e frio profundos e só acordamos pro aquecimento do segundo show. Casa totalmente lotada c/ toda imprensa alemã e convidados. Cerca de 1.100 pessoas. Rolou tudo no tempo certo e a musica também saiu legal. Pena que o malabares de Baba quebrou no final do numero.

Hora de jantar peixe cru e gororoba, dar um role no frio – hoje esfriou mesmo – e voltar pra casa.

Hoje conheci a organizadora do evento.  amanhã levo o book em português, pois talvez não chege o material da Holanda até 2a feira.

 amanhã é o Último dia de show em Munique. Márcia tem agora gesso e muleta vermelha.


9 de Julho de 2000

Hoje é o Último dia de show aqui em Munique. Acordei às 8:30, tomei café e me preparei para ir ã lona, pois havia marcado treino para às 10:30h mas todos estavam exaustos. Acabamos dormindo e descansando o resto da manhã. Às 12:00h fomos para lona e almoçamos às 13:00h. Depois do almoço, fui aos camarins para lembrar às galeras os últimos vacilos. Às 14:15h já começava a entrar gente e, desta vez, Fábio e Baba não fizeram a recepção porque as melhores cadeiras estavam reservadas para os Barões e quem pagava pegava os piores lugares. Isso deu um certo rolo. O espetáculo foi bem, mas a acrobacia foi uma bomba, bem como a musica da contorção.

Depois do show, um lanchinho e uma hora de relax antes de se reunir para pequenos consertos, aquecimento e figurinos.

O show da noite rolou legal, só que Abbi desmaiou no final (falta de água no organismo). Jantar e desmontagem na chuva. Do Brasil, eu e Baba. Acabamos às 12:10h e eu fui ligar para Villas e para Nancy mas de La só encontrei a maquina. Agora é hora de arrumar as malas, fazer o diário c/ Nina e já são + de 2 da manhã.


10 de Julho de 2000

Dia de viajar de novo. Acordar às 8:00h, tomar café e devolver o quarto às 1 0h. Colocamos as malas num quarto e seguimos pra lona. De lá, seguimos pro estádio Olímpia, onde rolou as olimpíadas de 72 no ano de sua inauguração – rolou atentado coreano.

O estádio é fantástico e o parque das piscinas também é incrível. Atrás, vimos uma cama elástica daquelas do aeroclube. Resultado – até eu pulei. Depois, fomos almoçar – o nosso Último momento Tollwood. Nos despedimos de Andre, Carolina, Uta, Patric e toda a equipe. Levamos um aluguel do Buzú  no albergue e eu tive que discutir com os funcionários que queriam nos expulsar. Quando o buzú finalmente chegou, nós o enfeitamos com bolas pros aniversários de Chan Hao e Chien Si Dim.

Seguimos viagem e chegamos 5 horas depois numa Mac Donalds onde jantamos e compramos relógios de 10 DM. Mais 40 minutos de viagem e chegamos ao local de destino, depois de uma ladeira bizarra e estreita e um castelo.

As meninas ficaram num lugar e os meninos em outro. Tive que descer minha mala terrível numa ladeira e quando cheguei no quarto – uma merda, além de ter que dividir com um Gana, 2 burkinas, Fábio e Baba. Minha cara era tão feia que resolveram me transferir para outro prédio e acabei ficando de barão, num quarto difudê só pra mim – quem não chora, não mama.

Banho e cama.

11 de Julho de 2000

Hoje acordei às 8:30h com o corpo todo mastigado, apesar da mordomia. Tomei café às 9:00h, bom como as ultimas semanas. Selecionamos 2 pessoas de cada grupo (dos burkinas e ganas só foi um de cada) e os tradutores e seguimos para o Municipal de Karlsruhe, a cidade onde estamos.

Tínhamos uma entrevista e um encontro com o ministro de cultura daqui. Mil blablablas de boas vindas (pobres Neném e Julia) e um vídeo documentário sobre a cidade. Depois, presentinhos, lanchinho e um papo c/ o ministro sobre o trabalho social da Picolino. Algumas fotos depois, seguimos para o lugar do show, que é bem pior do que o último.

Amanhã terei muito trabalho para reorganizar a movimentação do backstage. Almoçamos num lugar bem chique c/ comida ã vontade. Não consigo me acostumar com o desperdício de comida das meninas do Brasil – ê olho maior que a barriga!

Na seqüência, escolhi alguns do grupo para fazer um programa de TV – Íon, Hassan, Yasmin, Neném e Naná – e seguimos para a cidade do programa. No meio do caminho, todos dormiram. Chegando lá, ensaios e lutas para se comunicar com a chinesa e o burkina.

O programa era esquema todos se apresentando ao mesmo tempo por 7 minutos ao vivo com entrevista. Gizaw teve que fazer a entrevista pois não avia maquina de tradução simultânea, e eu fiquei tocando berimbau com a performance do grupo.

Jantamos depois do programa e voltamos para o hotel – o lugar + lindo até agora. Somos vizinhos de um castelo, no alto de uma montanha. Temos tudo o que é esporte nas mãos, cascata artificial com cara de verdadeira, piscina c/ 3m e 40cm de profundidade e uma linda vista da cidade. Pena que eu mal posso usar.

Agora estou a escrever o diário no velho-novo esquema Nina.

12 de Julho de 2000

Hoje é dia do primeiro show em Karlsruhe, no Tallhaus Festival. Ha alguns dias atrás, rolou Michael Breaker and Pat Metheny. O festival é bom, mas o palco, para a nossa performance, é bem ruim, pois não tem backstage e sim, um penhasco. Tive um trabalho imenso para organizar a movimentação de palco, além da montagem de cenário, luz e som. A montagem levou todo o dia até a véspera do show. Reunião p/ explicar às mudanças e já é hora do show.

Felizmente foi legal. + um ponto pro novo diretor. Na seqüência, jantar e discussões sobre o próximo local de show. Teremos problemas, pois o palco é só 6mx6m, enquanto que o nosso é 9mx6m. Fiquei até mais tarde discutindo o assunto e decidimos que iríamos cedo da manhã de  amanhã ir até o local para saber melhor o que fazer.


13 de Julho de 2000

Acordar às 7:30h e sair às 8 para o próximo local de show – um teatro em ...?
Resultado pelo que vi: vários números cortados, inclusive o dandis. Cenário cortado pelo meio. O show aqui é amanhã às 10:30h e hoje temos um às 3:00h e outro às 20:3 0h.

Na volta para Karlsruhe, preparamos nossa bagagem e despachamos c/ o carro, pois depois do 2o show, eu, Sisay, Anuk e Reinhard (que chega hoje) vamos desmontar o equipamento e transportar e remontar no próximo local. Vamos dormir por lá mesmo.

Chegamos de volta na hora do almoço. Mais uma reunião p/ explicar que os mais novos não iriam participar desse barril.

O 1o show foi meio frio, apesar da casa lotada. Depois, + uma reunião p/ explicar as mudanças e já é hora de aquecer pro próximo show. Foi o melhor dos 3, ainda bem. Depois, o barril da desmontagem e a mudança. Começamos a 00:30h do dia 14 e fomos dormir num hotel aqui na nova cidade.

14 de Julho de 2000

Hoje acordei às 7:3 0h, tomamos café e seguimos pro teatro para afinar a luz e checar o som. O pessoal chegou às 9:00h e já era tempo de começar a se preparar pro show programado para 10:30h sem as crianças menores por causa do excesso de trabalho.

O show rolou como tinha que rolar e até que não foi ruim. Depois de uma entrevista pro jornal local, almoçamos e me reuni c/ Reinhard p/ discutir a montagem da luz e cenário de Antwerp. Ficamos até as 2:00h e voltamos pro albergue – na verdade, chegamos La pela primeira vez. Último andar com o banheiro no subsolo, que tal?

Dormi até as 5h e tiramos uma foto coletiva com todos com cara de sono. Voltamos depois para o teatro para o show da noite.

Fiz uma reunião com a equipe pra explicar como seria a movimentação e para avisar quais os números que não poderiam ser realizados naquele palco minúsculo. Logo agora que a equipe está completa,

Antes do show, rolou uma baixaria com um Gana e um burkina mas chefe Gizaw apareceu no final. O show correu bem. Depois, jantar e voltar pra casa. Chegando de volta, mais baixaria – o Hatão proibiu toda a equipe chinesa de falar c/ as meninas do Brasil. Passei um tempo da noite reunido c/ Gizaw e Reinhard tentando achar uma maneira de liquidar o monstro.

Até  amanhã.

15 de Julho de 2000

Acordamos às 8:30h, tomamos café e saímos à 1:00h para a escola onde rolou workshop das 11 às 16:00h. Lua organizou as equipes. Rolou acrobacia, malabares, música do Brasil,  Kong fu e tai chi da china e danças da Burkina e de Gana. Uma pausa às 13:00h pro almoço e às 14:00h, apresentação de Hassan e Ilsad com mais workshops na seqüência até as 15:3 0h, quando cada grupo montou uma pequena apresentação para demonstração com os alunos participantes. Ao todo, eram 70 crianças. Foi bem legal e fomos elogiados. No final, camisas pra todos (mais bagulho pra bagagem).

De lá, seguimos para o teatro e cada um cuidou de sua vida até a hora de se organizar pro show da noite. A casa estava lotadíssima com muita gente em pé. Alguns problemas na luz mas nada tão serio e + um show bem sucedido.

Hoje é dia de desmontar tudo e botar na van. Amanhã a gente parte para outra cidade e no mesmo dia vamos para Antwerp, na Bélgica, depois de um show às 9 da noite. Eu me dispensei da equipe de montagem que parte  amanhã às 8:00h. Vou c/ o grupo às 13:00h. Hoje acho que durmo. São 12:30h e estou a escrever o diário meu e de Nina de cada dia.

16 de Julho de 2000

Hoje é dia infernal. Acordei às 9:00h pro café e fomos arrumar as coisas pra saída na seqüência do almoço, com destino a próxima cidade alemã (...). Depois de 7 horas de viagem, jantamos e seguimos pro local do show, que fora transferido pra um galpão por causa do mau tempo. O show foi às 9:30h e, apesar do cansaço, foi razoável. Casa cheia pra variar.

Depois do show, arrumar tudo pra seguir viagem pra Bélgica. Adeus Alemanha.

Saímos a meia noite e chegamos as 4 da manhã. Tive que lutar pra achar um orelhão e descobrir o código para ligar ã cobrar pro Brasil. Pela primeira vez vi o céu clarear na Europa e acabei dormindo às 5 da manhã.

17 de Julho de 2000

Hoje foi mais um dia de cansaço. Dormi às 5h e acordei às 9:00h pro pior café do mundo, voltei pra cama e acordei às 11:00h pra ir pra lona montar cenário, luz e som. Até que a montagem correu bem. Às 4:00h, quando a equipe chegou,  só faltava o plano de luz. Fizemos uma reunião e ensaiamos algumas partes do show que precisavam de reparos.

Às 18:30h rolou o aquecimento ao som do cd da Picolino e às 7:15 abriram as portas. Casa lotada. O show rolou cheio de pepinos inesperados tipo defeito no mini-disc, pessoas fora do centro e Aziz c/ problema na mão teve que parar de tocar antes do malabares. Naná tentou substituir às pressas + não chegou a salvar a pátria.  amanhã terei muito trabalho para resolver este pepino.

Depois do show, de volta ao albergue, serviram comida de cachorro pro jantar e todos fizeram greve. Uma hora depois, arranjaram um rango chinês. Agora já são 1 da manhã e eu já fui.

Obs: Antwerp é até interessante, se não fosse pelo albergue e o rango.

18 de Julho de 2000

Acordamos pro café às 8:30h– os outros, porque só acordei mesmo às 9:00h quando fomos pra um clube tomar banho de piscina. às 11:00h, voltei com os burkinas para decidir como seriam as substituições de Aziz na percussão. Paramos pro almoço e finalmente inauguramos a farinha. Depois do almoço me reuni com Gizaw e a produção local para discutir a má estadia e alimentação.

 Às 3:00h segui com os burkinas pra lona pra ensaiar as substituições. A galera chegou um pouco depois das 4:00h e Lua foi c/ a produção comprar bolos e presentes pros aniversariantes do dia: Henry, Li e Adama.

Cantamos parabéns e eu e Tuur tocamos saxofone e acordeom. Na seqüência, dei uma entrevista e já era hora de reunir o pessoal para a preparação do show.

Apesar dos pesares, rolou bem. Depois, voltamos pro albergue e comemos ração c/ shoyu.  amanhã vamos sair dessa espelunca. Reinhard que se vire pra resolver o pepino.

Obs: Acho que peguei uma gripe. Tuur apareceu e ficou com a gente.

19 de Julho de 2000

Hoje tomamos café às 8:30h e à 1:00h tivemos que descer a bagagem. Depois do almoço iremos pra nova estadia. Enquanto isso, cantamos e dançamos no jardim. Aproveitei Tuur pra fazer c/ Baba, Márcia e Nanem a pesquisa de geografia sobre a Bélgica. Almoçamos melhor que o de costume do local e ficamos a esperar o ônibus que atrasou uma hora.

Nos  mudamos finalmente para um hotel de verdade, com quartos individuais para todos e depois, já às 3:3 0h, seguimos ã pé para a lona  que não ficava muito longe da nossa nova casa. Chegando lá, cada um cuidando dos seus. Raquel acabou machucando o dedo da mão no treino. Resultado – corre-corre pra adaptar números e musicas, o que levou todo o tempo restante até a hora do show.

Márcia substituiu Raquel no malabares e até que se saiu bem. Lua cobriu a acrobacia. O show foi bem melhor do que eu esperava e hoje a escola de Tuur veio ver o espetáculo.

Voltamos pro hotel às 10:40h e jantamos descentemente finalmente. Agora são 12:20h e estou a fazer o diário com Nina como diz o nosso novo costume.  amanhã tem mais.

Hoje Tuur não pode continuar com a gente e foi dormir na casa de um amigo.

Obs: estou realmente gripado.

20 de Julho de 2000

Hoje acordamos às 8:30h, tomamos café e a galera foi treinar na lona às 1 0h. Eu fui me reunir com Gizaw e Hatu para definir os horários de treino de cada grupo. Almoçamos às 13:00h e às 14:40h, perto daqui, fomos às câmaras cromadas em forma de bolha que também faziam parte do festival. Voltamos às 16:30h e às 17:00h o nosso grupo saiu para a lona ( os outros treinaram durante a tarde).

Os burkinas ainda estavam ensaiando quando chegamos e eu fui com Lua ligar para Anselmo. Na volta, rolou um ensaio dos ganas e as meninas tiveram que remontar a acrobacia porque Fábio está reclamando que fica cansado e Baba também.

Já era hora de aquecer. 4o dia de casa lotada –uma media de 900 pessoas – e rolou legal, c/ alguns pepinos. Aziz tocou à partir do malabares e Naná tocou c/ a gente durante a acrobacia.

Na volta, jantar sem tempero, como é de costume,  às 22:30h e conversar um pouco com Tuur. Lá se vai mais um dia voador. Não sei o que faço para estudar com a galera – Guilí guilí!

Hoje eu e Nina fizemos o diário cada um no seu andar do hotel. Deixei o relógio no palco...vou dormir.

21 de Julho de 2000

Acordei às 9:00h e às 1:00h a galera foi treinar e eu fiquei organizando papeladas pro circo. Às 13:00h rolou almoço e depois, reunião do Brasil – há muito que não fazíamos. Foi bom para todos. No final, eu Baba, Márcia e Neném estudamos até as 16:3 0h. Era hora da galera começar a se preparar para ir pra lona.

Chegamos às 17:20h e depois de alguns retoques de microfones e ensaios aleatórios, fizemos reunião de show para controlar maluquices de Sum Bo e outras milongas. Fizemos o aquecimento comandado por Chan (da pesada) e a galera ensaiou malabares e acrobacias. Hoje era o último show da semana e, felizmente, foi o melhor.

Ao final, todos voltaram e eu fiquei para dar uma entrevista. Cheguei com Tuur mais tarde, jantamos, a galera foi ver um filme de terror e eu fui dormir.

22 de Julho de 2000

Hoje é dia de maresia. Acordei às 9:20h e corri para não perder o café. Depois, às 1 0h, comecei os estudos com Baba, Neném e Márcia. Finalmente conseguimos adiantar um pouco do Vampiro. Paramos às 12:30h e às 13:00h almoçamos.

À tarde, fui com Tuur e Nina levar coisas nossas que ficarão na caixa cinza pequena na Holanda até o final da turnê. No final, ficamos a contemplar a vagareza dos barcos de carga em paralelo a alguns truques de Jet ski, além de um pouco de tandris.

Seguimos para a tal rua de lojas de 2a  mão e passamos pro um caminho incrível onde as casas são iguais ao chão. Encontramos Gizaw, Anuk, Lua e num palco que estava sendo montado na praça e as meninas seguiram com a gente. Compramos CDs, livros, tomamos uma e voltamos pro hotel. Já era hora de jantar. Depois de alimentados - papo, café e chocolate. Eu e Tuur fomos então ouvir os nossos novos CDs no quarto de Baba.

Já são 22:15h. A galera vê mais filme ruim e eu com Nina a adiantar o diário. Não acredito que nada + aconteça para ser escrito, então, o resto é silencio.

23 de Julho de 2000

Hoje é domingo de descanso. Acordei às 9:40h e fui pro café que acabava às 1 0h. Na seqüência , fomos eu e Lua ao show da praça (os outros não quiseram). Aproveitamos e filmamos e fotografamos o centro da cidade. Voltamos às 13:30h pro almoço e 30 minutos depois, fui ã sala de musculação suar um pouco. A tarde, dormi como uma pedra e foi a vez da galera ir ao show da praça.

Depois do jantar, estudei com Baba, Márcia e Neném e fizemos as cartas para as escolas no final da noite. Lua, Neném e Márcia ficaram presas no elevador e eu e Nina ficamos de companhia enquanto o serviço técnico não chegava. Aproveitamos para fazer o diário de bordo – eu com esse lápis de Tuur c/ a ponta quebrada…

 amanhã é dia de workshop e show. A nossa 2a semana de Antwerp ( o joga-mão – Ant = mão ; Werpen = jogar. Um maluco cortou a própria mão e jogou no rio.

24 de Julho de 2000

Hoje a galera saiu cedo pra treinar e eu acordei às 9:00h pro café. Passei a manhã tentando organizar o meu caderno. Almoçamos às 12:30h pra dar tempo de ir ã lona arrumar os colchões pros workshops da tarde, que começavam às 14:00h. Do nosso grupo, hoje é dia de Fábio, Nina e Julia darem aula de acrobacia.

Tudo começou bem, porem, do meio pro fim, o caldo entornou. Primeiro, os burkinas não queriam fazer o 3o round porque só tinha criança pequena e, pra piorar, os chineses, que tinham a turma mais cheia, fizeram greve. Ah, e começou a chover! Resultado: a galera do Brasil teve que dar conta do prejuízo – botamos todos no picadeiro para treinar acrobacia.

Quando acabou, às 17:00h, voltamos pra nossa rotina – merenda ruim, manutenção de instrumentos, ensaios de malabares e acrobacia, pois Nina está troncha, etc.

O aquecimento hoje foi dado por Adama, na mais agreste metodologia burkina. A noite, a chuva não parou de cair e abriram as portas do circo mais cedo que o de costume. De resto, a palhaçada de sempre dos meninos na recepção. Durante o show, alguns dos nossos números ficaram prejudicados: no malabares, deu tilt na música ; na acrobacia, algumas atrapalhadas e, no final, a pirâmide desmoronou por cima de Baba.

Fim de show, backstage totalmente alagado. O tempo virou mesmo e a previsão não melhora tão cedo. Volta pro hotel, rango c/ curry e pimenta, roupa suja pra lavar  amanhã e diário de bordo c/ espirros e barulho de chuva lá for a.  amanhã tem bis.

25 de Julho de 2000
 
Hoje acordei às 9:00h e a galera estava saindo para treinar. Tomei café e ajudei a juntar a roupa suja da companhia para mandar para a lavanderia. Passei o resto da manhã lavando meia e cueca e de bobeira. Já perto do meio-dia, liguei para Villas do orelhão e encontrei a galera voltando do treino fazendo desfile de malabares pelas ruas das boutiques de putas.

Almoçamos, decidimos a ordem dos workshops, arrumamos as roupas lavadas e voltamos para a lona. Do Brasil, hoje é dia de Baba, Raquel e Márcia. O workshop começou com aquecimento e aula de Kong Fu, depois foi a vez dos brazuka e por fim, os burkinas das 16 às 17:00h. Eu aproveitei para estudar chinês.

O resto do pessoal chegou e alguns foram treinar. Nós ensaiamos acrobacias e malabares. Depois, hora de aquecimento, figurino, etc. Hoje felizmente não esta chovendo mas ta um frio dos diabos.

O espetáculo de casa cheia rolou legal e fizemos os melhores números brasileiros até hoje.. O desastre de ontem serviu de estímulo. Minha calca rasgou em plena acrobacia mas deu tempo de trocar durante a dança burkina.

Final de show, trocar de roupa, guardar os instrumentos de valor, bater papo e voltar pro jantar do hotel.

Hoje Gizaw está de volta e o alemão seguiu viagem. Costurar calca rasgada e cama sem banho. WanChanHaw! Boa noite em chinês.

26 de Julho de 2000

Acordar às 9:00h e estudar com os meninos. Baba e Márcia filaram e eu estudei com Neném e Fábio História e inglês das 9:30h às 12:3 0h. Paramos para almoçar e, de tarde, Julia, Neném Bimbinho e Nina foram dar workshop. Eu dormi até as 15:30, tomei um banho e depois fui pra lona.

Rolou reunião com todo o grupo para resolver o bagulho do backstage e outros pepinos e Gizaw explicou como seria a ida para a Inglaterra.

O show rolou normal mas, no final,  quebra-pau de chinês e burkina por causa da pirâmide. Já tinha rolado baixaria na reunião pelos mesmos grupos, só que indivíduos distintos. Acabamos fazendo reunião geral apos o show para resolver o pepino. Choros e velas até o jantar. Depois, conversa e cama – só amanhã de manhã.

Personagens do dia – Li, Adama, Ian e Mamuni.



27 de Julho de 2000

Acordando às 9:00h, tomando café e conversando com Aisha mais um pouco sobre ontem. Falei com Tuur por telefone e ele chega hoje à noite. Depois do almoço, estudei com Neném e Baba (Márcia filou de novo). Depois, treinei Salomão para filmar o show.

Fui para a lona em plena chuva das 16:00h e parei num brechó e comprei boas roupas usadas. Chegando na lona, remontagem da pirâmide para separar as brigas. Alguns ensaios e vamos nessa.

Morri de dor de cabeça no começo do show e acabei caindo no paracetamol. O show rolou bem bom e Tuur estava na platéia c/ o irmão e um amigo. No finalzinho, um pouco mais de circo das 1000 baixarias e a ultima dança tinha birkina pra tudo que é lado.

Uma cervejinha depois e, de carona, pegar a ultima hora de jantar, ouvir os discos que Tuur me trouxe e conversar com Lua, Nina e Tuur.

Personagens do dia – dançarinos burkina.

28 de Julho de 2000

Hoje é o Último show de Antwerp. Acordamos, tomamos café e às 11:00h tínhamos que estar do lado de for a dos quartos com as malas que iriam para a Inglaterra com a gente. Enquanto o almoço não vinha, decidimos dar um role e acabamos achando uma outra loja de 2a mão e fizemos a festa – casacos de couro e tudo o mais. Voltamos correndo na chuva para o almoço com roupas, chocolates e óculos e depois, seguimos todos para a lona, com os que iriam dar o workshop partindo na frente.

Lá, colocamos as malas grandes no vagão e as pequenas na van. Os workshops rolaram e eu mostrei para Tuur as manhãs da câmera para ele filmar o show. Hoje apareceram as Belgas-brasileiras e tudo o mais.

Depois do show, o barril da desmontagem do equipamento e encher a van. Eu, Lua e Nina tomamos uma cervejinha, nos despedimos de Tuur e o ônibus já estava pronto para seguir viagem. Destino – Cale, na França, onde às 2:00h pegaremos o navio para a Inglaterra.

29 de Julho de 2000

O dia começou c/ viagens. 1 hora e meia de navio até a Inglaterra e mais 7 horas de ônibus até a cidade de Stockton. + um albergue daqueles. Dividimos os quartos e seguimos pro local do show. Chegando lá, almoçamos bem e fomos conhecer a lona.
 
Decepção – era minúscula e peba. Vou ter muitos pepinos por aqui. Aproveitei pra assistir a um grupo que estava se apresentando lá – nada de incrível – uma circomedia. Depois, perambulamos c/ sono e frio até a hora do jantar e voltamos pro albergue pra finalmente descansar de verdade.

Ferry para a Inglaterra – no centro, eu e Chan Hao, nos lados, Wa e Sin
-Telefonamos pros do Batuque no Brasil.

30 de Julho de 2000

Hoje acordamos pro café às 9:00h estilo podreira com bacon, ovos, batata frita e tudo o +. Voltei a dormir pra compensar o cansaço e fomos às 11:00h pro ônibus que nos leva ao centro do evento. No meio do caminho descobrimos que era pra ter rolado workshop e que a gente teria que improvisar alguma coisa para a BBC de Londres.

Chegamos, montamos os colchões ao ar livre e começamos c/ aquecimento chinês. No meio, virou mangue porque os repórteres queriam filmar desse e daquele jeito. Aquela altura, já era malabares pra tudo que era lado.

Às 14:00h, paramos para o almoço c/ chuva e voltamos pra terminar o serviço c/ dança burkina e demonstração armengue de acrobacia recheada de entrevistas.

Às 17:00h, desmontamos os colchões e ficamos de bobeira até as 18:3 0h, quando jantamos e depois andamos kilometros até o lugar do suposto cinema – até os tickets já haviam sido comprados e…  … Guilí guilí! O motorista se negou a buscar a gente depois do filme. Resultado – volta todo mundo pra casa (nesse ínterim,  mais circo das 1000 baixarias e Mamuni puxa a cadeira de Li).

De volta ao albergue, terapia de família e reunião para africanos.  amanhã tem muito mais pepinos – a montagem do cenário, som e luz.


31 de Julho de 2000

Dia de estréia no Stockton International Riverside Festival. Acordar às 7:3 0h, café às 8:00h e saída às 9:00h. Chegamos na lona e começou o barriu - não tinha chegado nem luz e nem som. Começamos a montar a estrutura do palco e, lá pelas tantas, luz e som chegaram. Foi a manhã inteira de corre-corre pra adaptar o cenário ao local e a galera da luz atrasou tanto que não deu tempo de montar nada.

Fiquei sem almoçar pra terminar o som e, ainda por cima, La vem VT e tudo o mais pra atrapalhar. Anuk se desesperou por causa da Luz não montada e eu tive que acalmá-la e pedir pra ela tentar fazer o possível c/ as luzes sem gelatina e sem cor. Enquanto isso, Márcia berrava no fundo por causa da extração de um furúnculo.

Hora de aquecimento e La vai show sem luz, sem ensaio e sem reunião. Até que não foi tão mau e não teve lá muitos problemas c/ o tamanho reduzido do palco, mas não deu tempo de aquecer as peles dos instrumentos e Lua despencou da banquilha da acrobacia. Ainda por cima, eu esqueci o sax alto no albergue e tive que me virar c/ o soprano.

No final, minha cara feia de fome e raiva e uma reunião c/ o chefe de palco pra ter a luz pronta pra  amanhã. Peguei as diárias com Gizaw e dei um rolé pra comer algo enquanto o jantar não vinha.

Depois do jantar, voltamos pro albergue – banhos e um pouco de estudo com Fábio. Hoje às 23:20h tem reprise do programa que filmaram mais cedo – vou tentar ver.

1o de Agosto de 2000

Café às 8:00h e saída às 9:00h. Set up até às 11:3 0h, problemas com a luz, pra variar,  almoço e hora do show. Lua hoje ficou de fora por causa do braço. 

O show foi meio sem sal mas também não foi tão mau. Depois do show, fomo à lona do tudo por 1 pound e compramos breguessos à gosto. Aproveitei e comprei uma mochila, pois a minha já está caindo aos pedaços.

Jantamos mais cedo e tentamos correr para o cinema. Gizaw, no meio do caminho,  ficou perneta com câimbra e mancou por último. Chegamos em cima da hora e eu fiquei responsável pelos tickets. As crianças foram com Gerjan assistir Os Flingstones e nós assistimos Missão Impossível II – tipicamente americano mas até que foi legal.

O filme acabou um pouco antes das 22:00h e pegamos o ônibus de volta pra casa. Chegamos bem tarde, corrigi a carta de Fábio e fui dormir.

Personagens do dia – A moto do Tom Cruise e Gizaw perneta.

2 de Agosto de 2000

Rotina inglesa: café às 8:00h e partida às 9:00h. Montamos o set up e + uma vez a galera da luz marcou toca chegando atrasada e não montando tudo à tempo. Corre-corre até a hora do show e pausa pro almoço.

A platéia aqui é meio estranha e fria e esses espetáculos da tarde não são tão bons quanto quando à noite.  Final de show e o povo do estudo já havia se dispersado...

Dei um role com Nina, Lua e Gizaw atrás de internet e depois de andar pra caralho, achamos a biblioteca central, só que o serviço da internet era só pra pesquisa e não para acessar e-mail. A recepcionista nos deu o endereço de um outro lugar mas aquela altura ele já estaria fechado – só  amanhã de manhã.

Voltamos e resolvemos jantar fora. Comemos pizza, tomamos cerveja e fomos pro ônibus. Chegando no albergue, assistimos o programa que gravamos na Alemanha e eu fui estudar c/ Baba e Neném (Márcia está com dor de cabeça).

O resto é cama.

Personagens do dia: Engenheiros da luz.

3 de Agosto de 2000

Acordar às 7:45h, tomar café e seguir pra lona. Depois do café, rolou uma reunião com Hatu, Wua e Gizaw por causa da baixaria de ontem c/ Sum Bo. Resultado – ele não vai para a piscina hoje.

Chegando na lona, set up e + atrasos da luz. Paramos pra almoçar e partimos pro show. Alguma coisa aconteceu com o microfone do soprano e fiquei sem pedal. Passei o show improvisando microfones.

Márcia de novo ficou de fora pois está explodindo de dor de cabeça. Depois do show, mais surpresas – todo o grupo da china resolveu não ir para a piscina – problema deles.

Eu, Gizaw, Nina e Lua tentamos achar o lugar da internet só que quando chegamos lá, descobrimos que fechava às 16:00h – tarde d+. Voltamos e resolvemos relaxar nas cabines de luz tipo as que tinha lá em Antwerp.

Jantamos mais cedo que os outros e fomos junto com os 3 da Etiópia assistir o circo Ronaldo – um espetáculo comedia dell’arte numa lona própria bem interessante . O show valia mais pelos figurinos e performances teatrais que pelo circo em si. O show acabou às 20:50h e nos encontramos com o resto da galera para voltar pra casa.

Chegando no albergue, resolvi cortar meu cabelo e Bitchu (Etiópia) fez o serviço – haja cabelo! Depois, banho e cama, a pior de toda a Europa, diga-se de passagem.

Personagens do dia: os chineses

4 de Agosto de 2000

Hoje acordamos às 7:45h, tomamos café e partimos no ônibus da 9:00h p/ Stockton e foi o dia que montamos o cenário mais rápido. Às 10:40h já estava tudo pronto, ficando por conta só do som e da luz que desta vez também ficaram prontos à tempo.

O pessoal treinou ao ar livre, como de costume por aqui, e às 12:00h  fomos para o almoço. Na volta, eu e Hatu, com a ajuda de Gizaw, tentamos entrar em acordo c/ os grupos da China e do Brasil. Antes do show, uma breve reunião pra explicar que  amanhã, por requisição da platéia, teremos que apresentar um show extra, o que significa que fomos bem sucedidos.

Hoje na platéia temos presença de 4 organizadores de festivais na Europa e o show rolou bem – o melhor até agora aqui na Inglaterra. Show terminado, desmontamos tudo rapidamente (Já estamos pegando a prática), demos um role pelas barracas do festival e fomos eu, Nina e Neném ao shopping comprar desodorante, shampoo e outras tralhas.

Voltamos pro jantar às 18:00h e Aisha está de volta. Enquanto o ônibus das 19:30h não chegava, brincamos de jogos dos ouvidos no parque.

À noite, no albergue, mais uma sessão corte de cabelo – Eu, Baba, que depois de alguns buracos ficou com um new look pra lá de moderno, e Nina, que fez um V O. Agora é hora de diário com Nina.

Personagens do dia: Baba com o seu new look.

5 de Agosto de 2000

A rotina da manhã é a mesma. Hoje o set up teve a participação especial de alguns chineses, o que significa acabar mais cedo. Todos dos nossos foram treinar malabares do lado de fora.

Pausa pro almoço e depois, conferir som e luz, fazer uma pequena reunião para informes e retoques e lá vai o 1o show debaixo de um calor quase brasileiro, com direito a tirar paletó antes da hora. O show foi bem aplaudido e, na platéia, alguns figurões do business.

À pedidos, o 2o show começou às 14:30h com direito a casa cheia e 75% do lucro para as 1000 faces. + uma vez com sucesso e é hora de corre-corre pra liberar a lona pro set up do Maboo. Nesse ínterim conhecemos o empresário do circo dos horrores e do circo de Moscou que gostou muito do espetáculo e me elogiou muito pela música e também pela assistência de Direção.

Hora de jantar e role enquanto o ônibus não vem. Vi algumas performances sem tempero pelo parque e vi o incrível circo das pulgas (essa eu não podia perder). Às 9h o ônibus parte de volta ao nosso calvário. Hoje é noite de arrumar as bagagens pra partir amanhã depois do show. Alguns ficaram vendo o vídeo de Batuque c/ os garotos da Etiópia. Ah! Hoje de manhã eles fizeram uma demonstração de malabares pra gente.

Hoje também é dia de callect call to Brazil – Nancy, Renato, Dena e Anselmo. Diário com Nina e já fui...

Personagens do dia: A 3 pulgas do circo e a dor infinita de cabeça de Márcia.

6 de Agosto de 2000

Último dia de Inglaterra. Rotina de sempre até o show, que dessa vez não estava totalmente lotado. Mais um dia de calor infernal e todos estavam bastante cansados mas, mesmo assim, fizemos um bom show. No final, elogios e contatos, folders e CDs. Carregar a van e se despedir dos etiopes e dos Maboos.

Jantamos às 17h e às 18:30h chega o ônibus 30 minutos atrasado. Todos para dentro e lá vamos nós para Dover – mais 6 horas de viagem para pegar o navio de volta pro continente.

É, já estamos livres do caos que foi Stockton International Riverside Festival. Devemos chegar à Alemanha no final da manhã de amanhã. Aqui na Inglaterra foi a vez do tudo ao contrario. O que parecia ser não era e o que era não parecia ser. Pelo menos fizemos vários contatos importantes: Gerry Cottle, do circo de Moscow, Mama Loucos, Frank (o organizador do festival), todos elogiaram muito a música do espetáculo. Na verdade, foi o mais elogiado.

7 de Agosto de 2000

Saímos do navio quase às 5 da manhã e carregamos o ônibus que nos levou para a Alemanha. Haja saco. Às 9:30h paramos em Colônia (Köln) pro café podreira na Mac Donalds em frente à maior catedral que já vi até agora e saímos às 10:30h atravessando uma ponte pelo rio Reno – que emoção!

Mais 2 horas e meia de viagem e chegamos no novo albergue, na cidade de Hilchenbach. Até que o lugar é legal e o rango muito bom. Aqui, depois de comer, a galera tem que limpar tudo, botar na maquina de lavar e secar e guardar na seqüência.

Hoje é dia dos brasileiros. Resultado: Fábio fugiu, Baba nem comeu pra não ter que lavar e eu e as meninas nos divertimos fingindo que era tarefa de programa de calouros – a maior zuada. Pós rango – ping-pong, lavagem de roupa, reconhecimento da área. Chega a van com Christof, Hatu e a bagagem que tinha ficado na Bélgica. Pegar as tralhas pesadas e tirar um pouco do atraso do sono.

Acordei pro jantar delicioso e bis da situação pós almoço. Depois, filme – Pulp Fiction em alemão sem legenda – uma loucura. Baba tem que escrever sobre o que entendeu. A galera ainda emendou outro filme, de terror dessa vez.

São  11:15h e pra mim, chega. É hora de diário e cama.

Personagens do dia:
            Julia e Li ( voltaram + tem que ser escondido pros chineses não baterem pra professora do instituto de Shao Lin.
            A equipe de lavagem do Brasil com o seu fantástico show de barulho, ataques de cócegas e cantos religiosos.

8 de Agosto de 2000

Hoje é dia do 1o show nesta 2a seqüência alemã. Café às 9h e hoje é dia dos chinas lavarem os pratos depois do café. Mudei meu quarto pro de Gizaw pois ele vai pra Berlin e só volta no domingo. Passei o resto da manhã organizando minhas tralhas.

Às 13h, almoçamos e Christoph seguiu com Gizaw e Sisay. Estudei c/ Baba, Márcia e Neném das 13:30h às 15:30h e às 16:00h seguimos c/ o ônibus pro local do show, a cidade de Dülmen, +ou- umas 2h e 30 minutos de viagem.

Chegamos no local às 19h porque passamos um bom tempo perdidos na cidade e tive que correr pra montar tudo a tempo. O show começou às 21:00h com a praça lotada. Umas 2.000 pessoas na platéia e o show rolou bem legal, todos adoraram, inclusive os organizadores.

Final de show e hora de desmontar tudo e botar na van. Como em toda cidade da Alemanha, também é hora de tomar uma cervejinha. Jantamos e voltamos pro ônibus pra viagem de volta , ao som de bandas africanas c/ todos dançando no ônibus como se fosse uma boate. Chegamos por volta das 2h da manhã e fomos todos pra cama.

Personagens do dia: A boate 1000 faces ambulante.

9 de Agosto de 2000

Hoje foi dia livre. Café às 10:30h por conta do horário de ontem. Na seqüência, saí com Christoph para trocar o dinheiro do show da Inglaterra em miúdo para facilitar o pagamento. Passei  o resto da manhã e parte da tarde repassando o plano de luz para Christoph c/ Anuk pois ela vai embora hoje no final da tarde.

Hoje é dia dos burkinas lavarem os pratos do almoço. A galera treinou acrobacias e, eu e Christoph, junto com Nina e Lua, alugamos uns vídeos para a noite: Juracic Park II, John Travolta e Nicolas Cage. Jantamos às 18:00h e das 6:30h às 8:40h, estudei com Baba, Neném e Márcia – finalmente acabamos de ler o Vampiro.

Às 9h, começamos a seqüência cinéfila que só parou às 2h da manhã. Hora de cama.


10 de Agosto de 2000

Hoje o café foi às 9h e depois, fomos eu e Nina dar uma volta na cidade para comprar filme e devolver os vídeos mas a locadora estava fechada. Enquanto isso, a galera treinou malabares.

Às 12:30h almoçamos (hoje é dia dos indianos lavarem os pratos) e a galera voltou pro malabares enquanto eu voltei  à  locadora para devolver as fitas e pagar.  Às 13:15h o ônibus chegou e fomos todos para o local do show.

 Uma hora e 30 minutos de viagem e chegamos  à  cidade de Iserlohn. O palco ainda estava sendo montado numa praça em frente a um shopping onde logo foram todos matar o tempo. Tive que mandar re-montar o cenário pois não havia espaço pras andadas e tivemos que prender a estrutura do fundo na armação da luz pois o vento era muito forte.

A montagem da luz acabou atrasando muito e fez com que o show também atrasasse meia hora. Às 9h, o show começou com a praça completamente lotada. A luz foi uma bomba, só que o som e o show foram bons, talvez a melhor acrobacia do Brasil até hoje. O show foi muito aplaudido e acabou por volta das 22:45h por causa do intervalo. No final, sessão desmonte e espera do jantar à base de cerveja p/ todos, c/ e sem álcool.

Depois da janta, todos para o ônibus e já era meia noite e vinte. Chegamos por volta das duas da manhã no albergue depois de uma viagem regada a rock chinês e cânticos burkinas.

Personagens do dia:  Li e Julia namorando escondido de Wa no ônibus e Raquel bebuna, doida pra mijar (não só ela).

11 de Agosto de 2000

Hoje o dia é livre. Café às 9:30h e enquanto a galera treinava, dei um role pela cidade e comprei algumas besteiras. Almoçamos às 13:00h e de tarde foi a vez da galera dar um role. Às 14h fui com Salomon, Henry, Sisay, Gerjan, Mamuni e Baba dar uma volta na reserva florestal e catar madeira para a fogueira da noite.

Andamos uns 4km pelo parque e, na verdade, o mais interessante era a grande variedade de cogumelos e as framboesas silvestres deliciosas do caminho.

Chegamos de volta às 18:00h e era hora do jantar – peixe, salada, arroz e molho de tomate. Às 19h comecei os estudos com Baba, Neném e Márcia e às 20:30h tivemos que parar por causa da pressão da galera da fogueira do churrasco.

Dançamos e cantamos músicas burkinas  à  fogueira e eu filmei Yasmin se acabando na dança. Nina passou o dia com dor de barriga e se aplicou mais na banana que em qualquer outra coisa. Lá pras tantas, assisti algumas das filmagens já feitas e o final da noite foi de papo c/ Lua e Nina à beira do resto de fogueira.

12 de Agosto de 2000

Café às 9h como sempre. Todos ficaram a escrever cartas e postais e eu, a jogar ping-pong com Xie, Wa, Chan Hão e Li. Fim da manhã, tomar banho, pintar o cabelo c/ a pasta de Ian Jau e pegar o ônibus às 12:30h c/ destino a próxima cidade, hoje com dois shows – um às 16h e outro às 21h.

Chegamos às 13h na cidade de Siegen. Era num grande pátio onde havia muitas crianças montando uma feira de brinquedos usados. O palco ainda não estava pronto e, enquanto esperávamos pelo almoço, todos circulamos a feira e compramos breguessos  à  vontade., Aproveitei e comprei uma bonequinha pra Julia, pois hoje é aniversario dela.

Almoçamos às 14h e depois, cai na montagem dos instrumentos e checagem do som, que acabou já em cima da hora do 1o show – o pior até agora – todos lerdos e desatentos, além de barulhentos no backstage.  O show rolou para uma platéia reduzida de velhos e crianças debaixo de um sol escaldante.

O show acabou por volta das 17:30 e era hora de descansar um pouco. Aproveitei para ligar para Nancy e para meus pais. Às 19h começou a montagem da luz pro show da noite, o que só terminou 30 minutos antes do show, dando tempo sôo de um breve aquecimento antes de entrar em cena.

Felizmente, o 2o show rolou legal, apesar de Lua ter machucado o pé já machucado durante o treino entre um show e outro, o que provavelmente foi a causa da má performance no dueto.

Depois do show, corri pra trocar de roupa e desmontar o equipamento e fui fazer umas anotações sobre o show pra colocar em reunião quando de repente comecei a ouvir uma gritaria do lado de fora. Primeiro pensei que era a zoada normal da hora do jantar mas comecei a ouvir choros. Corri para fora e lá estava o circo dos mil caos caindo aos pedaços, com todos completamente descontrolados, com gritos e choros pra todos os lados. O fato:

Hatu pegou dinheiro das cestas de coleta para uma instituição de caridade e distribuiu pros chineses. Um burkina viu tudo e bateu pra Christoph que, por sua vez, foi tirar satisfação e conseguiu o dinheiro de volta. Só que os chineses começaram a fazer as mesmas acusações em relação aos burkinas e, pelo que sei, o louco do Sum Meng pegou um pau para bater em Abbi. Baba segurou o cara e depois, foi a vez de Abbi pegar uma garrafa e Baba + uma vez salvou.

Pronto – o caos estava instaurado. Depois de muito terror, para encurtar a estória, as coisas ficaram menos bizarras e conseguimos voltar no mesmo ônibus e dormir no mesmo teto. Essas mil baixarias já estão indo longe demais.


13 de Agosto de 2000
The Day After
Depois do café das 9h, reunião geral para lavagem e colagem dos 1000 pratos quebrados de ontem. Blablablablablalá...Titititititití...você diz pra ela – tá tudo muito ruim mas realmente, eu preferia que você estivesse na china.

Pausa pro almoço e na seqüência, reunião reduzida c/ os envolvidos no barril e os interessados no pepino. Nada de muita solução e também sem remédio para as feridas. Da nossa parte, o resto da tarde foi de estudo com Baba, Márcia e Neném enquanto Lua foi ao hospital ver o pé. Salomon “se saiu” pra Berlin e Gizaw chegou depois do jantar.

Às 19:30h, fomos eu, Lua Nina e Giza tomar umas e falar sobre o circo dos mil caos – esses doentes mentais já estão pra La de mortos. 

The end – Callect call to Brazil (dia dos pais) e tentar falar c/ Anselmo mas não rolou.

 amanhã, madrugar às 5h com café às 6h e lá vai o ônibus doente para a Dinamarca.

14 de Agosto de 2000

Hoje, madrugamos às 5:30h, café às 6h e saída do ônibus às 7h. Tudo desconfortável, cadeiras pequenas, sol, engarrafamento na estrada, etc. Depois de 1000 tentativas de dormir, inclusive no chão, chegamos às 15:30 no extremo norte da Alemanha, já na área viking, e paramos para almoçar numa espécie de Mcdonalds.

Seguimos viagem para a Dinamarca e, depois de nos perdermos algumas vezes, finalmente encontramos a cidade chamada Àrhus chegamos ao local do show, onde jantamos. Fizemos o reconhecimento das áreas de show e workshops, conhecemos alguns mexicanos e depois, finalmente seguimos para o albergue.

Já cada um no seu quarto, é hora de banho e encontrar Gizaw pra uma cervejinha e uma conversa sobre o que aconteceu e o que pode vir a acontecer. O resto foi sono e sonhos (dos mais loucos) – dragões de cômodo, punks de mentira, o gordo, show de contorcionismo c/ uma falsa preta, Krishna, AC em cartões de mensagem, etc.


15 de Agosto de 2000

Acordamos pro café às 9h e saímos com o ônibus às 10h. Arrumamos o local do workshop e a equipe técnica seguiu para a iniciar montagem. O vento é fortíssimo e tivemos que limar o cenário – ao invés dele, um muro de tablados para podermos fazer as andadas.

Fim de workshop e almoço, é hora de reunião c/ todos. Expliquei alguns detalhes e falei do caso Sum Meng, que vai estar fora dos shows. Depois, era a vez de Gizaw fazer o escalde do Hatu (rato), que, não suportando, levantou e saiu com cara de criança mimada, seguido por todo o seu grupo. Pronto! + desespero.

Não sabendo o que poderia vir a acontecer, comecei imediatamente a ensaiar Yasmin pra substituir Chan Hão no numero do passarinho. Às 2:40h, o grupo chinês estava de volta e era hora de correr pra terminar a montagem e checagem de som.

O show começou às 4h e eu nunca vi os chineses tão concentrados e os burkinas tão eufóricos. Pena que a maioria dos brazuca estava machucada. O show foi bom e com direito a sol e tudo. No final, enquanto fazíamos o desmonte, Lua, Raquel e uma das funcionarias do lugar seguiram para comprar presentes pros aniversariantes do dia – Hassan e Márcia, além de presentes pra Julia e Ilsad.

Depois do jantar, aproveitei p/ ir ao e-mail e na seqüência, cantamos parabéns com direito a bolos com os nomes das pessoas e tudo o mais.

Fim da esbórnia, era hora de ir pro ônibus e voltar pro albergue (Baba e Fábio foram pra roda de capoeira). No albergue, recebi as diárias e distribui pra galera. Depois, foi hora de comer alguma besteira, beber uma cerva, conversar c/ Gizaw e ir pra cama.

Já são 12:44h e  amanhã tenho que acordar às 7:30h, saindo já com a bagagem às 8:15h. Antes de dormir, falei ao telefone com Serrat e  amanhã tenho que conversar com Reinhard sobre as passagens que só estão na fila de espera por $1.000,00 cada (ida e volta). Tenho que dar a resposta às 13h, antes de seguir pra Copenhagen.

16 de Agosto de 2000


Acordar às 7:30h, tomar café e sair voando pro local do show (eu, Reinhard e Sisay). Tiramos tudo da van e montamos todo o chão, cenário e instrumentos e fizemos a checagem do som. A galera chegou às 10:30h.

O show começou com o anfiteatro totalmente lotado de crianças e adultos. Apesar da cara de sono de todos, o show teve uma energia muito boa e eu fiz varias fotos. No final, enquanto a galera transitava entre os fãs, carregamos a van de novo.

Pausa pro almoço, tentei falar c/ Serrat + o telefone do circo não funcionava. Reinhard fez uma breve reunião pra pedir tolerância de todos e, na seqüência, enquanto a galera se preparava pro workshop, seguimos (eu, Reinhard e Sisay) p/ Copenhagen.

3h de viagem, duas travessias de ponte entre ilhas sendo a ultima de 18km pelo mar nórdico. Chegamos na cidade, encontramos o local do show, descarregamos a van e imediatamente começamos a montar o cenário e luz. Paramos às 9:30h para jantar mas o restaurante já havia fechado. Voltamos ao trabalho e Peter, o chefe de palco, pediu pizza para todos.

Trabalhamos na montagem de luz até a meia-noite pra tentar afinar o máximo possível. Resolvemos terminar o serviço no dia seguinte e, na ida pro albergue, nos perdemos e rodamos de bobeira por um bom tempo, pra variar.

Só conseguimos chegar no albergue perto da 1h da manhã e tive que tomar banho tcheco porque o chuveiro estava frio.

Obs: Esta cidade é de punks, loucos e viciados em heroína.


17 de Agosto de 2000

Mais um dia infernal. Esta seqüência de ontem para hoje foi a pior desses 3 meses. Acordar às 7:30h, tomar café e sair voando pro local do show pra terminar o serviço.

Às 10h, Reinhard saiu fora pra pegar o avião e eu tive que segurar sozinho todos os pepinos (luz, cenário, palco e som). Às 13h ainda faltava programar a mesa de luz, passar o som, além de alguns outros detalhes.

Fui com Sisay pro almoço e ficamos perdidos rodando nesse labirinto feito idiotas até encontrarmos o local 10 minutos antes de ter que reiniciar o trabalho. Das 13:30 às 14:40h trabalhei no plano de luz, às 16h passei o som e terminei o plano de luz e o mapa pra Gizaw, que iria auxiliar o operador às 16:25h.

Corri pro camarim, botei figurino, subi no palco e Guilí guilí! Hora do show!

Correu quase tudo normalmente, com algumas  sombras indevidas e uns atrasinhos em algumas luzes. No final, fomos jantar e eu, fatigadíssimo, dormi na rua enquanto esperávamos pelo ônibus que só sairia às 20h.

Longo caminho de volta por causa de Chan que teve que ir ao hospital. Chegamos por volta das 21:40h – corri pra tomar banho antes que desligassem a central. Descobri que aqui tem internet grátis mas estou tão cansado que só pensa em dormir – Fritzan Lé.

Personagem do dia – eu dormindo de cansado na rua.


18 de Agosto de 2000

Hoje acordamos às 7:30h, tomamos café às 8h e às 8:30h tivemos que mudar pra outros quartos. Como não havia tempo pra fazer a mudança, tivemos que botar as malas no quarto de Aisha e seguimos com o ônibus pro galpão do show.

Chegamos às 9:15h e já era hora de correr pro warm up  e conferir o som e a luz. O show foi até bom, considerando o horário (10h). No final, ajustes de luz e almoço. A galera ia dar workshop à tarde e eu aproveitei o ônibus que ia sair às 13h para levar Márcia (verme?), Raquel (exame de colesterol) e Eric Borkete (pele) pro hospital e peguei uma carona de volta pro albergue.

Como o almoço ainda não estava pronto, peguei salada e pão e segui caminho. Cheguei de volta ao albergue às 14h, almocei e entrei na net passando grande parte da tarde respondendo mensagens velhas do hotmail. Parei pra tomar um banho e voltei pra net pra limpar alguma coisa do UOL e ver noticias do Brasil, além de checar no Yahoo pra ver se tinha alguma boa loja de música em Cologne, que será o Último lugar de show da turnê.

Resultados: no UOL, havia 1.420 mensagens e passei 2 horas pra apagar tudo e bloquear o “mercadão” . O real sofreu inflação de 1.2% e agora o dollar vale R$ 1,82. No Yahoo, não encontrei nada do que procurei.

Às 19:40h, catei frutas deliciosas chamadas mirabelas, uma mistura de uva e ameixa, para jantar e tentei arrumar alguma coisa da minha bagunça por causa da nova mudança de quarto. Às 22h deitei pra dormir e finalmente consegui descansar um pouco.
19 de Agosto de 2000

Acordei às 7:30h, tentei fazer uns alongamentos com Xie e tai chi com Chan Hau e tivemos que esperar o café que atrasou e só saiu às 9h (gostoso – uns Paes com ricota que comi com tofu dos chineses).

Chegamos mais uma vez em cima da hora e, de novo, só deu tempo de warm up e vamos pro lá! Desta vez, tive alguns problemas com o som. Acabado o show, almoçamos nada muito bom e dei um role rápido pela redondeza – só lojas de tatuagem e vitrines de sex shop p/ héteros e gays. Na volta, reunião geral, pois Hatu vai ter que voltar pra China para ver o pai que está nas ultimas por causa de um câncer.

Seriedade geral, respeito coletivo e um pouco de demagogia da parte de Gizaw. Acabamos nos livrando do louco da pior maneira possível.

Já era hora do 2o show. Às 16:30 chequei o som para reparar os pepinos e às 17h já estávamos começando outra vez, com platéia pequena e um tanto fria – acho que o publico daqui não tem muito saco. No final, reunião com o dono do circo onde a gente se apresentará em uma semana e meia.

Jantar meio gororoba – a comida aqui nunca é tão boa – e tristeza geral do lado dos chineses. Sofremos um aluguel do ônibus que só chegou às 21:10h e, chegando ao albergue, tive que ir até a futura lona para checar os nossos futuros pepinos. Na volta, coca-cola, banho, cigarro,  blá  blá blá e cama às 23:50h, esta hora de agora.

 amanhã é dose dupla – mais uma semana de estudos pra cucuia.

Personagens do dia – O terrível fim do monstro e a estranha picula dos brasileiros c/ Gizaw na espera do ônibus, além dos sex shops.

20 de Agosto de 2000

Domingão do trabalhão (I’m easy ÀÀÀÀ easy like Sunday morning...). Acordamos pro café às 9h e aproveitei pra abrir hotmail com respostas de Anowska, Kakau e Julieta mas não deu tempo de re-responder nenhuma. Corri pro café e de La pro ônibus que saia às 10h.

No local do show, vários novos pepinos – Lua acordou c/ torcicolo brabo – fora do show; Sum Meng está doente – fora do show; Ilsad c/ furúnculo monstro na barriga seguiu com Sum Meng pro hospital – fora do show. Já estamos sem Wan e Chan, Xie está com dor de dente, Ian Jau c/ febre, Baba resfriado, circo das 1000 ziguiziras.

Passei o resto da manhã tentando enchertar o espetáculo enquanto os meninos do Brasil remontavam acrobacias e malabares. Pro dandis, Raquel volta pra percussão com participação especial de Nina e, ainda sobre música, Baba e Fábio tocando pra novo numero chinês de Sum Bo comigo no sax, além de Neném tocando para acrobacia.

12h e o espetáculo rolou com as substituições. No final, uma chinesa da platéia nos ajudou a traduzir algumas coisas para Wan. Almoço às 14h e canseira coletiva com uma dosezinha de mau humor – everybody sleep, ok? Fiquei a discutir sobre a comida c/  Gizaw e alguns outros e acabou rolando um lanche c/ frutas e bolo.

Às 14h voltamos pro galpão pro warm up e, finalmente a casa estava cheia. Uma porra de um buraco numa janela do fundo vazava luz e fazia sombras da galera do backstage no fundo branco. Eu ficava correndo do palco pro fundo pra tentar controlar o circo das 1000 sombras. além disso, meu soprano resolveu cansar de vez – ainda não morreu mas está quase lá.

Fim de show, Ufa! Hora de jantar – melhor, desta vez. Noticias de Sum Meng – 24h só a base de líqüidos. Noticias de Ilsad – passaram-lhe o bisturi. Entramos no ônibus às 20:40h e só saímos às 22:20h. Pegamos Ilsad no hospital e não sei por que raios rodamos tanto até chegar no hotel.

Chegando, bananas para todos, 5 minutos de internet pois a recepção já estava fechando, banho quente finalmente. Eu e Nina conseguimos nos juntar para fazer o diário, coisa que não fazemos a algum tempo.

Semaninha bizarra... acho que vou chupar um limão pra não cair também na onda da gripe.  amanhã é dia livre...

Personagens – As 1000 faces – 6, o coro chinês de música depois do jantar e Ilsad, o operado.


21 de Agosto de 2000

Ufa! Dia livre!
Acordar às 9:30h pro café, almoçar às 13h e seguir para uma city tour de barco pelos monumentos cristãos do Sec XVII do centro da cidade. Na volta, passamos pelo parlamento e esperamos 1 hora e meia pelo jantar. Depois, seguimos pruma casa de jogos onde participamos da ultima moda em jogos da Dinamarca – uma guerra com armas lazer. Dividindo o grupo em quatro equipes, uma delas era a equipe das piranhas do Brasil – se proteja pois elas podem te atacar...

De resto, cansaço e cama.

Obs- estudamos das 10:30h às 12:30h.

22 de Agosto de 2000

Café às 7:30h e saída do ônibus atrasado de novo às 8:40h. Isso significa chegar em cima da hora, já pro warm up e show.

Platéia lotada de crianças e show bem aplaudido c/ direito a boa acrobacia. Ainda estamos sem Lua, Wan, Sum Meng e IlsÀd. Fim de show, almoçar e voltar pro galpão pois o 2o show é às 14:30h.

Li se machucou no 1o show e Xie vai pro dentista – resultado – de novo, um buracão no grupo chinês. Wan substituiu alguns dos números e organizou o numero das many weapons sem Sum Meng e Hassan tentou ensaiar a levitação mas não colou.

O 2o show foi tão lotado quanto o 1o, porem, menos aplaudido. Eu acho (não só eu mas muita gente) que a ultima dança burkina está muito longa e enchendo o saco.

Fim de show às 16:00h e é hora de dar um role, comprar guloseimas e voltar pro jantar. Me entupi. Na saída, fomos eu, Lua, Li, Baba e Fábio pegar nossas mochilas no escritório e eis que vimos a criatura mais bizarra de toda a Dinamarca – um velho grisalho cabeludo de meia-calça e tamanco e batom. Baba, pra variar, fez um escândalo e ninguém resistiu às gargalhadas – incontrolável. Baba ria c/ a cabeça no saco plástico.

Volta pra casa, banho, internet, coca-cola, papo, diário e bye-bye.
Personagens: a traveca dinamarquesa, Naná que despirocou na percussão da acrobacia dando rasteira em todos nós.

23 de Agosto de 2000

Rotina dinamarquesa com saída às 8:40h e chegada pro warm up minutos antes do show das 10h. Chan Hau bate a cabeça numa mesa de metal e é sanguinho novo – vai pro hospital enquanto ficamos nas substituições de ultima hora – Yasmin faz o numero dos passarinhos, Wan o Tai chi e Chan, a luta contra as sombras.

Depois de um treino com Naná, a música da acrobacia saiu melhor, além de que Lua passou o show na percussão . Fim do show e almoço totalmente gororoba. Resultado – rolou 2o round num restaurante chinês. Depois, já era hora do workshop (14:30h).

Como os chineses estavam fora do workshop e eu também, adiantamos para a piscina maravilhosa c/ direito a circuito de nado, pulos de penhascos artificiais e piscininha de água quente c/ hidromassagem.

Às 16:15h fui buscar a galera que estava no workshop e aproveitei também fui com Naia ( a produtora local) em busca do sax perdido. Achamos um velho modelo Frances em bom estado por preço razoável, isto é, kC 8.600,00. Tenho que ligar para Reinhard.

18h é hora de jantar e desta vez conseguiram cozinhar melhor. Na volta para casa foi a vez do banho seguido de internet. Já às 21:40h, mais um pouco de barril – Wan viu Julia deitada na cama de Li e o pânico se instaurou de novo. Também, a anta resolve dar uma mancada dessas bem à luz da noitinha...

Haja papo com a líder chinesa, a nossa menina no cio e o garoto chinês que quer deixar o shao lin pra ser malabarista e musico. Isso varreu as minhas ultimas horas dessa noite de quarta-feira de 2.000.

Personagens – Yasmin imitando luta chinesa nos passarinhos; Romeu e Julieta latino-oriental e a piscina.

24 de Agosto de 2000

Mais um dia duro, acordando às 7:30h e saindo às 8:30h pro show às 10h. Casa lotada de crianças perturbadas. Lua ainda está só na percussão, Yasmin ainda no lugar de Chan por causa da antitetânica que dói o braço (dessa vez, ela resolveu soltar dois “porras” no meio da performance, Ilsad voltando e mais uma vez sem a presença do maluco quebrador.

O show rolou numa boa. No final, desmontar tudo correndo pra almoçar às 12:30h no restaurante chinês e voltar pro workshop que começava às 14:30h. Enquanto não começava, eu, Gizaw e Wan conversamos (com dificuldade) sobre o problema Julia & Li e voltamos pra quadra de workshops onde estavam rolando as aulas. Fui então escolher algumas camisas do festival para o grupo e também consegui com Gizaw um jeito de comprar couro para os Djembes. Depois, enquanto a galera tomava aula de um duo de circo, fui com Gizaw debaixo de chuva e num frio dos infernos para a loja de saxofones para conferir o soprano.  amanhã de manhã a gente compra, pois já abaixamos o preço de 8.600Kr para 1.700kr.

Voltamos debaixo da mesma chuva e chegando lá, já era hora de se organizar pro jantar que finalmente saiu com um arroz bem feito. Depois do rango, seguimos para o bairro de Christianiauma espécie de bairro independente sob ocupação da sociedade alternativa. Assistimos ao show dos Tiger Lillies.  Maravilhoso! Finalmente algo prestável pra assistir. Esse valeu à pena – 3 musicos a la Som Waits e 7 artistas fantásticos – um gordão malabarista, a contorcionista úngara maravilhosa, a criança e o touro das paradas, a mulher da textura, a dupla vertical.

O show acabou às 22h e voltamos pro albergue com direito a arrumação de malas para  amanhã e cama às 1:23h apos este diário.

Personagens: Yasmin e seu Porra, Rei! Eu na chuva, o menino que tentou traduzir algo de chinês através da ponte (eu, ele chan e Wan), a contorcionista úngara, nós em Christiania, o frio.

25 de Agosto de 2000

O último dia da rotina de Copenhagen – acordar às 7:30h, tomar café, sair às 9h pro workshop que começa às 10h. Com o workshop pronto para começar, segui com Gizaw para a loja de sax e, desta vez, debaixo de um sol brilhante.

Chegando lá, não conseguimos baixar mais o preço de 7.500 kr mas conseguimos adicionar óleo para as chaves uma caixa de palhetas La Voz MH e um par de baquetas pros surdos e gongo – nada mal.

Voltamos pra quadra de esportes e de lá, seguimos para o local do rango. Todos comemos sanduíches pois hoje era dia de despedida e mais tarde, às 14h, tivemos um almoço especial de despedida sem especialidade nenhuma. Ganhamos mais camisas do grupo de teatro que fez um dos workshops e depois de descansar um pouco e passear por uma loja de artigos chineses, era hora de partir. Às 16:30h fui com Mixia (o motorista) e Xie Si Dim pro hostel onde o chinês havia esquecido os medicamentos e depois seguimos em direção a Odense, que fica na ilha do meio, o que significa que passamos de novo pela ponte de 18.5 km.

Chegamos por volta das 19:30h, organizamos os quartos – muito bons, por sinal – e seguimos pro local do jantar. às 22h, peguei um taxi com Sisay para o local do show para montar a luz pro dia seguinte.

O lugar era o maior barril!! Super barra-pesada, pra lá de gueto de filme americano, e os caras não sabiam mexer no equipamento (e nem eu sabia). Haxixi rolando por todos os lados, gangs de motociclistas e tudo o mais. Lentamente, conseguimos montar +ou- tudo meio na tora e ninguém sabia programar a mesa e acabei fazendo um plano de luz manual.

Às 2h da manhã pegamos um taxi de volta e eu realmente não pude dormir com um barulho desses...

As pessoas mais bizarras que já vi aqui na Europa. Enquanto que a turnê da Holanda acabou nos melhores teatros, esta acaba nos guetos baixo-astrais.

Personas: o novo sax, Eu e Sisay no gueto, os Rottweilers dos “becktranques” rondando por entre nós na montagem.

26 de Agosto de 2000

Acordei às 7:30, café às 8h e às 9h saímos eu, Sisay e Gizaw c/ a van pra montar o palco. O primeiro a nos dar bom dia foi o cão bizarro ¾. Montamos todo o palco, cenário, terminamos a luz, montamos todo o som (desde a posição do PA a todos os cabos, mics, mesa, etc.).

O workshop da galera começou  às 11:30h e, fora da lona, os fato mais importante foi que roubaram a bolsa de Íon Nan Fan e arranjaram uma tradutora pra conversar comigo, Gizaw  Wan. O workshop só terminou na véspera do show, às 16h.

O show não foi mal, apesar de Yasmin e Yan Jau estarem doentes. Depois do show – botar tudo na van, go to the hostel, deixar o sax, jantar às 19:30h, uma cerveja e cama. Hoje preciso dormir antes da meia-noite.


27 de Agosto de 2000

Mais um dia neste pais de Junkies. Café às 8h, que é uma das raras boas coisas daqui, com granola, suco de laranja, yogurt e pães diversos. Saída com Gizaw e Sisay às 9h para montagem de palco e cenário. A galera chegou por volta das 10h e começou a treinar até a hora do workshop, às 11h - hoje, só quiseram saber das danças Burkina.

As marmitas do almoço chegaram às 12:30h. Depois do rango, ajeitar a luz e conferir o som. Às 14:45h fui com Gizaw numa barraca do Iraque provar o water pipe com tabaco egípcio de banana e voltamos às 15h “voando” para preparar a galera pro show.

Platéia lotada com colchões extra no chão e vamos lá. Reduzi o show de hoje pra só uma hora, tirando algumas performances e enxugando outras. A luz hoje saiu um pouco melhor que a de ontem. É incrível o fato de que, na platéia, não se vê um dinamarquês – só iraquianos, indianos, mexicanos, chilenos e não sei mais o quê. Um gueto de imigrantes.

Como sempre, fim de show é hora de desmontar tudo e pôr na van. A galera local também desmontou a lona, pois vão montá-la no próximo local de show – um outro bairro do outro lado da cidade.

Hoje é aniversario de Sisay, o nosso pigmeu dos 1000 faces. Às 18:30h voltamos pro jantar – Lasanha boa e sorvete de licor. We finished dinner by 19:15 and I went back to the hostel to try out the new soprano saxophone and put some oil on the Keys of both saxophones. Nina came to my room and we tried to write the diary without success. Gizaw and Lua also came later and told us about Anete – the woman Who was supposed to take care of us here but she was completely drunk and we had to take care of her.

In the end of the night, Reinhard arrived and we talked about all problems. Tomorrow is a DAY OFF! But we (me, Sisay and Reinhard) have to set up the stage, sound and light for the Day after tomorrow because the first show is in the morning. I AM writting in english because now it is much easier to think using this fucking language. Now it is 1am and it is time to GO to bed. “Everybody sleep, OK?”

Personagens: Eu e Gizaw com water pipes, the drunk woman with a knife from the snack, Sisay.

28 de Agosto de 2000

Day off (pra uns). De manhã, fomos apresentados aos alunos de uma escola alternativa entre os níveis de ginásio e colegial que assistiram o nosso show e quiseram nos mostrar a cidade. Um rolé rápido pelo centro e então seguimos num passeio de barco até a escola da galera debaixo de uma chuva desnecessária. Um rio bonito e sujo, por conta da galera da seringa. No caminho, passamos por um zoológico ou aviário (emas, araras e corujas).

Chegando na escola, tudo era legal: salas de dança, música e vídeo, só 18 alunos, um bar com jogos, só 2 professores num lugar tão grande.

Fomos almoçar no centro da cidade e finalmente fomos a um restaurante descente. Umas voltas pelas lojas pra digerir o almoço; eu, Márcia e Lua compramos 3 calcas pelo preço de 2 e eu fui correndo encontrar Reinhard no albergue para seguirmos pra montagem do palco enquanto a galera matava o tempo até a hora de ir pro cinema.

Seguimos Eu, Sisay e Reinhard para mais uma aventura _ e que AVENTURA!

Chegamos no lugar, começamos a descarregar a van e quando fomos montar os colchões, o chão era um matagal. Reinhard começou a discutir com Mosh, o doidão dono da lona, e por pouquíssimo não saiu porrada. Depois do blá blá blá todo, esperamos Linda chegar poder mediar o conflito. A solução foi pegar areia em algum lugar com o carro da luz para tentar cobrir o chão do espaço do palco. Meu fim de tarde e inicio da noite foi à base de arrancar mato, carregar areia,  botar feno e, ainda pior, não adiantou muito – ainda tivemos que montar 3 alturas de colchões. Bem, hoje era dia internacional do escravo brasileiro. Enquanto isso, a equipe técnica local se entupia de haxixe e cerveja. Já havia escurecido e estávamos nos últimos ajustes. É tarde – hora de sumir daqui.

Chegando no albergue, soube que Gizaw tinha brigado com Linda porque ela tinha marcado uma festa pra depois do jantar e quando chegou a hora, não havia nada, nem sequer música. Resultado – a galera fez a própria festa no salão do albergue. Ouvi também as estórias do cinema e o filme e subi pro famoso ‘banho e cama’. Estou um lixo.

29 de Agosto de 2000

Último show aqui nesta “temporada no inferno’. Madrugar às 7:30h e sair com Reinhard e Sisay para terminar de montar o palco. A galera chega às 8:30h já pra se arrumar para o show.

O show começou às 9:30h sem os mais novos, que ficaram descansando (incluindo Márcia, que resolveu se achar mais nova). Foi um show com versão reduzida e 1h de duração, o que foi bom e dinâmico – até a platéia dessa vez era muito legal. Final do primeiro show, hora de fazer os ajustes para o segundo, que será longo e completo, com excessao de Ilsad e o numero das ‘many weapons’.

Pausa pro almoço que foi ótimo, com direito a gorgonzola e depois, hora do segundo show, com casa menos cheia e platéia mais velha, mas bom bons resultados também. Ufa! ‘Fuparti’!
Claro, começa a chover bem na hora da desmontagem do equipamento. Foda-se, eu quero é sair daqui.

Assim que acabamos de encher a van,  seguimos eu, Reinhard e Sisay para Copenhagen enquanto a galera foi jantar na cantina perto do albergue. Ao chegar na capital, seguir direto para a nova lona para ter uma idéia do que precisa ser feito. Colocamos os colchões para secar e fomos descarregar tudo para a lona do backstage.

Hora de avaliar os futuros pepinos: o PA tem caixas gigantescas, não tem espaço para os músicos, a luz é diferente, o palco é pequeno (pelo menos não é capim alto). Jantamos quando a galera chegou e em seguida, voltei para os trabalhos forçados. Conseguimos chegar a algumas conclusões mas o barão do circo só chega às 9:00h.

Com a chegada do barão,  blá  blá  blá e mudamos o palco de lugar, além da luz, 2 fileiras de arquibancadas que substituímos por cadeiras espalhadas. Já é tarde, estamos mortos e vamos terminar isso amanhã.
Agora me diga, que diabo de dia é esse em que eu madrugo, descarrego a van, monto os instrumentos e equipamentos, faço 2 shows, carrego a van de novo, viajo 2:30h, descarrego a van, trabalho pela noite até às 11h ... tá foda.




30 de Agosto de 2000

Mais um dia de cão. Acordar, tomar café às 8:00h e ir para a lona continuar a montagem de luz e som. às 10:00h começava o workshop da galera numa quadra de ginástica olímpica do albergue, enquanto eu montava os microfones e pedestais nos palcos já definidos. Parada pro almoço e na volta, passagem de som. Depois, continuar a montagem da luz. O warm-up foi na quadra, enquanto resolvíamos os últimos pepinos na lona.

Portas abertas às 18:00h e às 18:30h começava o show. Foi quase tudo bem, exceto pela luz, que eu pedi para Gizaw cuidar, e ele passou a bola pra Aisha que, por sua vez pisou na bola e esqueceu de passar pra técnica de luz do local. Resultado – onde foram para as sombras??? Fuck Fuck Fuck... Eu estou cansado e trabalhando demais pra neguinho dar furo.

Pós show, jantar, banho e quem sabe, cama antes das 23:00h. Tô morrendo de dor de cabeça e já não penso direito.

Obs: a galera ganhou claves novas de malabares do pessoal do albergue pelos workshps (pena que não podemos ficar com os colchões).

31 de Agosto de 2000

Quinta-feira, Último dia em Copenhagen, Café era às 8:00h mas eu dormi até às 8:40h e às 9:00h corri para a lona para conferir os instrumentos para o show que comecava às 10:00h. A casa estava lotada de crianças e desta vez as sombras chegaram na hora certa. A acrobacia é que saiu meio capenga por causa da música – Naná mais uma vez nos atropelou. Fim de show com direito  à  dança final e retorno ao palco pro ‘alê hey!’ Hora do corre-corre para desmontar tudo e carregar a van e o ônibus com nossa bagagem, pois temos que sair às 12:30h.

Almoço no próprio ônibus e depois de +ou- 1h e meia de viagem, chegamos ao porto onde entramos num grande ferry boat com ônibus e tudo. Super luxuoso, viajamos por 2h e meia e passamos por diversas ilhas bonitas. Chegamos na cidade de Alhus, onde nos apresentamos pela primeira vez na Dinamarca, e seguimos viagem com o ônibus por mais 2h até a cidade de Àlborg. Depois do jantar, fui conferir o palco.

O show é num anfiteatro bem bonito, aos fundos do museu de arte moderna. Acho que vai ser bom. Voltei com a van pro albergue onde tomamos banho e tivemos reunião de lideres para discutir os próximos dias. Jogamos um pouco de sinuca e  à s 23:00h fui para a cama pois  amanhã madrugo às 6;00h para montar o cenário e o som pro show das 9:00h.

Que o sol esteja conosco.
-dia sem personagens
01 de Setembro de 2000
Último dia do verão dinamarquês. Já estamos no centésimo quinto dia aqui na Europa e a vida é duríssima. Hoje, acordei  à s 6:15h e  à s 6:30h fomos eu, Sisay e Reinhard montar o placo pro show das 9:00h. Desta vez, montamos o cenário completo, mas nem tanto o som – tive que improvisar com os poucos microfones que tínhamos. A galera chegou um pouco antes das 8:00h.
 
O show começou com platéia lotada de crianças com roupas coloridas de verão e o sol bem na minha cara. Botei a galera do lado amarelo para tocar de óculos escuros. A mesa do dandys, que foi soldada ontem, hoje já começou a partir outro pé, mas o show foi bom e completo, com direito  à  Ilsad levitando e tudo o mais.

Fim de show, a galera foi visitar o museu e eu fique com Sisay para trocar a mesa de som por uma maior. Depois, seguimos prum almoço com cheiro e gosto de comida queimada.

Quando voltamos para o anfiteatro, o vento começou a derrubar a estrutura do cenário e ficamos tentando controlar até já ter platéia entrando para a arquibancada. O show da tarde começou com vento mas correu numa boa, sem desmoronamentos. A platéia -menos cheia mas boa e quente.

O show acabou por volta das 15:40h e tivemos que desmontar tudo e guardar no museu, o que significa que  amanhã teremos que montar tudo de novo. Depois, eu, Lua, Baba, Nina e Julia fomos dar uma volta pelo centro, enquanto esperávamos pelo horário do jantar, que foi bem melhor.

Pegamos o ônibus de volta para o albergue. Alguns assistiram Bruce Lee, outros jogaram sinuca. `Às 10:00h começou a sessão de filme de terror e eu fui pra cama e aproveitei para ouvir o CD da banda do Dinamarquês da luz e do som dos últimos shows de Copenhagen. Muito legal! Ele também se amarrou na Crac! Acho que é um bom contato de intercambio. Já fui.

02 de Setembro de 2000

Último show na Dinamarca. Acordar mais tarde,  à s 8:30h pro café das 9:00h num lugar fora do albergue. Café do bom: iogurte, granola, suco, pães, presunto.

Márcia ainda está com furúnculo . Depois do café a galera foi para a piscina e eu voltei com Sisay e os que não queriam nadar para o hotel. Eu e Sisay ficamos esperando Reinhard acordar para seguirmos para o museu para montar o palco.

Hoje é dia de chuva intensa. Parece que o verão nem nunca passou por aqui. Reinhard acordou pensando que não estávamos mais lá e se picou para o museu! Quando a gente se deu conta, ele já tinha FUPARTIDO. Nada a fazer a não ser esperar.

Ao meio-dia, Mixa (o motorista do ônibus) apareceu para pegar a galera do albergue para o almoço e eu e Sisay fomos direto para o museu. O show havia sido transferido para um saguão do museu por causa da chuva. Montamos o cenário reduzido.

O show começou bem mas no meio da performance dos Gana o som parou. Corre-corre nos bastidores e eu voltei pro palco pra tocar com Asis ao vivo uma substituição para a trilha. Tocamos até o meio da levitação, o som voltou e parou de novo e tocamos até o meio dos Ganas com Abbi. O som voltou e o show seguiu como normalmente. A acústica do lugar era muito boa, o que ajudou bastante. Márcia, que pocou o furúnculo depois da piscina, também fez o show. Estávamos cercados por uma exposição de fotos de pessoas mergulhadas num rio só com a cabeça de fora.

Fim de show, desmontar tudo e botar na van e seguir para o jantar. Incrível! Feijão, arroz e galinha assada com direita  à  sobremesa de bolo e refrigerante de despedida. Durante o jantar, ensinei um pouco de português para Li Chao Hue, que jurava que vai pro Brasil e eu sugeri que ele podia dar aulas de Kong Fu..

Volta pro albergue debaixo da mesma chuva de todo o dia e é hora de banho e arrumar a bagagem para amanhã cedinho. Eu e Nina conseguimos fazer o diário juntos de novo.

Acontecimentos do dia:
Eric (Gana) se afogou e Lua, junto com não sei mais quem, salvaram o maluco.
A substituição emergente da música mecânica pela acústica.
As aulas de português para chinês
03 de Setembro de 2000

Mais um dia internacional da escravidão brasileira. Acordei  à s 5:00h  e saímos eu, Sisay e Reinhard com destino  à  Alemanha. Estrada vazia, 120km por hora, 2 paradas em postos de gasolina, passaporte na fronteira, café de suco e biscoito e 7h depois, estávamos em Herford (easy like Sunday morning).

Às 12:30h, descarregar a van e, enquanto os funcionários terminavam de montar o palco, fomos almoçar em um restaurante. É sempre bom comer na Alemanha. Me entupi de alho por causa da gripe que me cerca. De volta ao teatro galpão, é hora de montagem – colchões, bambus e tecido (só o do fundo), palco dos músicos (só de um lado), luz, etc.

A galera chegou por volta das 18:30h, hora de lanchar, warm up e passagem de som. O show começou com Baba e Fábio com a platéia que não foi submissa  à s exigências dos palhaços. Também, a maioria era de adultos mais para idosos. `Às 20:00h, Chan Hao entra em cena. Apesar da trip pesada, o show rolou numa energia boa e os nossos números também foram muito bons. Acho que Julia se esbarrou em Naná e o mesmo não participou da ultima dança por causa do pé.

Fim de show, desmontar tudo , botar na van (desta vez, com ajuda da maioria) e seguir pro jantar – o mais farto até hoje. Como é bom comer na Alemanha!  ... e seguir para o albergue – uma casa incrível só para a galera! Pena que é só para passar a noite.

Durante a noite, mais pepinos das 1000 faces – mais uma crise de Márcia por causa de Wa e com o seu “gueri” Chan. Depois de muito blá blá blá, enchi o saco, disse que estava cansado do dia e fui dormir, com direito a uma cerveja e um cigarro antes, em companhia de Lua, Nina e Gizaw. Agora quem vai proibir esse relacionamento conturbado sou eu. Chega de novela mexicana.

Acontecimentos:

·      Reinhard derruba uma grade de luz em cima dos meus instrumentos. Sorte que os saxofones se salvaram. Foi gongo torno, mar morto, cretino banguelo, flauta troncha, cenário desmontado e por aí vai;
·      As comidas daqui;
·      Márcia com eterna crise chamada Chan da China;
·      Um teatro de frutas na rua;
·      Uma exibição de instrumentos de água, PVC e metal a la Smetak também na rua;
·      Eu e minhas malas gigantes da van pro ônibus e do ônibus pro hotel. Já estou com 5: a gigante, a das câmeras, o soprano, o alto e a tipo mochila.
·       
04 de Setembro de 2000

Mais um dia de viagem. Acordar  à s 9:00h pro café (alemão) e arrumar as coisas para sairmos  à s 11:00h com direito a muitas frutas catadas do pé. Às 12:00h tivemos a primeira parada do xixi e eu aproveitei para ligar para Dena, pois hoje é aniversario dela. Seguimos viagem e +ou-  à s 14:00h estávamos em Frankfurt para pegarmos Anselmo e Ana que chegaram cedo desta manhã de chuva.

Chegaram bem, conheceram logo de cara Hassan, Yasmin e Chan Hao e seguiram conosco no ônibus dos 1000 malucos. Acarajé, biscoitos, jornal, vídeo e noticias da terra. Paramos depois de mais 1h e meia de viagem para almoçar numa Mcdonalds e seguimos viagem chegando na Suíça 9h depois de nossa saída. Destino, a cidade de Lusern, 100 km depois da fronteira.

Chegamos no albergue e fomos direto para o jantar. Depois, dividimos os quartos. Depois do banho, uma cervejinha com Serrat, Ana, Lua e Nina. Julia com Leonel e tios pra lá e pra cá. Já é hora de ir pra cama.

Acontecimentos
·      Chegada de Serrat e Ana;
·      Os parentes franceses de Julia

05 de Setembro de 2000

Pensei que era dia livre. Acordei  à s 9:00h, tomei café às 9:30h e  à s 10:00h já estava sendo convocado pro set up no teatro (eu e Sisay, é claro). Do teatro não saí mais. Colchões, cenário, instrumentos, luz, programação, um almoço fuleiro de sanduíche e acabei só saindo do teatro  à s 23:30h, morrendo de fome, rondando pela cidade em busca de um lugar pra jantar.

A cidade é linda, o teatro, maravilhoso, mas o pique, mortal. Não vi nada e nem ninguém a não ser trabalho o dia todo. 13h sem pausa. Uma carona de volta ao albergue às 00:15h, banho e cama.

Obs:
·      O teatro só tem um ano de inaugurado, com equipamento moderníssimo e lugar para 777 pessoas.
Acontecimentos:
·      A falta de contato com o meu grupo e Anselmo e Ana que acabaram de chegar.

06 de Setembro de 2000

Dia do nosso primeiro show aqui na Suíça. Café  à s 9:00h e saída para o teatro para terminar de montar a luz e colocar as cortinas da boca de cena. A galera que pensava que iria ensaiar ou aquecer acabou tendo que espalhar pela cidade para procurar Sum Bo e Chan que haviam desaparecido. Por falar na cidade, fomos caminhando do albergue ao teatro e pude ver quão linda ela é durante o dia, com sua muralha medieval, rio de águas cristalinas de neve derretida, pontes de no mínimo 500 anos com suas historias pintadas no teto e muitas flores.

Assim foi a manha até a hora do almoço. Depois do almoço já era quase hora do show, que começava às 14:00h. Roda com as 1000 Faces completas e Anselmo e Ana na platéia. O show teve lá suas falhas de som e luz. O mini-disc quebrou no meio do ‘Angry Girl” e a programação da luz teve umas trocas de ordem, além das 1000 sombras no fundo, mas tudo bem.

Final de show, Anselmo gostou das alterações – um alivio para os Bahios – e voltamos pela muralha da cidade com direito a subir nas torres e tirar fotos. Chegando no albergue, cervejas, papo e cama.

07 de Setembro de 2000

Café  à s 9:00h e estudo com Márcia, Neném e Baba até o almoço. Anselmo esta entusiasmado com Yasmin e está tentando levá-la para Salvador. No almoço, Raquel com a cara inchada por causa de Íon que resolveu romper tudo e se preparar psicologicamente para voltar para a china.

 à  tarde, as meninas desceram cedo para a cidade para comprar coisas para a festa surpresa do aniversario de Gizaw. Nós seguimos  à s 14:00h de ônibus pro teatro. Alguns ensaios e enrolações com Gizaw enquanto uns preparavam a festa. Enquanto isso, também mudamos as luzes do fundo pra galera transitar sem fazer as 1000 sombras durante o numero.

Hoje, Anselmo filmou o show das 20:00h  à s 21:30h  e foi tecnicamente bem melhor. Depois foi jantar e volta ao albergue. Ficamos eu Serrat e Ana num bar perto do rio. Comemos e bebemos como turistas. Na volta, na chuva, ainda paramos num bar de uma portuguesa e tomamos a saideira ao som de banda Eva??, lendo sobre Glauber rocha e conversando sobre o que será o próximo espetáculo de fim de ano. Como é bom estar na Suíça!

08 de Setembro de 2000

Dia livre. De manha, sai com Sisay atrás de lojas de música para ver microfones e DI boxes. Rodamos toda a cidade e encontramos as lojas mais baratas. Voltamos pro almoço e de tarde, fui com Gizaw comprar o material. A galera passou todo o dia e noite ensaiando o espetáculo que a gente leva daqui pro Brasil.

Mais tarde, filmes classe Z e Anuk reaparece pra nos ajudar na luz do show de domingo. Reinhard Fupartiu.

09 de Setembro de 2000

Hoje é dia especial. Depois do café, fomos todos a um passeio turístico nos Alpes bem perto da neve a 2.160m de altitude. Maravilhoso, inacreditável, inesquecível. Baba foi o único que perdeu esta trip.

Passamos todo o dia entre montanhas e cavernas bem perto do céu. Tirei mil fotos e não pude filmar, pois a câmera enguiçou ontem – problema.
Volta com direito a sorvete, coca e cerveja. Banho e diário de bordo com Nina. Daqui a pouco ligo para o Brasil. Amanhã we finish Suíça e segunda-feira Fuparti Alemanha.

Obs: acabei de ganhar (todos nós) bonecos indianos de Ilsad. Já estamos caminhando pro fim, com choros, velas, boneco de fitas amarelas e eu penso no nome deles e delas...

10 de Setembro de 2000

Domingo, Último dia de show em Luzern (Suíça). Pela manha, depois do café, seguimos eu, Baba, Fábio, Ilsad, Sisay, Anuk, Anselmo e Ana para o teatro para remontagem do cenário. Acabamos a montagem  à s 11:45h e às 12:00h a galera chegou.

O almoço era lá mesmo no teatro, comida chinesa para variar. Depois, warm up e show, que rolou bem legal e, graças a Anuk, a luz saiu colada. Na platéia, pessoas ilustres: A família de Reinhard e Anuk, Nathalie e sua família (hoje ela nos contou que o pai de Hatu havia falecido na semana passada) e Ives, que também esta por aqui – gente de itapuã!

Show encerrado, botar tudo na van com a ajuda de todos. No meio dessa estória, dei uma fugida pro comercio turístico local pra comprar lembranças pra galera do meu Brasil, afinal, estou no lugar mais lindo que já estive aqui na Europa até hoje. Pena que é caríssimo.

Volta pro albergue para arrumar as malas, fazer a grande reunião de lideres das nações e até que conseguimos cada um falar algo em suas línguas temporárias.

Não me lembro muito mais. Falta pouco.
11 de Setembro de 2000


Dia de viagem. Acordar, tomar café e partir para a Alemanha  à s 11:00h. Destino – Colone (Köln). Depois de 9h de viagem com algumas paradas pra xixi, sanduíches de peito de frango, tapas de Wa na cara de Chan por ter falado com Márcia que, por sua vez, teve que ser regulada para calar a boca, pra não piorar a situação.

Chegamos na cidade e rodamos feito perus tontos até acharmos o circo que ficava na beira do rio Reno e tinha uma grande estrutura de lonas e trailers.

Já era noite quando descarregamos o material e guardamos nossas coisas nos trailers. Eu segui para a lona para ver o que tinha que ser adaptado – e haja adaptação! O picadeiro é redondo e pequeno e tem umas estruturas no fundo que têm que sair. Os músicos vão ter que tocar em cima,  à  la picolino, além de outras milongas mais.

Hora de jantar. No cardápio, frios, e Gizaw exigiu algum prato quente para mais tarde. Eu, na verdade, nem quero. O resto da noite foi de papo e a saudade que já bate pesado. Eu, Anselmo, Paolo (que chegou  à s 23:00h), e Ana saímos em busca de uma cerveja perdida.

12 de Setembro de 2000

Dia do primeiro show em Colone. Acordar e, já que o placo estaria ocupado até às 16:00h, dar um passeio turístico pelo centro, com direito  à  grande catedral e a compra de livros. Encontramos o grupo dos chineses no meio do caminho e já morremos de saudades antecipadas. Li, Ian Jawo, Sum Bo, etc.

Voltar para almoçar no circo e  à  tarde, Reinhard liberou parte da grana dos cachês pra galera que quiser comprar as ultimas coisas. Lá se vai o povo para a segunda volta de compras. Eu fiquei para acelerar o processo da montagem e comprei umas besteiras por lá mesmo, coisas de circo (malabares, palhacinhos, etc.)

Começamos a montagem  à s 4:00h e, quando nos tocamos já era quase 7:00h e a galera do som não tinha montado nada. Resultado : enquanto a platéia entrava, eles botavam os microfones. O show começou sem passagem de som e com os monitores desligados. Tudo bem, já estamos bem perto do fim. Depois do show, eu, Serrat, Anna, Paolo em busca de uma cerveja perdida e conversar sobre a ida ano que vem para Barcelona e a possibilidade da ida para a França.

O resto foi cama.
13 de Setembro de 2000

Últimos shows da turnê. Finish! Com direito  à  1a Dama recebendo flores de Yasmin no 2o show. O 1o foi  à s 10:00h e óbvio que foi um lixo. O 20 foi bem melhor, com espírito de final, com trocas de figurinos, batucadas e tudo o mais. Agora é arrumar tudo de verdade. Alguns dos colchões vão para Aisha, eu fiquei com alguns instrumentos, bambus, Fuparti.

Jantar, confraternização, pizza, camisas 1000 Faces, malabares para todos, agora acabou de verdade. Hoje  à  noite, burkinas e Bahios colocam as coisas na van, o que durou até a meia-noite. Antes de tentar dormir às 3h que me faltavam – despedida dos chineses. Li e Yan me abraçaram e choraram e soluçaram - eu idem. Nos três em pé, abraçados, chorando durante uma hora de relógio. Agora amo essas pessoas e o que mais me dói é que nunca mais as verei, ou sequer falarei.

Respirar fundo, lavar o rosto, tentar ir pra cama descansar. Perto das 3:00h, gritos de Wa acordando Gizaw! Ela viu Julia saindo do quarto de Li pela janela (Márcia também). Corre-corre procura-procura e encontro. Tive que partir  à s 3:30h da manha com a pior imagem da melhor pessoa do grupo: Li se deitando no chão para apanhar de pau e depois, ser colocado numa posição bizarra de castigo pelo resto da madrugada.

Adeus, meu amigo. Te espero no Brasil, caso você resolva abandonar sua cultura pesada. Te amo. Me perdoe por ter te dado a chance de conhecer carinho, compreensão, amor. Uo ai ni.

14 de Setembro de 2000

São 3:30h e fomos eu, Gizaw e Sisay na van e Reinhard no carro preto com os burkinas. Chegamos no aeroporto de Amsterdam  às 6:40h. Corre-corre e problemas nas passagens, problemas com excesso de bagagem, quase perdendo o vôo. Reinhard voltou para Colone para despachar Serrat e Ana e trazer o grupo do Brasil.
Resolvido o pepino burkina que resultou neles deixando algumas malas para trás, seguimos pro escritório de Lucian para pegar o resto do material e redistribuir as bagagens. Depois de tudo arrumado, pausa pro almoço e se mandar pro aeroporto.

A galera chegou com Reinhard um pouco depois d’agente e escaparam por pouco da barreira nas estradas por causa do preço do combustível. Depois de certa luta, conseguimos a liberação do excesso de peso. Comemos algo e embarcamos. Tchau Gizaw, Tchau Reinhard e Lucian. Agora acabou mesmo.

Em Londres, mais problemas. A bagagem só havia sido liberada até aqui e tive que chorar muito até que surgiu o cabeça da Varig de Londres, Mr Alfonso, e nos deu carta branca. Ufa! Agora só em São Paulo. Já estamos num avião da Varig, o que significa que já estamos em território brasileiro. A gente sente no ar.

15 de Setembro de 2000

Acordar todo doído e rezar para chegar logo. Não tivemos muitos problemas até o final da viagem com direito a grandes recepções no aeroporto. Anselmo e Ana chegaram 15min depois. Feijoada no circo para todos, jornal e tudo o mais.

Agora é tentar voltar à rotina e sei que nas próximas noites sonharei bastante com nossos amigos deixados pelo caminho.


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