Inside-Out Em Português



Inside Out(De Dentro Para Fora) traz os sons internos do corpo humano para os nossos ouvidos. Em uma vida urbana contemporânea diária coberta por paisagens sonoras barulhentas, geralmente esquecemos que soamos. No entanto, tais vibrações refletem o mais puro significado da vida. Nesta performance ao vivo, eu estou expondo os sons do meu corpo para o público. Os sinais de audio captados do meu corpo são enviados simultaneamente para os alto-falantes e microcontroladores. Os sons do meu  corpo não só se tornam audíveis mas também passam  a ser a força que estimula motores elétricos que, por sua vez, tocam instrumentos musicais ritualísticos. Subliminarmente em retorno, a sonoridade criada inicialmente pelos sons do meu corpo acaba se tornando o meu indutor de meditação. Como resultado, os sons passam a interferir no seu próprio processo de criação ao influenciar o meu batimento cardíaco e respiração.

Elementos corporais

Uma variedade de rítmos  pode ser criada à partir de exercícios e técnicas de respiração, o que por sua vez, também manipula o batimento cardíaco.

A área da garganta, quando cuidadosamente estimulada, também pode produzir harmônicos ricos. Esses sons, porém, não pode ser produzidos em voz alta. Isso, eu chamo de “cantar interno ", e costumo praticar logo de quando  acordo de manhã como um aquecimento vocal.

Os sons do aparelho digestivo são muito difíceis de prever ou controlar. No entanto, fazendo jejum ou se alimentando em demasia  normalmente ajuda na obtenção de sons captáveis pelos microfones.

Os sons do corpo, uma vez traduzidos em sinais elétricos, passam a servir de referência para que microcontroladores impulsionem motores e lâmpadas. A tração dos motores é usada para tocar instrumentos como gongo, berimbau, harpa, e efeitos de percussão que, combinado com os sons ao vivo do corpo, geram uma sonoridade mântrica que se assemelha às de rituais xamânicos.

Exteriorização / Tecnologia

Ao tentar encontrar uma maneira de amplificar sons internos do corpo, acabei por desenvolver um híbrido entre um estetoscópio e um microfone.

Em Inside Out, eu uso 2 microfones estetoscópicos - um ligado ao meu coração, e outro para minhas entranhas. Sons de respiração e garganta são capturados utilizando um microfone conectado a uma máscara de oxigênio. Todos os sons são, transportados para uma mesa de som e dalí, ao sistema de PA.

Ao mesmo tempo em que a dinâmica do meu coração controla intensidade do brilho de duas lâmpadas, o sinal enviado pelos sons de respiração iniciam motores DC para a produção de sons dos instrumentos musicais. Aos poucos, o foco de som passa para os vários objetos dispostos. As luzes então passam a ser a única referência ao som do batimento cardíaco. A nova sonoridade eletromecânica surge! Escondidos atrás de sua existência, os sons do meu corpo estão de volta ao anonimato, apesar de serem o motivo da paisagem sonora restante.

Influenciado pelos trabalhos de Murray Shafer, John Cage, Glennie Evelyn, Walter Smetak, Lucier Alvin e Stephen Barrass, o projeto INSIDE OUT envolve arte, medicina, música, psicoacústica e robótica. As idéias foram desenvolvidas durante um ano de pesquisa nas relações entre som e saúde para minha dissertação final no curso PAVA da Universidade de Brighton, enquanto trabalhava a tempo parcial hospital Infantil Alexandra Royal Children’s Hospital cuidando da limpeza concorrente e terminal da ala pós operatória e, consequentemente, coexistindo com numerosas máquinas sonoras de vigilância do corpo humano.

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