Peu Sousa

Há 20 anos atrás, conheci um garoto de 15 anos no estúdio onde a Crac! ensaiava no Rio Vermelho. Chamávamos ele de 'o filho de Luizão' (Luizão Pereira), porque ele vivia grudado no cara para aulas de guitarra. O carinha parecia uma esponja, absorvendo informação o tempo todo como se fosse um bebê que ainda tem o computador da cabeça cheio de espaço para ser preenchido.

Estava sempre colado, fazendo trabalhos de roldie pra o Cravo Negro, de Luizão, e a Treblinka, da qual eu fazia parte no início da década de 90.

O tempo foi passando e o menino virou um guitarrista de verdade. Quando ví pela primeira vez a Dois sapos e Meio tocando na Pituba, aquilo me fez feliz!

Pelas coincidências da vida, acabamos por tocar juntos na mesma banda por alguns anos. O trabalho solo de Luis Galvão, dos Novos Baianos me deu a oportunidade de conviver com o Peu rescem-adulto mais de perto. Bem diferente do menino que comia tudo com os olhos, mas ficava la quietinho no canto, ele agora era extrovertido, extravagante alegre, brincalhão, muleque, etc... Era também papai, com a chegada de Ananda.

Primeira formação da banda de Galvão. foto de Mãrcio Lima
Foi bem divertido tocar com Peu e as gangs que ele montava pra acompanhar o querido amigo Galvão. Pude também tocar com pessoas queridas. Algumas com quem já tocava em outras bandas, como Amadeu e Tamima e Pitty. Outros que conhecia mas não havia comparilhado palco, como Mariella, Andre Lubba, Charles, LF, Emanuelle e Mauro. Outros amigos, só fui conhecer através da banda, como Clarissa e Patrícia e Didi. O Tempo passou e surgiu a oportunidade dele se mandar com Pitty pro Rio.

Um par de anos depois disso, me mudei para a Inglaterra, onde vivo por 9 anos. Foram nove anos sem vê-lo, a não ser por fotos nas mídias sociais, ou ouvi-lo, a não ser por gravações. Agora sei que ele se foi e que jamais poderei voltar a vê-lo. Que coisa mais esquisita!

Que coisa mais esquisita é a morte...queria poder dizer alguma coisa pra familia, pros amigos, pra mim mesmo. Escreví este post por não saber o que dizer.

Descance em paz, Peu.


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